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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

CONTRASTES E CONSIDERAÇÕES SOBRE EDUCAÇÃO

- Tive com o Miranda hoje, disse que tá arrependido do que fez... Tem mais de ano que eu tenho tentado fazer o Mirosmar...

- Chega Francisco!

- Então fala pro seu filho que ele vai fazer faxina! É isso que você quer? Fala pra ele! Ele vai fazer faxina!

Diálogo do Filme “2 Filhos de Francisco” (em 1:02:40)  
Breno Silveira

Nessa cena do filme “2 Filhos de Francisco – A História de Zezé de Camargo e Luciano”, está retratada uma das mais dramáticas questões sociais do Brasil: o que fazer para apoiar nossas crianças talentosas? Percebemos por parte do Estado um esforço pela Educação “para todos” e programas voltados para o assistencialismo, tanto que várias ações estão obrigatoriamente focadas no atendimento de um determinado perfil de “risco social”. Espremido entre a dita “classe alta” e os que vivem na linha da extrema pobreza está o grande bolo de brasileiros. O que é feito deles? Para estes são vendidos “sonhos”. Na propaganda do Governo muito do que deveria ser básico é tratado assim: o sonho da casa própria, do primeiro emprego, do carro zero e por aí vai.

Faz pouco tempo um especialista disse na TV que nosso ensino é de má qualidade e que não temos bons professores, enquanto outros reclamam no Facebook que nossos professores não são valorizados e que os alunos não querem nada com nada. Eu, que voluntariamente leciono música, percebo que uma parcela do problema é a histórica desigualdade social causada pela concentração de renda e outra parte é o gigantesco “custo Brasil” que sequestra do trabalhador brasileiro não só o salário, mas o tempo para se dedicar ao estudo. Um grande contingente de estudantes, aos 14 anos, já integra projetos – que de certo ponto de vista são até importantes - como o “Menor Aprendiz”, mas a maioria segue a adolescência dividindo escola com o estágio e outros empregos, fora isso têm a vida pra viver... 

Todo mundo sabe que para ser excelente em alguma profissão é preciso muita dedicação e persistência, dois atributos que carecem de condição social. Com talento ou não, um bom atleta, um cientista ou um bom músico precisam de tempo para estudar e descobrir seus limites, dar forma ao seu potencial. No Brasil essa condição é negada aos jovens que não são ricos e a culpa é geralmente colocada neles mesmos, acusados de preguiçosos, como o foram os escravos. Como já dito, a esmagadora maioria das famílias brasileiras convive com um custo de vida dos mais altos do planeta, vive no limite de seus recursos financeiros, de maneira que o jovem, mal entrou na adolescência, é compelido a contribuir com o orçamento da casa.

Vemos um esforço e um grande investimento do Estado e dos “projetos sociais” voltados para o atendimento e a recuperação da parcela desviante da sociedade como os criminosos ou os viciados em drogas. Um psicólogo que militou bastante em projetos sociais estava me dizendo que o número dessa população é pequeno comparado com a esmagadora maioria que é formada por gente de bem, de trabalhadores e é nesse grande bolo que temos inúmeros talentos desperdiçados. Então, o grande drama de quem ensina é ver potenciais que não se desenvolvem, porque na hora em que deveriam estudar estão trabalhando e só lhes resta estudar nos momentos que teriam para descansar.

Todo mundo sabe que para o estudo render é preciso disposição e tempo: tempo para entrar no ritmo do estudo, tempo e recursos para pesquisar, tempo para assimilar o que se estudou. Dar condição para o jovem estudar deveria ser algo tratado como prioridade, mas essa não é ainda a nossa realidade. É muito triste lidar com gênios potenciais e perceber que o drama em suas vidas não é o perigo de se envolver com drogas, prostituição ou criminalidade: é o destino do subemprego. É saber que aquele vigia do supermercado poderia ser um ídolo do atletismo ou que aquela tímida servente da lanchonete poderia estar tocando em alguma sinfônica.

Muito provavelmente, a apatia dos alunos em sala de aula da qual os professores se queixam, seja cansaço mesclado à indiferença; porque sabem que as chances de realizar seus sonhos são mínimas. Os próprios professores vêm já de situação semelhante, são pessoas que sentem que “mascaram”, que poderiam ter “brilhado” e ficaram pelo meio do caminho, alguns falam desse sentimento com culpa. Mas essa culpa não pode ser individual, porque parece que a sociedade brasileira se formou para dar sustentação ao fracasso e ignorar o talento. Não é à toa que aqui todo empreendedor é visto como um visionário, da mesma maneira que os pais dos meninos “Di Camargo” foi visto como “maluco”. Querer vencer no Brasil é sinônimo de insanidade mental.

