Páginas

sábado, 30 de junho de 2012

CRÔNICA DE DOMINGO: QUEM QUER MANTER A ORDEM?

Não sei se existe mais justiça,
Nem quando é pelas próprias mãos.
População enlouquecida,
Começa então o linchamento.
Não sei se tudo vai arder
Como algum líquido inflamável,
O que mais pode acontecer
Num país pobre e miserável?
E ainda pode se encontrar
Quem acredite no futuro...

Esse é um trecho da canção Desordem, do disco Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas, da banda Titãs. Pode ser considerada antiga, foi lançada faz coisa de vinte e cinco anos. O problema é que é bastante atual, dá até medo de ser uma profecia porque nos momentos de convulsão social é pelo terror que a coisa finalmente se resolve. Na escola me ensinaram que os “selvagens” escolhiam os chefes de suas tribos pela lei do mais forte. Diziam que nas sociedades “primitivas” era alçado à liderança o guerreiro considerado mais apto a defender o grupo e assegurar sua segurança.

São vários e cada vez mais claros os indícios de que a população está de saco cheio do Estado Brasileiro que é omisso, comprometido e vem sitematicamente jogando contra. A máquina estatal é um reflexo distorcido desse tempo de egoísmo explícito, de lideranças e liderados medíocres, de especialistas que tentam resolver problemas criando outros piores. Essa semana comentavam na televisão o aumento no preço de vários serviços e o endividamento da população; a culpa nunca é de ninguém e a solução é “apertar o cinto”. Como os jornalistas sabem que é a maior parcela do povo mesmo que vai ter que “assumir a criança” ensinavam a fazer contas, controlar gastos e renegociar dívidas.

Crise é na Europa! O mundo alardeia e comemora um Brasil triunfante, enquanto isso: os supermercados deixaram de fornecer sacolas e para o cidadão comum restou pagar o pato do meio ambiente. Os malucos continuam fazendo barbaridades ao volante, mas o tiozinho que tomou um chope e fez bafômetro parou na cadeia. Somos auto-suficientes em produção de petróleo, mas a gasolina é cara e o governo acabou de aprovar um novo aumento. As ruas estão cada vez mais cobertas de estacionamentos “rotativos” e as avenidas de radares e as pontes e rodovias de mais e mais pedágios.

Existe um circo armado para gerar renda para o Estado que teoricamente deveria proteger a vida, mas não o faz. Deveriam então considerar a importância de um verniz de equilíbrio financeiro para a família brasileira e isso muito menos acontece. Num cenário destes a criminalidade acaba virando alternativa e aí todo mundo reclama: a polícia reclama que prende o bandido e a justiça solta, o judiciário reclama que não dá conta do número absurdo de processos e todos reclamam que as cadeias estão superlotadas. Então existe alguma coisa muito errada nesse circo e o pior é que agora não há mais quem consiga o desarmar, somente talvez com uma convulsão social ou uma revolução. E neste último mês ficou muito claro que aquela está mais próxima do que esta...

No dia 27 de junho passado, uma mulher (a pedagoga Mary Stela Camillato, 46 anos) deu barraco no escritório de um plano se saúde exigindo atendimento para o pai doente, disse até que estava armada; conseguiu o que queria, mas agora está sendo processada. Uma padaria foi assaltada sete vezes nesse mesmo mês em Santa Mônica - Vila Velha-ES - na última (25 de junho) os funcionários resolveram perseguir os assaltantes e um deles (o repositor de vendas Rodrigo Azevedo de Oliveira, 21 anos) foi morto a tiros por “traficantes”. Ora, passa direto na televisão especialistas em segurança dizendo que ninguém deve reagir a assalto. Tudo bem se fosse coisa rara, inusitada, mas sete vezes no mesmo mês! Depois do quinto assalto, imagina quantas vezes o rapaz já tinha ouvido a pergunta: “E você não fez nada?”

População indignada nas ruas de Vila Velha-ES. 
Errr. Frouxo se escreve com "x" minha gente...
Com o Estado preocupado em cobrar mais e retribuir menos vem o medo hoje, o pânico amanhã e finalmente o terror. Cenário ideal para a ascensão de ditadores, fascistas e psicopatas; afinal “navio que está afundando aporta em qualquer porto”. Foi o que fez a população de Planalto Serrano (no dia 26 de junho), no Espírito Santo. Com ajuda dos traficantes deram um basta na breve carreira de dois marginais que impunemente aterrorizavam o bairro fazia 15 dias. Elegeram o mais forte, e certamente mais presente, para defender sua tribo. A Polícia chegou a tempo de tentar conter a revolta e foram recebidos a pedradas, talvez os populares temessem ver seus anti-heróis irem presos.

