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segunda-feira, 25 de maio de 2009

SILENCE MEANS DEATH VENCE SELETIVA NACIONAL!


A capixabíssima Silence Means Death acaba de vencer a seletiva nacional do Wacken Metal Battle 2009 e vai representar a grande nação do metal brazuca, na festa de vinte anos do tradicional festival de verão Wacken Open Air.


Na seletiva realizada ontem, 24 de maio, na casa de shows Século XXI, no Rio de Janeiro, a banda foi escolhida pelo júri deixando para trás dez outros concorrentes de todo o Brasil.


O Silence Means Death é formado por Gabriel Santório (voz), Alexandre Guerra (guitarra), Victor Haratani (baixo) e Dodas Bianchi (bateria). Para conhecer o trabalho da banda acesse o MySpace em www.myspace.com/silencemeansdeath.

O Wacken Open Air (W:O:A) É um dos principais festivais de verão realizados ao ar livre e é totalmente voltado para o Heavy Metal. Acontece anualmente na pequena cidade de Wacken no norte da Alemanha e tem público médio de 70 mil visitantes, atraindo fãs de todas as vertentes do metal ao redor do mundo.

O festival acontece no último fim de semana de julho e já está com todos os ingressos esgotados desde o dia 30 de dezembro (!) o que estabeleceu um novo recorde de vendas. No quebra-quebra desse fim de semana setenta bandas se apresentam ao longo do evento, dividindo-se em quatro palcos diferentes.

Pode comemorar capixaba, levante esse moral! Demora, mas nóis coisa!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

O DEADLINE DOS TROUXAS


Esta semana eu estava pesquisando sei lá o que, quando acabei batendo outra vez no site Intervenções Urbanas - IU. A primeira vez que o visitei foi por conta de uma reportagem sobre a Lei Rubem Braga e percebi que se tratava de um espaço voltado para a divulgação da produção cultural local, especialmente a atual e de um segmento bem específico. Nada contra essa segmentação, mesmo porque, estavam ali reunidas algumas das “coisas”, enquanto pessoas, mais interessantes que surgiram por aqui nos últimos tempos como a Revista Quase e a música da Banda Solana.


Mas fuçando o conteúdo do Intervenções Urbanas me deparei com vários escritos de músicos e profissionais de diversas áreas e resolvi, como diriam os(as) Muquecas, me jogar na leitura. Parei primeiro no Daniel Furlan, porque sempre o achei engraçado, lembra meu amigo Cello Man, cujo humor me lembra Woody Allen, uma veia incomum pra fazer coisa séria soar como piada. Vale a pena ler especialmente suas considerações sobre o barraco que rolou com a Banda Casaca e um outro colunista do site.


Muitos textos me encantaram, especialmente os contos eróticos da Madame D’eu, os quais recomendo com veemência - e demência - para aqueles que andam meio desanimados. Na maioria do que está publicado nota-se a preocupação do artista local em entender seu universo, obter reconhecimento, conseguir sobreviver de sua arte e até descobrir o que é ser capixaba. A maioria fala mal de misteriosas panelas - sejam elas de barro ou não - outros demonstram que já estão militantemente enfiados em alguma, mas que não gostariam de serem taxados de paneleiros, ainda mais com a conotação lusitana da coisa...


Gostei da maioria dos textos, porque vejo que o bolo de gente que discute a cultura local cresceu e o nível da discussão está subindo. Quanto mais gente estiver pensando esse universo, traduzindo suas questões em palavras escritas, mais chance vai haver de solucionar nossos mistérios. Finalmente a comunidade artística local está deixando de apenas reclamar do caos absoluto, para, em uma fase mais amadurecida, meditar sobre suas questões fundamentais.


Como não poderia deixar de ser, em alguns textos achei assunto para tecer dos meus comentários. O músico e produtor Ricardo Mendes, por exemplo, participou da banca que examinou os discos para os editais da SECULT no ano passado e disse que de sei lá quantos projetos só 11 tiveram a documentação aprovada. Na mesma balada puxou a orelha da rapaziada que reclama das coisas, mas não tem organização e são desleixados. Quero contar uma historinha então, não pra defender a incompetência de nossos irmãozinhos, mas pra mostrar que tem hora que as coisas não são bem assim:


No ano passado eu dei entrada no projeto de um romance no edital de literatura da SECULT. A maioria das exigências eram as de sempre, aliás, determinadas por Lei: fotocópias de documentos pessoais, comprovante de residência, nada-constas, currículo, release, três cópias encadernadas da obra sob uma certa configuração etc. Esse meu livro tem quase quatrocentas páginas e rezava o edital que não poderia ser impresso em frente e verso, faz idéia do calhamaço? Estou lembrando agora que eles determinavam um mínimo qualquer de páginas, 250 talvez. Imagine só restringir o tamanho de uma obra dessa maneira...