É claro que uma ação voltada para um bolo maior da sociedade e não para uma pequena parcela em situação de risco custa muito caro, portanto àqueles resta a opção de “se virar”. Ironicamente, o fato de alguns sujeitos de notável persistência conseguirem vencer acaba por reforçar o caráter onírico do que deveria ser realidade e a ilusão de igualdade de condições de jogo para todos. Porém, nada seria mais justo do que investir no talento dessa juventude sacrificada, que vive num país em que os impostos batem na casa do trilhão à custa do esforço de milhões de trabalhadores, de gente de bem que de noite compra sonhos na TV e de dia vive a dura realidade.

Desigualdades sociais sempre vão existir, o comunismo é uma utopia e, antes que alguém o diga, também acho que todo trabalho honesto é digno e importante. Porém, é preciso pelo menos tomarmos plena consciência da perversão social do Estado Brasileiro, porque somos nós que podemos almejar virar esse jogo. Sobre esse assunto, recomendo a leitura do texto sobre a vida na Holanda no link a seguir: http://caiobraz.com.br/da-relacao-direta-entre-ter-de-limpar-seu-banheiro-voce-mesmo-e-poder-abrir-sem-medo-um-mac-book-no-onibus/

É muito interessante e esclarecedora também a palestra do professor de História da USP Leandro Karnal sobre a vaidade, o orgulho e a ascensão do homem efêmero.


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

VIVER DE MÚSICA? VIVA!!!




Não basta ser bem intencionado: ser e tornar-se um pianista é um trabalho solitário, que deve ser trilhado sozinho. Só você mesmo poderá medir com sinceridade se tem talento e o quanto ficaria infeliz se não praticasse sua arte; (...) Muitas carreiras fracassam. A minha própria tem tido altos e baixos, então, se o destino não leva você para o palco, você pode fazer outras coisas – lecionar, por exemplo. (...) E a profissão não permite recuos. Na verdade, essa profissão precisa de todo bom professor e intérprete, porque as melhores cabeças foram para o mundo do dinheiro. 
João Carlos Martins

Hoje é o dia da música, mais ou menos exatamente (um oximoro) quando o sol entra na casa de sagitário. Dia que é dedicado à Santa Cecília, uma mocinha de nome adorável e que pouca gente fala ou sabe da história, comparado, por exemplo, com São Jorge da Capadócia. Santa Cecília é nome de bairro aqui em Vitória e também nomeou um cinema que ficava num prédio bonito e antigo ali na esquina do Parque Moscoso, local posteriormente mal afamado e dedicado à exibição de películas retratando casais em atividade não muito apropriada segundo a moral da época. 

Conta-se que a Santa, aquela que foi escolhida como a padroeira dos músicos, quando de seu martírio, cantou a Deus. Segundo a Wikipédia “não se tem muitas informações sobre a sua vida. É provável que tenha sido executada entre 176 e 180, sob o império de Marco Aurélio.” Consta que Cecília era filha de um senador romano que a obrigou a casar com um rapaz chamado Valeriano. Cristã fervorosa – o que na época era proibido pelo império – a moça converteu o marido e, resumindo muito o drama, os dois foram condenados à morte e decapitados por se negarem a deixar a religião.

Ponto bastante interessante para fazermos um paralelo.

É comum ouvir relatos de jovens músicos profissionais sobre o quanto seus pais tentaram fazê-los estudar outra coisa e isso nos leva a pergunta: quantos bons músicos não poderiam se dedicar à arte e “casaram obrigado” com uma profissão “normal” para satisfazer a família? Quantas pessoas não foram e são condenados a mortes simbólicas por não poderem exercer plenamente sua capacidade cultural? A vida dos músicos envolve escolhas difíceis que, curiosamente, se harmonizam na tocante história de fidelidade da menina Cecília e o seu amor pela fé cristã.

Ser músico não é um trabalho ou um emprego qualquer, é mesmo um sacerdócio. O fato de alguns posarem de astros e debutarem doidarássos para deleite da mídia em nada empalidece a seriedade dessa vocação. O dia em que se comemora a música é talvez o momento mais propício para refletirmos sobre a fidelidade e o amor. A música é uma pátria à qual se deve ter verdadeira honra em servir, não só pela escolha, mas porque, quem o faz, é porque por ela TAMBÉM FOI ESCOLHIDO...

VIVA A MÚSICA!