Jardim Carapina, Serra-ES, população em pé de guerra.
No início da manhã do dia 05 de junho passado um grupo de estudantes foi protestar (de novo) contra o preço abusivo das passagens de ônibus e pararam o centro da cidade de Vitória-ES, talvez pensando: “nós podemos tudo, nós podemos mais!”. Do trânsito parado emergiu a tal “população enfurecida” e acabou com a manifestação à tapa, alguns declararam ter medo de perder o emprego por conta dum “bando de vagabundos”. Por causa da inércia do Estado, o ato de protestar não é mais percebido pelo povo como coisa importante. Todo mundo já entendeu que reclamar não resolve nada e isso tudo só potencializa aquela perigosa sensação de “cada um por si e Deus contra”... E esta vem crescendo em várias direções. Daí vale mesmo perguntar:

Quem quer manter a ordem?
Quem quer criar desordem?

sexta-feira, 29 de junho de 2012

CORAL ARCELORMITTAL TUBARÃO EM DUAS APRESENTAÇÕES NA SERRA

O Projeto Canto em Todos os Cantos segue em sua temporada de dez apresentações gratuitas em 2012, desta vez contemplando a sede da cidade da Serra com duas récitas imperdíveis do Coral ArcelorMittal Tubarão. A primeira será no próximo domingo (1° de julho), às oito da noite, na Igreja Matriz Nossa Senhora de Conceição – Serra sede (Centro). A segunda será no dia 03 de julho, durante o encerramento da exposição fotográfica Encantamentos do Mestre Maurício, na Casa do Congo, às 20 horas. Aprovado pela Lei de incentivo à cultura da Serra, Lei Chico Prego, a iniciativa leva canto coral às comunidades, promovendo e difundindo o repertório e a prática do gênero musical mais tradicional do ocidente.


Fundado em 1986 numa iniciativa da antiga CST, o Coral ArcelorMittal Tubarão é um dos grupos vocais de maior tradição do Espírito Santo. Em sua trajetória participou de festivais, encontros de coros e concertos com a Orquestra Filarmônica do Espírito Santo, apresentando obras de Haydn, Rossini, Mozart e Beethoven (Nona Sinfonia) e em seus próprios apresentando obras eruditas e musica popular e folclórica brasileira. Participou também por 16 anos dos tradicionais Concertos de Natal na praia de Camburi com astros da música nacional. Já levou sua arte a vários Estados do Brasil e em suas apresentações internacionais constam passagens por países como Argentina e Peru. O coral é regido desde a fundação pelo maestro Adolfo Alves e tem como preparadora vocal Alice Nascimento.

 
O maestro e professor Adolfo Alves é figura de referência em canto coral no Espírito Santo e tem um currículo extenso. É Bacharel em Música (Canto) pela Escola de Música do Espírito Santo.  Estudou regência coral e orquestral, contraponto e harmonia em cursos de extensão universitária (UFMG) e outros de curta duração com maestros como H. J. Koelreuter, Sergio Magnani e Eph Ehly. Criou e regeu vários coros no Espírito Santo, dentre os quais se destacam o “Coral Gloria”, de Colatina-(1968), Coral da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) - (1975), “Coral CST”, atual ArcelorMittal Tubarão da  - (1986) e do Coro de Tradições Italianas “Joaquim Lovatti” de Cariacica-Vitória-ES. Regeu como convidado a Orquestra Filarmônica do Espírito Santo e foi regente da Orquestra de Câmara da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo) e também foi professor de História da Música e Dicção na Faculdade de Musica do Espírito Santo – FAMES (Níveis de Graduação e Técnico). É membro da Academia Brasileira de Letras e Música, cadeira número 79.

 
PROJETO CANTO EM TODOS OS CANTOS
Apresentações nos dias primeiro e três de julho de 2012
Horário: oito da noite.
Local: 01 de julho – Igreja Matriz da Serra (Centro).
03 de julho – Casa do Congo Mestre Antônio Rosa: Serra (Centro).
ENTRADA FRANCA
Coordenação Instituto Todos os Cantos
Maiores Informações: 27 9942 9087

quinta-feira, 28 de junho de 2012

RAPIDINHA CULTURAL URGENTE!

Amanhã - 29 de junho - tem lançamento de dois livros na Faculdade de Música Maurício de Oliveira. A violoncelista e professora da FAMES Raquel Rohr  aborda a obra para celo e piano do professor Alceu Camargo. Tive a satisfação de escrever a orelha para mais essa investida no universo do querido professor Alceu que não tive o prazer de conhecer, mas que é cada vez mais reconhecido como uma das figuras mais importantes no desenvolvimento da música clássica no Espírito Santo. Segue o convite...


CULTURA INÚTIL A GENTE SOMOS...

Você sabe o que é SPAM? Quem ainda não conheceu o grupo de comediantes Monthy Python não sabe o que está perdendo. O humor amalucado desses gringos é dos favoritos entre os nerds cibernéticos que se inspiraram no quadro abaixo para nomear aquelas mensagens em massa que todo mundo recebe propondo aumento de coisas que vão de sua conta bancária ao tamanho de sua genitália. A Letra Elektrônica também é cultura, mesmo que um pouco inútil...


quarta-feira, 27 de junho de 2012

PENSAMENTO DA SEMANA

CORAL CANTO NA ESCOLA NO CONCERTOS NA VILA!

O Coral formado por alunos do projeto Canto na Escola está com agenda cheia: amanhã - dia 28 de junho - o grupo vai participar do projeto Concertos na Vila. A iniciativa tem coordenação da Companhia de Ópera e Musicais que conta com a participação de grandes vozes do Espírito Santo como Elaine Rowena, Claudio Modesto e da regente de corais e pianista Angela Volpato. 

