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sábado, 9 de abril de 2016

E NÃO É QUE TEM GOLPE?

Fazia um tempo que a conta de meu celular andava encarecendo, fiquei encafifado e aborrecido, afinal, os tempos andam financeiramente bicudos. Inicialmente numa onda de inércia e preocupações da vida não dei muita atenção para o fato, talvez porque estamos numa espécie de revivial perverso dos anos 1990: tudo subindo de preço, lojas do Shopping fechando e amigos debandando pras gringas.

Comecei a desconfiar que tinha “truta” (sarava Didi Mocó!) porque um dia recebi um SMS dizendo que a assinatura de-sei-lá-o-quê tinha sido renovada. Ora carambolas, eu não havia assinado nada. Que diabo seria aquilo, um capeta renovado? Mas corre daqui, pega de lá, não lembrei de ligar pra operadora pra reclamar. Enquanto isso o tempo foi passando e a conta, diferente da pipa do vovô, tá que sobe.

Foi só no início deste mês que lembrei de conferir a fatura do celular e descobri lá embaixo um negócio assim: Serviços de Terceiros Telefônica Data (Ex. SMS e Loja de Serviços Vivo). Só esses eram trinta e sete paus e uns centavos. Fui reclamar e descobri o seguinte: a Vivo tem um “serviço” chamado “mensagem de interatividade” que, sem você pedir, começa a encher seu telefone de bobagem: dicas de beleza, resultado de futebol e até sexo sei-lá-do-quê.

Como faço na minha caixa de entrada do email, eu via que tinha chegado uma mensagem com título idiota (Spam) e nem lia, imediatamente apagava. Afinal, o perigo do vírus existe também para no universo dos smartphones. Acontece que – foi o que logo descobri – todo mundo que não reclamou e cancelou o tal do “serviço” teve uma cobrança embutida que, no meu caso, andou passando batida. Simples e inacreditavelmente assim.

Fiquei tão surpreso e desnorteado que balbuciei para a moça que me atendeu como se falasse aos companheiros do governo: eu não acredito que vocês podem ser tão desonestos assim! Ela manteve a tranquilidade e me perguntou: o senhor não se lembra de ter pedido esse serviço? Respondi escalafobético: Eu tenho absoluta certeza de que nunca pedi para receber SMS nenhum! Daí explicou como o golpe funciona:

O cliente vê que chegou uma mensagem no telefone dizendo Vivo Beleza, por exemplo, então deleta e não pensa mais no assunto. Porém, no corpo daquela mensagem tinha uma pergunta do tipo “você quer continuar recebendo esse SMS? Se não, mande um SMS cancelando”. Como eu não mandei, aliás, nem havia lido, começaram a me cobrar “pelo serviço”. Cara: é o equivalente a você pagar por toda porcaria que recebe na caixa de entrada do seu email! Já pensou?

E sabe qual é a maior raiva que dá, além da sensação horrível de ser feito de babaca? É o tempo que a gente perde do trabalho e da vida pra se livrar dessas jogadas de gente esperta que insiste em lesar o nosso bolso! Liga e espera, espera e depois espera mais um bocadinho... Lembrei até do meu amigo Marcos Dessaune, advogado defensor do consumidor que sacou essa onda do chamado desvio produtivo.

Depois que eu chamei todo mundo de “bunito”, a moça cancelou os serviços que eu não tinha contratado e que ainda nem sei quanto paguei por eles nos meses passados, mas vou descobrir. Peguei o número do protocolo de atendimento para entrar em contato com a Anatel a fim de denunciar essa “pequena malandragem” perpetrada por quem? Uma empresa enorme que está aí liderando (sei lá) o mercado e, pelo que eu entendi depois do que me aconteceu, dando golpe no país inteiro.  

Será que aqui no Brasil quanto mais você reza, mais ladrão aparece? Há suspeitas!

domingo, 3 de abril de 2016

SACIANDO A LARICA JUVENIL

É difícil falar de um filme sem estragar o prazer de quem ainda não viu e confesso que tenho dificuldade de segurar essa onda, porque me encaixo num pequeno grupo que não liga pra esse tipo de coisa. Quer dizer, eu ligo, mas não vou deixar de ver um filme que tô a fim porque me contaram o final. Então se você ainda não viu o recém-lançado Batman Versus Superman, vou logo avisando: esse texto tem spoilers!