Consultei um amigo da SECULT que me convenceu a participar, disse que eles estavam pra mudar os critérios, etc. Lá vou eu correr atrás de tudo nos intervalos do trabalho e meus problemas não se resumiam a isso, nesse meio tempo meu pai estava internado no hospital em estado grave. Pela Internet baixei o edital que, no final, trazia três ou quatro formulários de inscrição. Imprimi tudo e segui por ali: tirei nada-constas, preenchi formulários, fiz fotocópias dos documentos pedidos, preparei releases, currículo, o diabo a quatro. Na segunda-feira vem a desagradável notícia que meu padrinho havia falecido...


... E o deadline era no dia seguinte...


Madruguei na SECULT, que ainda era no centro, com um pacotaço de três andares, mais o envelope contendo meus dados, tudo dentro do figurino. De lá teria que ir ao enterro de meu padrinho no Jardim da Paz de Laranjeiras, depois passar no hospital para ficar um pouco com meu pai e pedir que não dessem a notícia da morte do amigo. Perigava ele ficar pior do que já estava. Cheguei na Secretaria de Cultura oito da manhã e toca esperar. A pessoa do protocolo chegou bem “em dia com o seu atraso”, pontualmente às nove horas e me atendeu como se o seu mundo mágico funcionasse em câmera lenta e a velocidade de quem vivia na realidade fosse coisa de trouxa...


No sábado seguinte meu pai encontraria o deadline dele...


Tempos depois a SECULT publicou o resultado dos editais e, para minha desagradável surpresa, meu projeto havia sido recusado por falta de documentação. Sabe o que tinha faltado? Dentro da enorme lista de documentos exigidos, havia unzinho de letra “I” ou “H” que pedia que o concorrente fizesse um texto afirmando ser ele o autor da obra e assinasse. Esse simples texto, que em nada me custaria ter feito, não constava dos formulários inclusos no final do edital e, em função de tudo o que já escrevi, me passara totalmente despercebido. Sabe quantos inscritos no edital de literatura caíram na mesma arapuca? Mais da metade.


Pensei em recorrer e fui convencido da inutilidade do gesto. Bobagem. Mas fiquei pensando. Cara: se você não consegue tirar um nada consta, tudo bem, vai resolver a sua vida. Se você não tem documentos para comprovar quem é, vamos combinar que até pra viajar em transporte público seria complicado. Mas, simplesmente ignorar três andares de documentação que comprovam idoneidade, cidadania e competência, por conta de uma folha ridícula que não prova nada?! Um papel declarando o óbvio e que poderia ser forjado por qualquer imbecil!!! Cara, se isso não se chama “burrocracia” com todas as letras eu desconheço qualquer outro adjetivo, além de incompetência e má-vontade, evidentemente.


Custava pegar o telefone, ou mesmo mandar um email convocando os inscritos que deixaram de incluir esse simples documento? Se todo o resto daquela complicada documentação estava ok, não seria óbvio constatar que alguma coisa estava errada? Mas não, o mais fácil é desclassificar e pronto. Perdeu malandro, perdeu seu trouxa! Estou lembrando agora que o prazo para inscrição nos editais da SECULT 2009 acabou ontem. Hehehehe. Boa sorte para quem está no páreo. Para terminar, uma reflexão: não basta ter panela é preciso colocar alguma coisa dentro dela. Pega essa riminha e faz uma canção. Quem sabe, juntos, a gente não consegue vencer as forças da ilusão...


quinta-feira, 14 de maio de 2009

É PAU, É PEDRA... É A VIDRAÇA DO VIZINHO


A seguinte frase tem circulado pelos meios eruditos aqui de Vitória, outros nem tanto assim, como uma piada itinerante..


“Minha mulher não parava de ouvir música clássica quando estava grávida. Van Gogh não parava de tocar lá em casa.”