Coral Canto na Escola na abertura do Projeto Canto em Todos os Cantos domingo passado em Bela Vista na Serra.

Sob coordenação da maestrina Alice Nascimento a apresentação do Canto na Escola reúne meninos e meninas dos bairros Novo Horizonte, Feu Rosa e Barro Branco da Serra e nesta quinta-feira, na Igrejinha do Rosário - Prainha de Vila Velha - terá regência de Elias Salvador. O repertório do grupo mescla música folclórica e popular com adaptações eruditas como é o caso da canção "Alfabeto", cujo tema vem de uma melodia muito tradicional de Wolfgang Amadeus Mozart.


No sábado - dia 30 de junho - será a vez da comunidade do bairro Eldorado receber o Coral Canto na Escola desta vez como parte do projeto "Canto em Todos os Cantos" que teve início na manhã do domingo passado - dia de São João - com participação expressiva da comunidade do bairro Boa Vista. A apresentação acontecerá na Igreja Católica de Eldorado, às sete horas da noite e o endereço é Avenida Martins Pecador em frente à Praça do bairro. A entrada é franca e sua participação sempre bem vinda.

Maiores informações Instituto Todos os Cantos: 27 3033 9010
  
 

sábado, 23 de junho de 2012

CRÔNICA DE DOMINGO: VIRGINDADE POR UM FIO


 
Vou levá-la comigo pra jantar
Ela merece por alegrias que me dá

Supla – Mão Direita

O telefone tocou em off. Parecia início de peça de teatro ou algo assim. Ele podia ouvir do lado de fora do quarto o desgraçado se acabando de tocar. Se fosse numa peça o público ouviria também: as cortinas fechadas e o telefone tocando...

Ele é que não ia lá atender. Deveria, mas nenhum atacante jogando em sua posição teria ido.

Ela era jovem, mas ele também era. Ela era linda, mas ele não a amava. Ela era virgem e para ele isso não era nenhum problema. Nada. Ele não estava nem aí pra nada!

Estudavam arquitetura, mas não eram calculistas. Ele desprezava matemáticos! Gostava era de se atracar a seu corpo, rodar a ponta dos dedos pelos bicos dos seus seios e beijar a sua boca. Quanto beijo cabe um coração incipiente! Parece aquela sede que nem rio nem represa, nem mar nem oceano é capaz de aplacar.

Aplacar... Palavra engraçada. Não consigo pensar em outra melhor para descrever aquele sentimento. O que será que incipiente quer dizer exatamente?

Telefone desgraçado! Pensamos. Ele é que não ia lá atender. Estavam quase conseguindo fazer o que o desejo suplicava latejando no tal “músculo que sente” que o Cazuza falava e que a moral reprimia distante como aquele toque insistente dos infernos.

Como será que ela foi parar no quarto dele naquela tarde? Como era mesmo seu nome? Cristina? Cristiane? Era algo assim... Estavam quase em ponto de ebulição, quase! Um sarro alucinado por cima das roupas de cima e de baixo que iam saindo e chegando pros lados. Ele nem lembrava mais do telefone.

Foi quando estavam bem perto de acoplar espaçonaves que o pai apareceu. Furioso, como se realmente quisesse dar um susto tão grande quanto o que levou!

- Por que é que ninguém atende telefone nessa casa!? – Ele deu um salto acrobático de cima da garota.

Ficaram os três se medindo surpresos: do lado deles de um jeito e por certas razões, o lado paterno de outro e por outras. Depois de uns segundos de hesitação, o homem resmungou alguma coisa sobre o telefone e se mandou desconcertado.    

A garota correu pro banheiro do quarto e de lá foi embora sem dizer adeus. Quem manda ser burro e não trancar a porta?

A verdade é que nessas horas é preciso ser prático, afinal, o fato dela ter abandonado a causa não aquietou em nada a revolução vulcânica no músculo que sente.

Resolveu se trancar no banheiro também, no modo manual.

Na lixeira encontrou um bolinho de papel que ela usara para se limpar e porque em pânico quisera (quisera?) conferir se havia sangrado. Ficara no final a virgindade por um fio...

Ele levou o papel ao nariz enquanto se masturbava. Deixou se entorpecer na incongruência cômica do odor impuro que exalava duma boceta zero bala.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

NOSSAS PERDAS E AS SUAS MEMÓRIAS

Soube hoje do falecimento de Alaor Moreira, pai do ícone heavy Fabio “Boi”, mas também do Leandro “Led” e da Gisele. Escrevi pro Fabio dizendo que nessas horas de perda parece que qualquer coisa que a gente diga é besteira ou lugar comum. É difícil demais. Estendo meus sentimentos também às sobrinhas de seu Alaor: as irmãs Ingrid e Mitze e Nenete e Geanine.

Num curioso sentido musical, há exatamente um ano também nos deixou o Marcão Lima, esta grande figura que foi responsável, junto com a Vera, por nos legar os irmãos Amaro, Gabi e Alexandre. O primeiro postou no Facebook uma foto muito engraçada da gente em alguma fuzarca dos anos oitenta. Amaro é o pequeno que olha para mim e eu o cara de lixeira na cabeça.