Como todo eterno fã maluco por gibis, quando apareceu o “Superman: O Filme” eu dei a doida. Estudava de tarde e disse que não ia à escola porque queria assistir à primeira sessão, naquela época nem sei se havia estreia de filme. Foi um catupê dos diabos! Tomei uns cascudos, fiquei de castigo e me acabei de berrar. A confa infernizou a soneca que mamãe costumava dar depois do almoço. Lá pelas tantas arrumaram alguém para me levar “naquela porcaria”.

Depois disso não me emendei mais, toda vez que aparece alguma coisa sobre o homem de aço eu fico logo de orelhas em pé. E eis que agora estreia o tão esperado e marqueteado Batman Versus Superman. Então fui lá assistir, ora se não. Exclusive, fiquei impressionado com a velocidade da modernidade, as lojas do Shopping já exibiam um monte de produtos do filme: camisetas, bonecos, máscaras, siri recheado e o cacete.


Quantos anos será que eu tinha, na época do velho Superman? Resolvi pesquisar e um nome me veio à mente: Hans Donner! Joguei no Google impressionado com minha memória de elefante, pois não é que me apareceu o marido da Globeleza? Sai fora capeta! O nome certo do diretor do filme era Richard Donner! Morri de sunga branca, mas descobri o ano do lançamento oficial da película: 1977. Só não sei quando chegou aqui, mais precisamente no saudoso (pero no mucho) Cine Paz.

Lembro no final de 1976 quando o Cid Moreira chamou a reportagem do Fantástico: “Um ano com dois setes: veja o que dizem os especialistas”... Ora, pois, pois... Se hoje nem os meteorologistas acertam uma previsão, imagina naquela época. Se bem que tinha o matemático Oswald de Souza... E também aquela ridícula zebrinha da loteca (loteca?). Putz! Depois dizem que a televisão piorou...

Senão vejamos: eu havia completado dez anos em 1975, então só faria doze anos no finalzinho de 77. Era, portanto, quase um pré-aborrescente. Tá achando que eu era veio pra dar piti por causa de super-herói? Fique sabendo que lá no “Suvaco da Perua” bem que tinha um cara que de vez em quando saia correndo pela Avenida Rio Branco vestido de Super-Homem com capa vermelha, siri recheado e o cacete (bisei!).


Ah, sei lá, mil coisas... Não gostei muito desse filme novo não. É escuro, o roteiro é confuso e me parece redundância dizer que o melhor é a Mulher Maravilha. Aliás, a atriz se chama Gal Gadot, uma modelo judia, israelense, sei-lá-das-quantas, mas o nome Gal é bacana, a Bahia é um barato. Na contra mão, achei chato e caricato o Lex Luthor de Jesse Eisenberg, por sinal, outro judeu... Já estava vendo a hora em que alguém ia circuncidar o bilau do super-homem com kriptonita.

A impressão que o filme dá é aquela quando a gente tá com muita fome e pede um sanduba-super-monstro (hoje chamam sanduba de lanche) daqueles que o Dionízio fazia no trailer do Dionicão (essa semana circulou a triste notícia de seu falecimento, aos 59 anos) e depois não consegue nem mastigar direito. O Bacon, saca? Pra quê o bacon, cara? Então, acho que foi excesso desse tipo de coisa.


E olha que eu nem falei ainda do Batman Afleck, porque o mais esquisito foi ver aquele cara do filme M-Buterfly (como é o nome dele?) no papel do Alfred! Vou te contar... Os cegos já não podem ver! Enfim, por ser um fã de carteirinha acho que acabei relevando algumas bolas fora do filme, mas com reservas Até porque o Super-homem morre no final pra ressuscitar no ano que vem. Se é que vão dar conta de lançar o próximo filme em um ano, duvi-dê-ô-dó.

Santa mancada, Batman! Contei o final!


Descanse em paz mestre-cuca Dionízio. Imagino o céu se enchendo do cheiro juvenil de seus Brandenburgues, saciando a larica noturna dos eternos adolescentes...