Secretário de Cultura de Vitória (ES)


Consideremos então, a verdadeira fortuna de Beethoven:


Conta-se que um dia Beethoven foi visitar o irmão mais novo, Johann, que a essa altura era um homem rico. Na entrada da mansão, um criado ofereceu-lhe, numa salva de prata, um cartão de visitas onde estava escrito: "Johann van Beethoven, proprietário de terras". O compositor pegou o cartão e, instantes depois, devolveu-o ao criado, após escrever no verso do papel a seguinte anotação: "Ludwig van Beethoven, proprietário de um cérebro".


Citação do Caderno de Música da coleção Folha de Música Online.


O problema do povo Brasileiro é não conhecer a própria história e nisso incluem-se muitos dos “agentes políticos”. Bons - e longe se vão - os tempos em que verdadeiros intelectuais estavam envolvidos no desenvolvimento do Brasil, como o Ministro da Educação Gustavo Capanema que tinha em sua equipe homens que são hoje referência da cultura nacional: Carlos Drummond de Andrade (era seu chefe de gabinete), Mario de Andrade, Villa Lobos, Portinari, Lucio Costa, Vinícius de Moraes e muitos outros.


Falar sem pensar é um problema, aliás, diz o ditado popular que existem quatro coisas que não voltam atrás: a pedra atirada, a palavra dita, a ocasião perdida e o tempo passado. O curioso é que Van Gogh parece ser uma referência nesse tipo de confusão. A coisa de uns dez anos, a socialite Vera Loyola deu uma entrevista nas páginas amarelas da Veja, lotada de gafes semelhantes. Falava exaltada que quando ela queria cultura ia sempre à Paris e que adorava lá visitar o Museu Van Gogh... Que fica em Amsterdã...


À respeito da frase do secretário, achei num blog um comentário interessante: “Ainda bem que ele não ouvia Picasso!” E é verdade. Especialmente Guernica, que deve ser barulhento demais para os bebês em gestação. E, já que o assunto de Van Gogh leva a pensar em Beethoven, por relações de orelhada e audição danificada, diria que, também acho que aquele alemão mal humorado não seria o mais indicado para a ocasião, pelo menos não a íntegra de suas grandes sinfonias... Is too bruto to sing...


Ah! Como é bom destrambelhar ao acaso... Mas as frases são coisas perigosas, especialmente quando as pessoas à sua volta dão importância ao que você fala.


Outrossim, reparem só essa abaixo que é muito famosa:


"Esqueçam tudo que eu escrevi"


(...) «Esta frase eu nunca disse a ninguém. Já perguntei um milhão de vezes: a quem eu disse, onde foi que eu disse, quando? Essa é uma frase montada para me embaraçar. Acontece exatamente o contrário: o que eu escrevi dentro das condições da época, tem bastante validade. Houve uma evolução, em alguns pontos, mas a maneira básica de encarar o mundo continua a mesma.» (...)


Entrevista concedida pelo Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, ao jornal O Globo do dia 24/8/1997. Rio de Janeiro, RJ – 24/8/1997"


Só pra terminar, uma dessas incongruências da vida: naquela abominável novela das índias, o fortão e saco de pancadas profissional Vitor Belfort fez um dixcurso sobre a importância da não violência e coisa e tal, que é, por sinal, uma das características da “teledramaturgia” da Glória (argh!) Peres e logo na cena seguinte dois personagens discutiram por causa de uma mulher lá e saíram na porrada. Se a intenção era dizer: olha isso é certo e isso é errado, não funcionou mesmo. A mensagem que eu percebi foi a seguinte: Paz e respeito ao próximo é só bla bla blá. A violência é que é o movimento que nos traz a abençoada audiência.


Falando em agressão, será que Osmar Prado precisa realmente fazer o tempo todo aquela voz agoniada de foragido do Adauto, surtado e pelado, na Reta da Penha, na hora do Rush? Cracky!


É pau, é pedra... E lá se vai a vidraça do vizinho.


quinta-feira, 7 de maio de 2009

Contos de Terror da Letra Elektrônica - Parte II: Let The Sunshine In...


Tem gente que se pergunta se existe coisa mais irritante do que um poema que não tem rimas? Mas é claro que tem! Ora, muita coisa é mais irritante do que isso. Mas todos têm o direito de perguntar: se não tem rimas, então porque chamar de poema? É como a música sem tonalidade ou a pintura abstrata. Mas o pior é que existem coisas por aí esbanjando poética e que estão longe de serem denominadas poesias.