 
O “Day after”, 23 de junho, é triste pra minha família também. Porque Maria Nilce Magalhães, não tivera sido assassinada do jeito que foi, estaria completando 71 anos. Aí você fala: caramba Juca, mas só isso? Ela ainda seria considerada uma pessoa jovem pelos atuais padrões da sociedade. Pois é. Enquanto muitos de seus assassinos estão por aí fazendo hora extra Maria saiu de cena bem antes do que se esperava.

Da Esquerda para direita: Marideia Bitti, Stela Pavan, Maria Nilce, Maria Glayd e Vania Sarlo.
Na quarta passada houve um “debate-papo” na Biblioteca Estadual com o escritor, gramático e lingüista José Augusto Carvalho. O mediador foi o também escritor e membro da Academia Espírito-Santense de Letras Marcos Tavares. Quem não foi perdeu uma brilhante aula de português, essa língua danada que muitas vezes julgamos conhecer o suficiente. A platéia, como geralmente é na Biblioteca, se resumia a algumas das mais tradicionais cabeças pensantes capixabas, todos divertidos e humildemente propondo suas questões.

Nessa noite na Biblioteca finalmente encontrei o amigo Elpídio Ferreira, um dos poucos fãs confessos de Maria Nilce que conheci após sua morte. Elpídio ainda guarda alguns livros autografados da colunista que abalou a ilha de Vitória até o final dos anos oitenta e até um bilhete manuscrito no cartão da antiga loja Artes Del Peru.

O escritor Marcos Tavares, Epídio Ferreira e Juca Magalhães
Para encerrar o assunto: no próximo dia 10 de julho terá início o julgamento dos dois últimos acusados no crime que vitimou Maria Nilce em 05 de julho de 1989. É uma boa ocasião para manifestarmos nossa indignação contra a prática do crime de mando que ainda existe no Espírito Santo, ou a violência contra a mulher, a supressão à liberdade de imprensa et cetera. Nomeie você uma razão, nesse caso são muitas e eu fico contra todas. Agradecemos já de antemão todo apoio. E que a justiça seja feita.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

PROGRAMA MUITO BACANA PARA UMA NOITE DE SÁBADO

Não sei se foi o violoncelista Pablo Casals ou o pianista Vladimir Horowitz citando o último que disse: "Mozart é fácil demais para os iniciantes e difícil demais para os artistas". Deve ter sido o Horowitz, porque muitas das sonatas para piano de Mozart são consideradas "fáceis". Os pianistas mais exibidos querem exibir a musculatura romântica de super-heróis do intrumento como Lizst ou Rachmaninoff, este um romântico tardio. Ignoram ou esquecem que a poesia e a surpresa podem estar numa obra "para piano" nem um pouco espalhafatosa, porém controversa, como 4'33 de John Cage.

Lembrei disso tudo porque a Camerata do Sesi volta a se apresentar e no programa do concerto que - por Tutais! - irei assistir, consta a peça "Pavane por une infante defunte" de Maurice Ravel. Originalmente composta para piano, essa peça é daquelas de fazer tremer os artistas que nem o Horowitz falava. O resto do programa é instigante e, sob regência de Leonardo Davi, com certeza vai ser um início de noite imperdível para os casais românticos saírem para passear no sábado. Segue o convite:



terça-feira, 19 de junho de 2012

CANTO EM TODOS OS CANTOS TEMPORADA 2012!


ABERTURA DA TEMPORADA 2012 DO PROJETO CANTO EM TODOS OS CANTOS

No próximo dia 24 de junho (domingo) O Instituto Todos os Cantos - ITC dá início a uma série de apresentações de canto coral, o nome da iniciativa resume a idéia: “Canto Em Todos Os Cantos”. Serão dez concertos gratuitos ao longo dos meses junho e julho acontecendo em diversos bairros no município da Serra-ES, com apoio da Lei Chico Prego.

O maestro Adolfo Alves, superintendente do Instituto Todos os Cantos, explica que o projeto é importante porque o canto coral está na origem das formas musicais e ainda hoje, mais do que ontem, é uma maneira direta de envolver pessoas na criação e no prazer de fazer música. O objetivo é aproximar e despertar o interesse do público para essa prática transformadora que proporciona enriquecimento cultural, realização pessoal e inclusão social aos jovens de oito a oitenta anos.

Coros Participantes


Coral ArcelorMittal Tubarão, fundado e comandado há mais de vinte cinco anos pelo maestro Adolfo Alves. Grupo que já participou de festivais, encontros de coros e concertos com a Orquestra Filarmônica do Espírito Santo, apresentando obras de Haydn, Rossini, Mozart e Beethoven (Nona Sinfonia). Participou também por 16 anos dos tradicionais Concertos de Natal na praia de Camburi com astros da música nacional e levou sua arte a vários Estados do Brasil e em suas apresentações internacionais constam passagens por países como Argentina e Peru.

O Coral Canto na Escola é formado por alunos de uma iniciativa educacional que desde o início de 2011 proporciona ensino de música, violino, banda marcial e balé a mais de 300 alunos de escola municipais dos bairros Novo Horizonte, Barro Branco e Feu Rosa Na cidade de Serra. Participam da regência os professores Elias Salvador, Monalisa Toledo e Kyssila Teles Santana.

