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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Pequena Mensagem de Fim de Ano

Amiguinho, amiguinho, tão cioso de seu destino. Tantos caminhos a percorrer e sempre o tempo a recuperar. Quero ver dia chegar que nada mais vai satisfazer a sua ânsia de ser e seu desejo de estar. Eu também sou humano amiguinho, também quero viver e não gosto de esperar. O tempo não é meu companheiro amiguinho: ele passará e eu - saravá Quintana - passarinho.

É verdade, hoje é o dia em que o Lorde Summer se instala em Gaia, com sua majestosa corte, em alguma montanha mágica, sim é também o dia em que eu apareci nesse mundo. Não sou seu representante, nem me dispus a cantar seus feitos: eu apenas o observo amiguinho. Igor, o belo pássaro de fogo me falou que em algum lugar da montanha os povos ainda contam lendas a seu respeito ao redor da fogueira.

A Primavera se foi magoada, após derramar lágrimas de amargura que transbordaram o rios e encharcaram a terra, com o próprio destino que escolheu para si. Outono reformou sua casa e caiu em depressão, poucas folhas restaram em sua vasta cabeleira. Inverno se foi, mas uma hora vai voltar. Eu também amiguinho não precisa se preocupar...

A Letra Elektrônica fará uma pequena pausa para merecidas férias na terra da garôa, fuçarei sebos e visitarei museus, comerei pizza e abraçarei aos meus e vocês tratem de se comportar e serem felizes, uma hora eu vou voltar e poderemos continuar aquilo que nunca realmente começamos. Paz no mundo, assim como o que está em baixo (a terra) como no céu. Amém!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O ESPÍRITO É SANTO E NÃO ESPÍRITO, SANTA...


Recebo texto pela Internet de uma pessoa indignada com uma Lei que periga ser aprovada, tornando crime a discriminação de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) no Brasil, semelhante à Lei que já existe (e funciona) contra o preconceito racial. Pelo que entendi do email os mais revoltados com a idéia seriam os pastores evangélicos ante a perspectiva de não mais poder pregar abertamente contra as práticas homossexuais e com a tal mensagem tentavam dar início a um movimento para impedir a aprovação da Lei.


Passado tanto tempo, me pergunto o que um homem como o Jesus, que por aqui muitos demonstram supor conhecer, diria dessa revolta em favor do preconceito de verbo rasgado, gritado em auto-falantes no centro e nas periferias. Será que ele estaria sentado lá no primeiro banco do templo gritando “aleluia”? Ou será que se voltaria para os pregadores, hoje fiéis representantes de sua palavra, e calmamente diria: “Aquele que não tiver pecado em seu coração que atire a primeira pedra.”?


Com tantos desafios sociais nesse mundo de asfalto e cimento que escolhemos viver, nesse calor infernal de carros e xatomóveis engarrafados, será que o amor e as demonstrações de afeto entre pessoas do mesmo sexo seria um problema tão grave como é a violência física e mental que testemunhamos todos os dias e à qual vivemos submetidos ou o caos insano da saúde pública, constrangendo pessoas doentes e acelerando sua morte e – porque não poderia faltar – a corrupção violenta que se espalhou como um câncer pelos três poderes que governam o Brasil... Nada disso até agora foi capaz de nos indignar.


Certamente é muito mais fácil e cômodo denegrir e apedrejar uma minoria que ainda sofre com a rejeição social, do que exigir a apuração desses crimes covardes de mando e de pistolagem cometidos por aqui a “bangu”, como está retratado no livro Espírito Santo de Rodney Miranda, Carlos Eduardo Lemos e Luiz Eduardo Soares. Eu estava indo para a UFES numa segunda feira de calor infernal, era final da tarde, mas horário de verão que eu detesto. Li a parte em que o pistoleiro descreve seus crimes, a filosofia do assassinato a sangue frio, coisas que gostaria de esquecer. Como pode um homem descer tão baixo?


Meu estômago embrulhou, fiquei me sentindo mal noite adentro, nem sei como consegui dar aquela aula sem ter caído duro pra trás. O livro não é nenhuma obra prima da literatura, mas como informação é realmente contundente. Nesse momento muito se discute o que ali é verdade ou não, quem é que fez o quê, porém só de olhar para aquele retrato já é o suficiente para pedir ao motorista: “Pare o mundo que eu quero descer”. Escancara algumas situações que já se falavam por aí das conexões criminosas entre todos os níveis das principais instituições sociais que todos os dias decidem os rumos de nossas vidas...