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

ULTIMAS DOAÇÕES PARA O INSTITUTO TODOS OS CANTOS



Amigos,

No final do mês passado demos início a uma campanha em prol de doação de instrumentos musicais para alunos de piano e outros instrumentos para o coral. Até o momento já surgiram dois teclados, um doado por Jaqueline Wernersbach e outro pelo músico Sergio Dias, antigo vocalista da banda Vapor Mercúrio. Instrumentos que serão muito importantes na formação musical de jovens como a Izadora que aparece na foto travando os primeiros contatos com a novidade.
  

Meu amigo Aurélio, O Vegetariano, doou também uma guitarra preta muito estilosa. 

 
E a campanha continua! Tirem aqueles instrumentos musicais que estão esquecidos, juntando poeira embaixo da cama, de algum sofá, ou entulhado no “quartinho de serviço” da casa e dê uma força pro talento dessa nova geração de músicos que vai chegar.

 
Para doar entre em contato com nosso email (aletraelektronica@gmail.com) mandando seu telefone, ou faça como meu amigo Marco Antonio Reis, que é professor de violino, e repassou o pedido de doação para nossa primeira benfeitora da semana. 

VISTA CAMISA DO ALGAZARRA ARTE CORAL!


 
Outra maneira de contribuir é adquirindo uma camiseta do grupo ou uma caneca, confeccionadas especialmente para divulgar o trabalho e arrecadar fundos para o Algazarra ficar cada vez mais lindo. As camisetas custam R$20,00 a branca e R$25,00 a preta. As canecas, cujas fotos abrem o texto, são confeccionadas especialmente para o grupo e custam R$20,00 a branca e R$25,00 a prateada.


segunda-feira, 21 de outubro de 2013

ALGAZARRA Arte Coral – UNIVERSO POP - Encerrando o Mês das Crianças




A maestrina Alice Nascimento e o Algazarra Arte Coral estão preparando uma apresentação beneficente muito especial encerrando o mês em que se comemora o Dia das Crianças. O grupo é formado por jovens coristas, em sua maioria da região da Grande Maruípe e já tem no currículo apresentações de peso em festivais como o CantarES (2012 e 2013), XII Canta Coral (2012) em Ipatinga-MG e a seleção para participar gratuitamente do concorridíssimo GranFinale Festival (2013), o maior encontro de coros infanto-juvenis do país que acontece anualmente em São Paulo.
 


UNIVERSO POP

Com boa parte do repertório focado em música clássica e sacra, o Algazarra vem desenvolvendo pela primeira vez, em seus três anos de carreira, um set de canções do universo pop. São músicas do repertório nacional e internacional revestidos do “Espírito Glee”, a ideia surgiu da alegria espontânea e do talento único ainda a ser revelado na voz de seus diversos solistas. A data escolhida (28 de outubro), além de fechar com chave de ouro o Mês das Crianças, ainda presta homenagem aos servidores públicos capixabas.

EM BUSCA DE APOIO

A apresentação será em benefício do grupo (com ingressos a R$30,00 inteira e R$15,00 estudantes e idosos), que luta para se desenvolver e ainda não conta com patrocinadores (A Unimed começa a apoiar esse mês e a Prefeitura de Vitória cede o espaço para ensaios na EMEF Ceciliano Abel de Almeida). A regente Alice Nascimento e o músico Juca Magalhães, desde o início, trabalham para o grupo como voluntários, muitas vezes bancando do próprio bolso passagens intermunicipais para os que moram mais distante e arcando com diversos outros custos.
 


A apresentação do Algazarra - Universo Pop foi viabilizada numa parceria com diversos profissionais: envolveu a Secretaria Municipal de Cultura - sonorização e iluminação - conta com a concepção de coreografia da professora Danubia Aires e a participação de músicos convidados como João Paulo Santos Neves na guitarra, Edilson Barboza no baixo, Eric Carvalho na bateria etc. A apresentação vai acontecer no dia 28 de outubro, a partir das 19 horas, no salão de festas do Alice Vitória Hotel (atualmente Slaviero Slim), um dos apoiadores que também disponibilizou graciosamente o espaço.

 
ALGAZARRA ARTE CORAL “UNIVERSO POP”
Data: 28/10/2013. 19:00 horas.
Local: Salão de Festas do Alice Vitória Hotel.
Endereço: Rua Coronel Vicente Peixoto, 95 – 2º Andar
Centro, Vitória - ES
Entrada: R$30,00 (inteira) R$15,00 (meia)
Maiores Informações com a maestrina Alice Nascimento: 27 9814 9906 & 3207 8673
Ou Juca Magalhães 27 9942 9087