O grupo Algazarra foi formado no início de 2011 pela maestrina Alice Nascimento e agrega jovens talentos de toda a Região da Grande Vitória. O grupo desenvolve repertório que vai do popular ao erudito com coreografia e outras intervenções. Já se apresentou em grandes concertos com a Banda da Polícia Militar do Espírito Santo e estrelou a iniciativa que levou música natalina aos terminais do Transcol no final do ano passado.     


O primeiro a se apresentar é o grupo da casa, o Coral Canto na Escola será regido pelo maestro Elias Salvador abrindo a temporada, como já dito, no próximo dia 24 de junho (DOMINGO), às nove horas da manhã na Comunidade Eclesial de Base Santa Rita no bairro Boa Vista, na Serra.

SERVIÇO
Projeto Canto em Todos os Cantos
Concerto com o Coral Canto na Escola
Dia: 24 de junho de 2012 – 9h
Local: Igreja Católica de Boa Vista. Serra-ES
Rua São Jorge S/N
ENTRADA FRANCA
Informações: 27 9942 9087 & 3033 9010

sábado, 16 de junho de 2012

CRÔNICA DE DOMINGO: QUESTÕES ENTRE ANIMAIS

MAIS FRASES QUE AINDA DETESTO OUVIR DE VEZ EM QUANDO:

Frase 1

- Dou um boi pra entrar numa briga e dou uma boiada para não sair.

Belicosa essa frase: questões entre animais. Não me deixa esquecer aquele tipo de pessoa que eu nunca gostaria de ser. Lembra também a fábula de um Rei orgulhoso que dizia admirar o conhecimento de certo sábio muito respeitado em seu reino. Tentou se aproximar do homem com todo tipo de propostas até que um dia, a troco de um bom dinheiro, o Rei o convenceu a o introduzir nos mistérios da sabedoria.

Depois de um tempo muito curto de estudo o monarca passou a destratar grosseiramente o mestre, da mesma maneira que fazia com os demais empregados de sua corte. O mais provável é que o Rei simplesmente quisesse se entranhar da sensação de que, ao contratar o sábio tão respeitado por todos, automaticamente, este se transformaria em um seu inferior. Depois, passou a fazer todo o tipo de indagações absurdas com relação aos ensinamentos e até queria sugerir conceitos que seu mestre, obviamente, nem levou em consideração.

O Rei era orgulhoso e não estava acostumado a ser contrariado, foi tomado pelo desejo bobo de vingança, afinal, a intimidação despótica era a única linguagem que conhecia e exercia bem. Quando entendeu que suas sugestões não seriam mesmo atendidas, nem por decreto real; mandou prender e anunciou a execução ao sábio.

Em seus próprios termos, o Rei imaginava ser um homem bom e justo, uma hora talvez fosse até se sentir um pouco culpado, mas não podia mais voltar atrás. No dia da execução, fez cena de vítima e confessou (segredou?) ao sábio que só era feliz entre os seus cavalos que o amavam e o respeitavam cegamente. Foi quando recebeu do homem a última lição:


- Ora, meu filho: o que acontece é que certos animais só podem ser felizes quando respeitados e obedecidos por outros animais.


Frase 2

- A mudança vai te fazer bem...

É a primeira frase da música Damaged Goods (Bens Avariados) da banda Gang Of Four. Um daqueles famosos conselhos “me engana que eu gosto”, ou seja: apesar de perder tudo o que ama e que precisa para ser feliz, no final você vai ver, vai ser bom. Ou, como dizem hoje: todo mundo precisa sair da sua “Zona de Conforto” e buscar aceitação e “sustentabilidade” numa espécie de Pollyana feelings.

Ouvi a música umas dez vezes de ontem pra hoje, isso só vai parar quando eu a aprender a tocar. É sempre assim. Mas não tenho tempo pra isso agora. Então vi um comentário em inglês, dum cara que dizia, traduzindo porcamente:

“A primeira vez que ouvi essa canção, eu tinha roubado umas cebolas no supermercado, porque não acho certo os caras não embalarem mais as nossas compras e me senti meio que no direito, saca? Enquanto esperava na fila para pagar por outras coisas comecei a chorar. A garota do caixa ficou tão comovida que me deu seu telefone, eu a convidei pra jantar naquela mesma noite e cozinhei fígado com as cebolas roubadas. Lá pelas tantas eu não conseguia mais conter o riso, tivemos uns cinco ataques de bobeira, fomos felizes naquela noite. Então, um certo dia, ela me deixou por outro cara que gostava de roubar diários...”

Segue o vídeo do Gang Of Four...


quinta-feira, 14 de junho de 2012

HOJE TEM VERA DA MATTA & GRUPO NA ESTAÇÃO PORTO!!!


Hoje tem samba e "beijinhos musicais" na Estação Porto, trazendo o calor e a delícia da voz de Vera da Matta. Vai que eu já fui!

terça-feira, 12 de junho de 2012

FIM DO MISTÉRIO NO TRIÂNGULO DAS BERMUDAS!