Tacar pedra na “bicharada” é moleza, quero ver fazer o que o juiz Alexandre Martins fez. Fosse o amor homossexual praticado por poderosos líderes, como nos tempos romanos ou de Alexandre o Grande, me pergunto se haveriam tantos sujeitos indignados atrás de proibir e criticar a forma que eles escolheram amar. Enquanto isso colocaram “o bode na sala” e o lobo pra tomar conta das ovelhas... É uma vergonha ter que usar da força de uma Lei para resguardar o direito de amar das pessoas! Não deveria bastar o amor incondicional dos cristãos que se estende ao próximo como a ti mesmo? Infelizmente parece que não.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

LANÇAMENTO INÉDITO: FILME PORNÔ COM ATORES IMPOTENTES E ATRIZES FRÍGIDAS!


Tá legal, eu sei que é o maior baixo astral ficar chutando cachorro morto e gastar vela com defunto ruim, mas ficar quieto não é coisa fácil quando a gente se depara com um filmezinho lindinho, fófis, adolescentinho chamado Lua Nova. Zuzo bem que é um daqueles clássicos filmes pro inocente público de Malhação, embarquei esperando o pior, mas acaba que me surpreendi: o troço é tão ruim que acabou ficando muito engraçado. É sério gente, dei boas risadas e não fui só eu, tinha muita gente rachando o bico no cinema.


Pra começar, será que aquele menino deprê precisa mesmo ficar o filme inteiro com aquela cara de quem toma banho de água sanitária e não vê comida há séculos porque escapou de algum campo de concentração nazista? Dá vontade de mandar ele pegar uma prainha, comer uma picanha, curtir a vida! Parece uma madalena arrependida fazendo drama o tempo todo com a namoradinha porque perdeu a alma. Ora, o divertido de ser do mal é justamente pecar. Solta essa franga mané! Mas aí é que está o problema, o rapaz é um vampiro bonzinho, tipo um vegetariano da espécie, uma moda incongruente e subversiva que começou com a danada da Anne Rice e seus mortos-vivos efeminadinhos, com pinta de drogados e eternamente adolescentes.


Mas cara, vampiro que não morde o pescocinho da donzela porque entrou numa de ser politicamente correto é o fim da picada, aliás, literalmente. Só nesses tempos caretas e bicudos que vivemos é que se poderia imaginar uma parada idiota dessas. Como é que pode passar um filme de vampiro inteirinho e ninguém tomar uma mordida? Aliás, o Grilo Falante, nosso assessor para assuntos psicodélicos, defende a tese de que quando o dente do vampiro cresce é a mesma coisa de que... Bem, da paudurescência. E isso é o que é o pior dessa Lua Nova sem sal e sem brilho: é como um filme pornô com atores impotentes e atrizes totalmente frígidas!


A coisa já começa com o pé esquerdo fazendo referência à história de Romeu e Julieta, tentando transpor a clássica lenda do amor impossível para o universo vampiresco: um casal separado pela dicotomia irreconciliável entre a vida e a morte. Até aí tudo bem, mas a tônica é romance água com açúcar e não as questões que permeiam a sociedade de consumo, especialmente nos filmes de terror, por exemplo: porque existem pessoas que se alimentam da vitalidade das outras? Por essas e por outras o tal do vampirismo é freqüentemente transposto para outros cenários da vida cotidiana, nem sempre da maneira certa, como acontece nesse filme.


A cada resolução dos draminhas fúteis que iam sendo construídos eu caia na risada, era tão ridículo que beirava o inacreditável. A heroína é uma menina tão enjoada que dá vontade de estapear, ou então colocar o sobrenome de merda, Bella Merda. A infeliz fala o tempo todo numa tediosa narração em off, fica meses depressiva olhando para o nada e grita de noite que nem uma virgem doida sendo currada por uma matilha de lobisomens. No final eu já estava com pena do pai dela que, sendo a única personagem plausível da história, fala: olha filha eu vou te mandar de volta pra sua mãe. Nem ele estava mais agüentando aquela mala sem alça.


E na hora que o vampirinho camarada, o Gasparzinho de baton, fala pra ela assim: você é a pessoa que mais amei nos últimos cem anos? Fico me perguntando se o roteirista quis dar uma de cult e fazer menção a Gabriel Garcia Marques... Not! E quando o lobisomem saradão – aquele cachorrão molhado - fica puto com a heroína maníaco depressiva, porque ela não quer abrir o buraco para ele enterrar o osso? Rárararara!Bella M. passa o filme inteiro dando mole pro lobisomem, mas gostando do vampiro, só faltou a mula sem cabeça!