Experimentamos um sentimento de iluminação quando nos deparamos com um evento poético: pode ser o som do vento balançando a copa das árvores lá no alto, muitas vezes pode ser também o som do silêncio. Mas Edgard não era um sujeito que perdia tempo filosofando a beleza poética de um belo por do sol, ou o gemido involuntário que invadiu seus ouvidos ao conhecer o prazer no corpo de uma mulher estranha. Sua vida era racional e aquela ode ao desespero não tinha rimas, talvez por isso o incomodasse ainda mais. Eram apenas frases e o desenho de um rio seguindo em direção ao mar no horizonte sem fim.


Um rio de dor seguindo tortuosamente para o infinito oceano.

A vida vivida em face da tristeza de perder as pessoas queridas

A sensação de desaparecer do mundo, morrer ainda em vida!

E passar pelas pessoas sem que elas percebam que você está lá.


Como se fosse mergulhar na própria fossa daquela casa amaldiçoada, Edgar, respirou bem fundo e caminhou decidido de volta. Entrou de supetão deixando a porta escancarada e falando bem alto para si mesmo, mas é também como se dissesse para os entes invisíveis que o incomodavam: deixe o sol entrar! Na hora se lembrou do filme Hair, veio à sua mente a música e enquanto andava pela casa escancarando portas e janelas:


Let the sunshine

Let the sunshine in...


Foi até a escada, com um só gesto decidido passou a mão na caveira e falou: Você ouviu seu careca Zé Mané? Deixa o sol entrar... Depositou a estátua de gesso em cima de uma mesinha e rumou para a sala afastando as cortinas e arreganhando as janelas, o sol invadiu tudo revelando um ambiente muito mais empoeirado do que Edgard havia percebido anteriormente, abismava-o o fato de não ter sido acometido ainda por uma de suas crises de alergias.


Agora menos intimidado pela atmosfera de cemitério abandonado, Edgard subiu num sofá e atou a placa anunciando o aluguel pelo lado de fora da janela, amarrou suas pontas na grade suja de pó e teias de aranha. Quando terminou sentiu-se vitorioso, subjugara as forças estranhas que pairavam sobre a casa mal assombrada. O grande derrotado naquela refrega imaginária era seu medo do incompreensível, porque não havia nada ali que o assustasse realmente. Não sabia, nem desconfiava, mas precisava vencer suas nóias de menino que acorda no meio da noite com vontade de urinar, mas tem medo de transitar pela casa às escuras. O pavor incompreensível que às vezes temos de nos deparar com as sombras da noite mesmo quando em pleno dia.


Fechou novamente as janelas e cortinas, saiu fechando tudo que abrira, sua missão estava cumprida com louvor, começou até a sentir fome, seu relógio biológico estivera um tanto quanto ocupado com outras manifestações e nem se dera conta que já passara da hora de ir pra casa almoçar. Voltou para o vestíbulo caminhando distraidamente, procurava as chaves no bolso da calça, achou o telefone celular que, curiosamente, andava quieto naquele final de manhã. Quando já ia fechando a porta de entrada para ir embora foi que se deu conta:


A maldita caveira estava outra vez no terceiro degrau da escada!


Conclui na próxima aparição...


segunda-feira, 4 de maio de 2009

Para Odiar o Dia Dos Namorados


Um tempo atrás li uma crítica no Caderno Dois de A Gazeta que falava sobre um novo filme romântico recém lançado e o autor do texto – não me pergunte mais quem era – classificava o filme pejorativamente como “de menina”. Achei engraçada essa forma casual numa crítica formal, me pareceu tão – como direi? – ingênuo da parte do autor. Lembrou uma matéria que li na Veja em que uma colunista dizia que Olacyr de Moraes estava solteiro e que ele era um gato. Ora, como então classificar Brad Pitt e Gianecchini? Ou da vez que um outro colunista de A Gazeta disse que a música de Guilherme Arantes era brega. Pensei: e agora como é que vou classificar o Reginaldo Rossi?


O que o jornalista chamava de “filme de menina” (ou de mulherzinha, não me lembro mais) nada mais era do que a boa e velha comédia romântica, ou aquele romance rasgado mesmo. A mulherada adora esse tipo de produção, daí a pecha, parece que escolhem seus filmes apenas pelo título, aqueles que tem como “tag” as palavras: Coração, Paixão e, especialmente, Amor. Em uma segunda categoria viriam produções com os “referenciais” Namoro (Namorado, Namorada), Noivado, Casamento etc.