IMPROVISAÇÃO

- E então Mané?
- O quê?
- Você vai falar ou não vai?
- Hum, hum...
- Então fala.
- Hum, humm...
- Esqueceu a fala outra vez, não é?
- Hum hummm...

SERIA O FIM DO MISTÉRIO NO TRIÂNGULO DAS BERMUDAS?




A Lei Seca, essa danadinha, está acabando com os tradicionais botecos do Triângulo das Bermudas. Pobre Ernest Hemingway, ninguém mais respeita um bebum de responsa. “Cambada de vagabundos e desocupados!” Nem tampouco respeitam militantes da pesca predatória do marlin azul que abunda (e como) nos mares capixabas. “Hemingway não era modelo pra ninguém!” Pesca oceânica no triângulo era com rede, muitas vezes arrastão. Pernas pra que te quero. Especialmente isso. E que pernas! Pesca predatória, pulada de cerca na grama do vizinho. Culpa da birita, aquela garota de cabelo preto curtinho e olhos azuis que não lembro o nome.

Dizem que os assaltos também estão causando o fechamento dos bares no Triangulo. Por essa o Erich Von Daniken não esperava. Nos anos setenta os homens se perguntavam se “Eram Os Deuses Astronautas?” e era exatamente o que eu queria ser “depois de grande”. Confesso que não fui muito longe depois que descobri que para pilotar foguete tinha que estudar matemática, aliás, que catzo terá uma coisa a ver com a outra?  Contrariando as expectativas mais pessimistas, perambulando pelo Di, Don, Don e o Amarelinho, acabei entrando em órbita e vendo a curvatura da Terra, aquela gostosa. Na época nem celular tinha, a gente sumia que era uma beleza.

Será que só os taxistas são felizes?

Depois de finalmente inventar uma Lei que funciona - o que não deixa de ser outro mistério - o governo ainda pegou o preço da birita e do cigarro e mandou pro espaço, depois os Deuses é que são astronautas. Foi mais uma razão para acelerar a quebradeira geral. Bares e restaurantes "descolados" que já não vendiam lá seus produtos tão baratos assim tiveram que aumentar suas "dolorosas" exorbitantes e acabaram ficando à mercê da concorrência, digo, dos assaltantes à mão armada. E nem podiam reclamar da falta de policiamento, afinal, a meganha (como dizem os jornalistas de verdade) estava toda na rua multando pesado e prendendo os seus fregueses bebuns. Ora!

Diante desse cenário de final dos tempos, cheguei à conclusão de que quem estava certa era a minha mãe quando dizia:

“Meu filho: boa romaria faz quem em casa bebe sua cervejinha em paz...”

Leia, comente, indique e apoie a Letra Elektrônica, aproveita que ainda não inventaram uma Lei que proíba...

RAPIDINHA CULTURAL: MEZZO CLÁSSICA

sábado, 9 de junho de 2012

CRÔNICA DE DOMINGO: LOUCURA OU ESPERTEZA?

No verão de 2007 o prefeito da cidade de Aparecida - a “Meca” católica no interior de São Paulo - José Luiz Rodrigues (conhecido pelo apelido de Zé Louquinho), cansado de receber críticas por não conseguir resolver o problema das enchentes na cidade, numa reação irônica, polêmica, cínica etc. publicou uma Lei proibindo terminantemente a ocorrência das cheias em sua região. A medida flagrantemente tresloucada virou piada em todo o país, mas a mesma coisa acontece de tempos em tempos, e pouca gente se dá conta.

Guardadas as devidas proporções, parece que alguém atacou de “Zé Louquinho” no Palácio do Planalto quando o governo brasileiro editou a Lei que tornava obrigatório o ensino de música nas escolas. Assim como o alcaide de Aparecida, o governo federal decretou a resolução da questão sem apresentar soluções mínimas para os evidentes problemas na falta de estrutura das escolas públicas ou mesmo a maioria das privadas. No site do MEC está assim:

A Lei nº 11.769, publicada no Diário Oficial da União no dia 19, altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) — nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 — e torna obrigatório o ensino de música no ensino fundamental e médio.

A Lei entrou em vigor tendo expectativa por parte dos alunos – tanto dos que desejavam aprender música, quanto dos que temiam ser obrigados a estudar – e gerou debate em nível nacional. Gestores e docentes se questionavam como é que iam fazer para por o projeto em prática. Na grande maioria das escolas não há espaço acusticamente adequado, nem professores habilitados e se houvesse tudo isso: com quais instrumentos os alunos haveriam de estudar?

Inexeqüível na prática a Lei soa mais oportunista do que maluca, porque surge num momento em que a demanda por estudo formal de música cresceu muito, especialmente na última década. Só para dar um ínfimo exemplo local, a Faculdade de Música do Espírito Santo, no início deste ano 2012, ofertou 115 vagas para o curso de iniciação musical e foi surpreendida por 1.900 inscrições. Foram forçados a decidir quais alunos seriam contemplados em um sorteio que lotou o pátio da instituição. 