ALGUMAS CANÇÕES DO REPERTÓRIO

1.      Brasileirinho (Waldir Azevedo)
2.      Let’s Twist Again (Kal Mann and Dave Appell)
3.      Please Mr. Postman (Holland, Bateman e Berry Gordy)
4.      I Sing The Body Electric (Dean Pitchford e Michael Gore)
5.      Ombra Mai Fu (Georg Friedrich Händel)
6.      Jesu Bleibet Meine Freude (Johan Sebastian Bach)
7.      Over The Rainbow (Harold Arlen e E.Y. Harburg)
8.      Bridge Over Trouble Water (Paul Simon)
9.      Don’t Stop Believin (Jonathan Cain, Steve Perry e Neal Schon)
10.  Anna Julia (Marcelo Camelo)
11.  Rehab (Amy Winehouse)
12.  Somebody To Love (Freddie Mercury)

 
Veja os Videos do Grupo no Youtube e no Facebook:

Video institucional feito por alunos de comunicação da Faesa

Algazarra cantando bossa nova em Ipatinga-MG

Participando do Especial de Natal da TV Gazeta
http://www.youtube.com/watch?v=lhjHlRz0FqA

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

ITC É DE UTILIDADE PÚBLICA!

A partir de um projeto apresentado à Câmara Municipal de Vitória pelo vereador Luiz Emanuel Zouain, o Instituto Todos os Cantos-ITC obteve esta semana o reconhecimento de utilidade pública municipal.

A Lei 8.518, foi sancionada pelo prefeito Luciano Rezende no último dia 22 de agosto e agora publicada no Diário Oficial.



O Instituto Todos os Cantos é uma ong sediada em Vitória-ES, fundada em 2009, voltada para o ensino de música e o desenvolvimento das artes em geral. Um de seus principais projetos permanentes é o já conhecido Algazarra Arte e Coral.


Com mais essa importante conquista o Instituto Todos os Cantos tem acesso a um leque maior para captação de recursos, geralmente a maior dificuldade para o desenvolvimento de projetos culturais continuados. 

Agradecemos de público ao vereador Luiz Emanuel Zouain e seus pares na Câmara Municipal de Vitória que votaram unanimemente pela aprovação do projeto e, especialmente, ao Prefeito Luciano Rezende pelo apoio e incentivo à cultura capixaba.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

DO ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO



Outro dia lembrei dos meus tempos de solteiro. Chegava em casa apressado para tirar meu uniforme – muito pouco discreto para uma pizzaria italiana - e sair para jantar com minha namorada. Ademais, ainda não consegui desenhar um bolso fashion para guardar a carteira nele. O telefone tocou e era Bruce perguntando onde eu estava:


- Estou chegando em casa Bee. – Eu o chamava assim no celular. Era só uma espécie de código, nada a ver com as companheiras bibas.

Como era bem do conhecimento do morcegão, morávamos em partes distantes de Gotham, separadas por uma Golden Gate, e nós dois também sabíamos que naquele horário o trânsito andava lento como o raciocínio do Monstro do Pântano.

Dârrrr...

- Hoje é dia dos namorados...

- Eu sei Bee, até comprei flores pra BeeGee. – Ora, eu havia comprado flores pra Batgirl, estava carregando o buque, o equipamento de trabalho, falando ao telefone e tentando entrar em casa pela janela com minha capa amarela esvoaçante. Depois as mulheres dizem que não conseguimos fazer muitas coisas ao mesmo tempo...

 
- E você lembrou de mandar flores para a minha namorada? Em meu nome, obviamente. Lembrou, por acaso, de reservar uma mesa no restaurante italiano daquele professor do Darwin aqui de Gotham, que tem um raviolli que a gente gosta?

- Eu não Bee, mal consegui lembrar de comprar flores pra minha! Aliás, do jeito que a violência vai, ter conseguido lembrar foi um feito extraordinário... - Poderia até ter dito “ducaralho”, mas não gosto de usar palavrões com Bruce, ele é meu superior e é aquele tipo careta que pensa que ser educado é não falar palavrão e, no entanto, faz grosserias e humilha as pessoas...

- Então é melhor deixar do jeito que está para ver como é que fica? – Detesto quando ele vem com frases feitas que escutou da boca dos detetives da 10ª DPG, ou mesmo dos meliantes. Bruce não percebe, mas usa várias expressões idiotas do Coringa.

- É difícil, né Bee? Eu sei que a mulher gato tem lá seus problemas de insônia, mas quando eu resolver isso até ela já vai ter conseguido dormir.



- Então tá certo menino prodígio: o que não tem solução, solucionado está...

Olha aí outra daquelas frases imbecis! Dei câmbio final e desliguei o Batcelular antes que ele engatasse uma terceira. Eu sei que caí no conceito do Batman naquele dia, mas ele jamais vai saber o quanto também despencou no meu... 

Deixa eu ir pegar a Batgirl que é o melhor que eu faço.