Agora o auge mesmo é o fim da história que, obviamente, não acontece né mané? Ficou para o próximo filme, aliás, deveriam distribuir um passe pra gente entrar nesse outro, porque pagar de novo para continuar a ver a mesma história é sacanagem. Pensando bem, isso deveria dar até queixa no Procon, o roteiro desse filme fere o código de defesa do consumidor! Eu vou contar o final só de sacanagem, quem leu até aqui só vai se dar ao trabalho de assistir pra ver as idiotices mesmo: Gasparzinho – o vampirinho assexuado – disputa a heroína com o lobisomem e do nada vira para ela e fala: Bella, você quer casar comigo? A tela fica escura, você espera ouvir o “plin-plin” dos comerciais e ao invés disso começam a aparecer os créditos... É ou não é imperdível? NoOot!!!


terça-feira, 1 de dezembro de 2009

NAVEGAR É PRECISO: NEM QUE SEJA PELA NET


Nunca fiquei tanto tempo sem escrever nem postar na Letra Elektrônica, nunca tantos fizeram tão pouco por tantos em tão pouco tempo. Mas foi a chuva que choveu, o sol que rachou, o estômago que embrulhou e o tempo que de repente me desapareceu, passou, escorreu por entre os dedos. Que diferença faz? Por causa daquela chuva medonha a empresa que me fornecia Internet ficou semanas fora do ar. Que loucura impensável é hoje ser um excluído virtual! É como se desaparecêssemos do mundo real também. Pessoas não conseguem mais nos contatar, muito menos conseguimos responder, simplesmente ridículo e impensável comparado com o que vivíamos a dez, quinze anos, mas hoje é assim.


Daí, puto da vida com a situação e empolgadão com a tal da banda larga resolvi luxar e contratar os tais 10 megas da GVT, ia ter até que mudar o número da linha de telefone que está comigo faz coisa de trinta anos, mas que diferença isso faz? Hoje em dia as pessoas se falam e se encontram mesmo é pela Internet, o telefone que se dane! Pra começar, apesar de tanta velocidade, levaram sete dias fúteis (eu sei que parece conta de mentiroso) pra vir aqui instalar a parada: o que se revelou impossível. No meio do caminho tinha uma tubulação obstruída - canos silenciosos, nervosa calmaria - quando viram o problema me largaram falando sozinho, a velocidade deles é outra meu irmão! Uma alternativa que me deram foi a de cancelar o pedido, achei simpática, inclusive. Ainda assim reclamei, mas o supervisor local nem quis avaliar a situação, mandou dizer que eu teria que fazer a obra - ou seja: quebrar piso e paredes do corredor do meu prédio - para ter a honra de ser atendido. São as a dores e as delícias de se abocanhar um mercado e navegar em céu de brigadeiro.


Pior foi a tal da Oi que já dominou esse mercado também, se não me engano foi a última a dropar essa onda da Internet com pacotes como o Oi Conta Total que virou febre a coisa de um ano, passando a perna na concorrência. A linha telefônica que uso vem lá da época da saudosa Telest, naquele tempo obscuro uma linha destas valia um dinheirão e não era nada fácil de conseguir, hoje é moleza o difícil é pagar a conta. Fui lá ver questões de portabilidade, na mesma rua do Rosário de tantas lembranças infantis, lugar onde meus pais tiveram uma redação do Jornal da Cidade nos anos setenta. Fui recepcionado por um grupo de três ou quatro patetas vestidos de palhaços que faziam uma fuzarca de dar dó, era uma e pouco da tarde, estava quente pra burro e eu ainda não tinha almoçado...


Não a Oi não resolveria meu problema, nem de “obas e olás”, nem um cantinho e um violão, nenhum orixá pra fazer uma rima. Que saco! Quando a GVT furou, resolvi apelar para o Velox, mas assim me disseram que no meu prédio não tinha barramento para proceder a instalação, me senti um morador do “cafundó dos Judas” como diria Lavínia, aquela velha desgrenhada. O pior de tudo é ser atendido por uma fulana com voz assexuada de máquina de gravação eletrônica que nem sabe onde fica Bento Ferreira. E eu falava: querida, eu moro a duas quadras da Prefeitura da Capital do Estado, como assim aqui não tem barramento, como assim o sistema não atende? Bom, eles nem tchunfs...


Quem acabou me salvando foi a Net, fato curioso é que vivi a mesma situação com eles há pouco mais de um ano quando também dropavam sozinhos a onda do mercado, fartos de demanda e clientes e não se coçaram muito em achar uma solução para meu problema, acabei sendo salvo pela SuperI que lutava cliente a cliente por uma fatia do mercado, pena que entraram nessa barafunda. Esse desprezo infantil de quem está bombando me lembrou aquela piada do português que ouviu falar que no Brasil o sujeito tropeçava no dinheiro pela rua, daí ele emigrou e, por alguma coincidência, logo que desembarcou se deparou com uma grande maçaroca do vil metal caída no chão, deu de ombros e comentou cansado da travessia atlântica: amanhã começo a catar.