Páginas

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

ENCONTRO COM A SÉTIMA ARTE

O cinema é uma arte muito amada e popular desde a sua criação. Inventado pelos irmãos Lumière em Paris, o cinema hoje tem mais de um século de história e nesse período passou por inúmeras transformações: de mudo para falado, de preto e branco para colorido, da película para o digital e o atualmente popular 3D. O nome veio do “cinematógrafo”, o primeiro equipamento usado para filmar e fazer projeções.

Com a peculiar necessidade humana de classificar as coisas e o costume de escritores e jornalistas tomarem mão de eufemismos para enriquecer seus textos, tornou-se muito comum denominar o cinema de “a sétima arte”. Segundo consta na Wikipédia: “O termo foi estabelecido por Ricciotto Canudo no ‘Manifesto das Sete Artes’, em 1912 (publicado apenas em 1923)”. E, ainda segundo a Wikipédia, as demais artes estariam classificadas da seguinte forma:

    1ª  Música (som);
    2ª  Dança/Coreografia (movimento);
    3ª  Pintura (cor);
    4ª  Escultura (volume);
    5ª  Teatro (representação);
    6ª  Literatura (palavra);
     Cinema (integra os elementos das artes anteriores mais a 8ª e no cinema de animação a 9ª).

Outras formas expressivas também consideradas artes foram posteriores adicionadas à numeração proposta pelo manifesto:

    8ª  Fotografia (imagem)
    9ª  Desenho Animado (cor, palavra, imagem)
    10ª  Jogos de Computador e de Vídeo;
  11ª Arte digital (artes gráficas computorizadas 2D, 3D e programação).

Existem outras listas que incluem, por exemplo, a arquitetura e também a televisão, mas o cinema segue realmente soberano influenciando gerações e até mesmo contribuindo para ciências como a antropologia ou a própria história. Existem documentários que nos permitem até hoje ter uma ideia bastante exata do fascínio das massas, num só exemplo, por Adolf Hitler, como foi registrado por Leni Riefenstahl.

A formação de um artista é algo subjetiva e pressupõe o ensino adequado, específico e competente de sua arte. Porém, a maioria dos grandes e consagrados ícones da área afirma ser fundamental que o aluno tenha também uma boa ideia, ao menos introdutória, sobre todas as outras formas de expressão artísticas. Os exemplos dessa prática são inúmeros, vide o belíssimo filme francês “Todas as Manhãs do Mundo” em que o professor Sainte Colombe leva seu aluno de viola Marin Marais a conhecer o atelier de pintura de um amigo. Lá inúmeras comparações são feitas e paralelos traçados entre a arcada da viola da gamba e a pincelada do óleo sobre a tela.

 
Dentro desse espírito de introdução à sétima arte e de acesso democrático à cultura, o projeto Canto na Escola promoveu esta semana o último passeio de 2012 levando seus alunos a uma divertida sessão de cinema. São crianças e adolescentes da Serra-ES que raramente têm a oportunidade – se é que muitos já a tiveram – de assistir a um filme numa sala de exibição cinematográfica. O passeio aconteceu no Shopping Laranjeiras e, como nem tudo é perfeito, a “película” escolhida por todos foi o capítulo final da saga “Crepúsculo”. Entretanto, a diversão - objetivo básico da iniciativa - foi garantida, com direito a refrigerante e pipoca para todos.

 
O projeto Canto na Escola atualmente atravessa um período crítico em sua história - por ironia, tão elogiada pela mídia neste ano de 2012. Em dezembro tem fim o apoio de seu principal parceiro, a ArcelorMittal Tubarão. Toda a comunidade está apreensiva perante a probabilidade desse retrocesso, simplesmente porque, não havendo mais o Canto na Escola no ano que vem, em torno de 300 jovens ficarão novamente excluídos do ensino da música com qualidade. Nesse momento acontece a tentativa de sensibilizar a futura gestão da Prefeitura da Serra no sentido de viabilizar o mínimo para manutenção do projeto, afinal um interesse do poder público.

Não é nossa intenção fazer comparações sensacionalistas ou seguir o raciocínio lugar comum relativo a esse tipo de ação cultural. Porém, no amor à música e na guerra à ignorância vale tudo. Sabemos muito bem, e a mídia eventualmente retorna ao assunto, que um apenado custa muito mais ao Estado (aproximadamente o triplo) do que um aluno na escola normal; dentro do projeto Canto na Escola custa ainda bem menos. Meditemos então no efeito e na importância dessa ação através do depoimento publicado em nosso blog por Lucas Pereira de Queirós:

“Parabéns por esse lindo projeto, que tive a honra de participar por nove anos desde quando não tinha o nome de Canto na Escola ainda. Tenho certeza que grande parte do meu caráter, cultura e conhecimento de mundo foi formado por vocês. Se o Canto na Escola abrangesse muito mais escolas, principalmente em bairros periféricos o custo que o Estado tem para manter centro de recuperação para menores infratores seria bem reduzido”.