Pátio da FAMES lotado! Sorteio das vagas para o Curso de Iniciação Musical de Piano e Canto
Sempre que as eleições se aproximam começam a surgir soluções para problemas pesquisados junto à população, algumas são até anunciadas na mídia e causam expectativa. Tempos depois fica claro que aquilo não vai dar em nada mesmo, começam as cobranças e as explicações tortas: que a licitação não deu certo, que o projeto continha erros, que isso ou aquilo. O bom seria se todos fossem mais cínicos e assumidos como o prefeito lá de Aparecida, pelo menos poupava o povo da sensação de sempre ser ludibriado pelo velho golpe da urna.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

NOS TEMPOS DO CAFÉ NO BULLYING!

Quando estava comentando a descriminalização da maconha, dois posts atrás, a intenção era comentar também sobre a criminalização do bullying. Não que uma coisa tenha a ver com a outra é que muda muito a realidade quando comparamos com trinta anos atrás. Quando eu era guri, bater e apanhar fazia parte do cotidiano de qualquer moleque e, às vezes, essa coisa não seguia bem uma sequência muito lógica não. Os gordinhos não eram necessariamente os mais perseguidos, nem o eram os mais afeminados.

Lembro de um que estudou comigo no Colégio Martim Lutero, lá pela quinta e sexta séries, que sentava nas primeiras carteiras da classe, usava óculos, era muito branco e delicado; penteava os cabelos por trás das orelhas e andava recatado e pudico como fosse uma pré-adolescente qualquer. Era tão feminino, que, depois de um tempo, passou a ser tratado como qualquer outra garota da classe. Diversão era xingar um colega de veado pra depois rebentar em pancadaria. Fazer isso com o outro não tinha a menor graça, aliás: o óbvio nunca era engraçado.

As meninas também não eram fáceis. Uma ficou “interessada” por mim e, no embalo da paixão irrealizável das crianças, quebrou uma garrafa de Coca-cola na minha cabeça na hora do recreio. Outras já se resolviam entre si e com os caras mais velhos, até trocavam seus favores sexuais por cigarros e maconha. Aliás, antes que vocês digam que estou inventando: foi uma das próprias que, depois de grande, me confidenciou isso. Até pediu segredo e, como vocês podem ler, estou aqui, silencioso como um túmulo. 

Tinha um menino sarará endemoniado que fora apelido de “Teba”, era uma peste e logo virou o saco de pancada oficial do colégio. O Rubinho mesmo, um pirralho atentado, tinha compulsão por surrar o infeliz. E o Zé Carneiro? Baita figurassa, um cara de, sei lá, mais de dois metros de altura, mas que chorava por qualquer coisa. E ninguém podia achar engraçado que o pau quebrava. Como não rir de um gigante chorando que nem criança? E ainda tinha o mesmo nome do cara mais palhaço do Sítio do Pica Pau Amarelo! Fazer o Zé chorar era a mais pura diversão.


Registro da galera reunida pra pelada no pátio do Colégio Martim Lutero, final dos anos setenta. Eu sou o de braços cruzados entre os que estão em pé, Teba é o primeiro em pé à esquerda com a bola debaixo do braço. Nessa foto tem ainda Rubens Elias Faiçal - de pernas cruzadas, o Gelson da Churrascaria Gramado, Eduardo - que tinha apelido de Babuíno e seu irmão que não lembro o nome, Henrique Bucher, Ruy e outros que nem imagino onde foram parar...

A galera do mal perturbava Zé Carneiro até ele começar a chorar e distribuir pescotapas ao acaso, Paris era uma festa! O professor ia à loucura tentando desengalfinhar a massa e despachava todo mundo pra sala do “coordenador”. Pois lá é que o Zé chorava mesmo! O  coordenador mandava parar com aquilo, dizia que não era atitude de homem. Sua psicologia funcionava direitinho: de soluços envergonhados o pranto do Zé se transformava em doídos uivos lancinantes. Era de cortar o coração e doer a garganta: a gente ria de passar mal... Até o infeliz do coordenador acabava rindo. Será que isso era bullying? Hoje capaz até de dar cadeia...

segunda-feira, 4 de junho de 2012

UM DIA DE CÃO DOIDÃO

Esse causo é baseado (e como!) em fatos reais, mas que aconteceram de verdade, mesmo...


Doideira e caretice são coisas que as pessoas acreditam: comportamentos sociais primitivos estabelecidos por determinadas classes sociais. Com as grandes variações, os encontros e desencontros da vida, os “diferentes” se esbarram: Romeu e Julieta; Queijo com goiabada. Doideira e caretice é puro etnocentrismo. Crenças culturais assumidas por um grupo e rejeitadas por outro, Clube da Luluzinha; socialmente falando são duas faces da mesma moeda, contrapartidas iguais: são uma e a mesma coisa.

É preciso admitir que os doidões tiram da manga histórias bem mais engraçadas do que as pessoas sisudas que fazem cara feia quando você senta num boteco pra tomar aquela cerveja gelada e espantar o calor. Querem o quê, bicho? Que o mundo se acabe em respeito e devoção, em sacrifício e arrependimento? Até têm o direito de pensar e agir como quiserem, o problema é querer obrigar o resto das pessoas a ser assim também...