Alguém já parou pra reparar na jogada de marketing desses caras? Separei ao acaso o título de alguns desses filmes pra exemplificar melhor: Amor em Cinco Tempos, Banquete do Amor, Jogos de Amor, Loucos Por Amor, O Amor está no Ar, O Amor Não Tira Férias, O Amor Não Tem Regras, Amor ao Extremo, O Despertar de Uma Paixão, O Som do Coração, Palavras de Amor, Um Amor Jovem, Um Amor Para Recordar e por aí vai...


O iluminado indiano Krishnamurti bem dizia que o amor é uma palavra que precisava ser desinfetada e os marketeiros das distribuidoras de filmes no Brasil deveriam pelo menos tentar ser um pouco menos bandeirosos e mais respeitosos para com esse nobre sentimento. O pior é que a maioria destes filmes não tem títulos apelativos em sua língua original. O Amor Está no Ar, por exemplo, é Ma Vie En l’air, algo como Minha Vida No Ar; O Amor Não Tem Regras é Leatherheads, algo como Cabeças de Couro e O Som do Coração originalmente leva o nome do jovem geniozinho protagonista da história: August Rush.


Por que será que em tudo eles precisam enfiar a palavra amor no meio? Talvez por lembrar daquelas brigas de menino que um começa falar da mãe do outro e esse pra se vingar responde: não mete a minha mãe no meio não senão eu vou meter no meio da tua. Seguindo-se, evidentemente, as bordoadas e escoriações tradicionais. É o amor! Por pensar nisso: como eu adorava as casquinhas dos meus machucados! Vivia futucando a borda delas pra ver se já dava pra arrancar. Cheguei a sentir falta de futucar minhas feridas quando entrei na fase pré-adulta.


Então, para satisfazer a sanha romântica de minha companheira e, confesso, minha curiosidade, baixamos no Kinoplex – porque o Cinemark ninguém merece - pra ver o filme Eu Odeio O Dia dos Namorados. Vejam só que novidade, que coisa original: um filme romântico que ao invés da palavra “amor” tem a referência ao ódio no título! Deve ser menos pior do que a maioria, pensei... Além do mais eu estou no time que acha o Dia dos Namorados um saco, faço parte até de uma comunidade no Orkut sobre o assunto, taí o link pra quem quiser participar:


http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=80110


Dirigido, produzido, escrito e estrelado pela nariguda atriz (comediante?) canadense Nia Vardalos – a mesma que conseguiu algum sucesso com o filme Casamento Grego em 2002 - a história não poderia ser mais clichê e lugar comum, ficamos apenas com uma protagonista que não segura a onda, exibindo um eterno sorriso emoldurado por sua gigantesca nareba. Poucas coisas são mais irritantes do que uma pessoa “felizinha” não é? Depois de três ou quatro cenas já dá vontade de esganar a infeliz, imagine ao longo de um filme inteiro.


Mas se o personagem central é um desastre, os periféricos também não ajudam. Logo de cara aparece um par (casal?) de bichinhas de estimação cuja função na película é única e simplesmente dar um ar mais alegre, assim, mais festivo. O resultado ficou antinatural, lugar comum e, conseqüentemente, sem graça. Depois temos alguns draminhas paralelos que desde que surgem na trama já estão fadados a serem resolvidos com um sonoro final feliz. Não há espaço para surpresas nem bruscas mudanças de direção. O filme é tão caretinha que não conseguiu seduzir nem os corações mais ternos. É isso mesmo companheiro. Até minha mulher saiu do cinema reclamando, mesmo sabendo que estava abrindo um precedente perigoso!


A diretora perdeu a grande sacada dessa história quando mostra levemente o tormento que é para as pessoas solteiras, mas especialmente para os homens, o tal do Dia dos Namorados, nos dá a entender que os machos têm a obrigação de agradar suas companheiras e que sua missão é, portanto, bem mais difícil. Fica a encargo do cara tomar a frente de tudo: levar pra jantar, comprar flores, dizer eu te amo, contratar seresteiros, enfim, o pacote completo; conseqüentemente os homens odeiam esse dia. Seria genial se La Narebonda aproveitasse para falar do amor verdadeiro e de valores mais profundos do que um lindo buquê de rosas, mas aí ela estaria jogando contra o próprio patrimônio, afinal, tudo se resume a tentar seduzir uma certa fatia do mercado.


Pra encurtar a conversa amigos: não dá pra odiar, mas é um daqueles filmes pra se passar bem longe!