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sexta-feira, 1 de junho de 2012

A VIDA FORA DE CONTROLE!


 
Um dia desses ouvi um roqueiro moderno dizendo que a alma do rock hoje está no hip-hop e que por isso tem colaborado em gravações de artistas do gênero e participado de suas apresentações. Dizer onde é que foi parar a verdadeira energia do rock é uma tarefa complicada, porém, embora não seja mainstream no Brasil a música eletrônica, funk, rap, hip-hop, sei-lá-mais-o-quê – não me pergunte como são divididas e diferenciadas – estão dominando a cena e isso é muito perceptível nos filmes para adolescentes gringos mais recentes ou nas compilações de vídeos e tutoriais do youtube.
 
O Project X – Uma Festa Fora de Controle, foi lançado em março, mas não lembro de tê-lo visto em cartaz na Grande Vitória. É aquela mesma e velha história de meninos doidos pra ganhar popularidade no high-school, transar e zoar com o carrão do papai; não necessariamente nessa ordem. Quem tem mais de quarenta já viu esse filme umas trocentas vezes, mas não no grau de esculhambação dessa produção. Eu dizia em um post anterior que a juventude de hoje me parece mais comportada, porém, possuem meios de comunicação e divulgação de suas baladinhas que nenhuma das gerações passadas tiveram. Conseguem transformar uma zorra caseira em algo monumental ou, como diz o título da película (película?), totalmente fora de controle. Mas a música black eletrônica domina desde o início. Os meninos vão entrando na casa do aniversariante ouvindo uma canção que diz assim:

- Hey! We want some pussy!  

Não me peçam pra traduzir, porque a Letra Elektrônica, apesar de ser “esculhambation pride”, segue uma linha editorial antiquada que ainda mantém o costume de verter Shit! (correção de Machadinho), por Droga! Quando finalmente rola a festa dos meninos maluquinhos não há de se ouvir nem uma vezinha só o ronco das guitarras distorcidas. E é aí que debruçamos no passado. Em 1986 foi lançado um filme que até fez algum sucesso com o Matthew Broderick no papel de Ferris Bueller e se chamava Curtindo a Vida Adoidado. A festa fora de controle é como um upgrade desse último, a ponto de seus atores - no caso do atual um rapaz chamado, acreditem ou não, Thomas Mann (de camiseta branca); e no de 1986 um ator chamado Alan Ruck (de boné ridículo) - serem muito parecidos, tanto fisicamente quanto no papel de meninos tímidos que acabam envolvidos em altas encrencas por um amigo despachado, egoísta e sem noção. 

Quase trinta anos separam os dois filmes, mas a semelhança física entre seus atores é incontestável. Freud explica? Eu não...
 
Depois de assistir ao Uma Festa Fora de Controle, por sinal detonado ao extremo pelos críticos do site Rotten Tomatos e pela crítica em geral, caímos na real do quanto a música popular mudou, aquele “faça você mesmo” nada tem a ver com bandas de meninos enfurecidos e sim com roupas coloridas, pick-ups e DJs. O auge do Curtindo A Vida Adoidado era uma cena de dança ao som de Twist and Shout, que faria corar de vergonha qualquer adolescente dos dias atuais, pelo menos da gringolândia. Eu gostei do Project X, de suas piadas engurizadas e das gatinhas peladas dançando aquela música elektrônica que não sei como definir: mas é um filme para a Geração Y. A constatação final é que Hollywood não muda o que está rendendo grana, nós é que mudamos de papel, porque é preciso adequar a calvície à passagem dos anos. Eu “teria idade” para interpretar o pai dos meninos maluquinhos e se isso acontecesse: Ah!, mas eu ia encher muito a cabeça deles de cróque!

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