No meio desse bolo que separa certinhos de desvairados tem um monte de gente que se considera normal, mas eu não sei não. De pertinho mesmo todo mundo tem uns belisquinhos a menos, precisa tomar um remedinho, fazer uma terapia...

É como essa coisa de combater maus tratos aos animais que rola no Facebook. Pode até parecer coisa de gente mais certinha, mas alguns de meus amigos mais doidões gostam muito de animais também. Vários que conheci tinham cachorros bastante ensinados e, por serem melhores amigos, sonhavam em compartilhar um baseado com o bicho. O Betão mesmo: soprava fumaça no focinho de sua cadela na esperança de ver a coitada viajando e ainda dava o resto do baseado pra ela comer. Quer maneira melhor de sumir com o flagrante? 


Acho que a Tekinha era um fox terrier, não sei bem, era um bicho assim. Grandinha, gordinha e muito brincalhona. Era o xodó na casa do Betão; garotão esperto, filhinho de papai, surfista e maconheiro: pacote básico completo. Um dia o maluco resolveu investir no mercado de bagulho e, sem ter lugar melhor pra esconder, enterrou a parada no quintal. Dentro de casa a mãe podia achar, o pai mandar internar e todo mundo ficar naquele “baixo astral” de tentar entender onde é que tinha errado.

Betão passava a ausência dos pais fumando maconha com os amigos, inclusive a Tekinha que ele carregava pra cima e pra baixo. O bicho acostumou com o cheiro da droga, associou com a inhaca do “dono” e a falta que sentia dele quando estava ausente acabou dando “pobrema”. Como todo mundo de sua idade Betão empurrava a escola com a barriga, em sua época não existia essa coisa do doidão estudioso. Nesse meio tempo, Tekinha corria solta pelo jardim ensolarado no final da manhã até que farejou o cheiro do rapaz.

- Eita! Mas cadê ele? - Cavucou a grama alucinada, rasgou o plástico com as garrinhas afiadas e comeu o bagulho todo que achou. Um quilo inteiro de maconha da boa!


A mãe de Betão preparava o almoço e achou estranho quando o bicho correu pra dentro da casa batendo as patas no chão com estardalhaço. Parou de repente na porta da cozinha fitando a dona com uma puta expressão alucinada e os olhos muito vermelhos: arfando, babando e balangando os orelhões. A mulher fez uma careta de estranheza. “Que foi Tekinha?” A cadela correu de volta pro jardim como se fugisse da polícia e rolou doidarássa pela grama.
 
Quando o rapaz chegou em casa viu o barraco armado. Tekinha, depois de correr e aprontar todo tipo de maluquice, devorou uma grande quantidade de ração e deu um apagão. Betão ficou puto da vida, mas ia fazer o quê? Virar piada da galera, virar lenda, mas para isso acontecer faltava encarar a fronteira final. Uma hora o bicho ia ter que devolver “o produto” à natureza. Conta a lenda que Betão e os seus comparsas meteram mesmo a mão na massa e fumaram daquilo tudo o que pintou...

sábado, 2 de junho de 2012

O DIA DO JULGAMENTO ESTÁ CHEGANDO

Desde o assassinato de Maria Nilce em 05 de julho de 1989 que nós de sua família confiamos e acreditamos no trabalho de investigação da polícia federal e da promotoria. A maioria talvez não se recorde, mas houve um período inicial do caso em que a investigação foi flagrantemente confusa quando comandada pelos delegados Claudio Guerra e Josino Bragança da polícia civil, a confusão do inquérito policial foi tão grande que gerou manchetes do tipo "Loucademia de Polícia"...


Quando a polícia federal assumiu o caso e este realmente começou a ser investigado, surgiram indícios de envolvimento de pessoas bastante poderosas na cidade como o empresário Gilberto Michelini. Dá o que pensar o fato do advogado deste último ter chegado a acusar publicamente o viúvo de Maria Nilce, o também jornalista Djalma Juarez Magalhães, de ter mandado matar a própria esposa, como foi publicado em A Gazeta no dia 05 de novembro de 1989.

Clique para aumentar
 
Ainda segundo o que está publicado nesta reportagem, Djalma faz menção a algumas "coincidências" no inquérito, como o do fato da família Michelini estar preocupada com ameaças de sequestro à sua filha, tendo seu advogado contratado os policiais Romualdo Eustáquio Luz Faria (o Japonês), Pedro Suzana e Paulo Cézar o "Cicatriz", para cuidar da segurança. Todos estavam na época envolvidos com denúncias de participação no Crime Organizado, com o agravante de que o tal "Japonês" acabaria acusado de participação no crime que vitimou Maria Nilce e aguarda julgamento, como veremos mais à frente.


Indiciado por participação no crime de Maria Nilce e por outro em Pedro Canário, o ex-policial Romualdo Eustáquio Luz Faria, o "Japonês", estava foragido e acabou sendo preso ontem na pracinha de Vila Velha, como está noticiado no site gazetaonline. Bem a tempo de participar de seu julgamento que vai acontecer no próximo dia 10 de julho, junto com o do ex-policial militar Cezar Narciso. Após este julgamento a promotoria espera dar por encerrado o caso que vem se arrastando por quase 24 anos.