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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

COTIDIANO JOCOSO


Como diz José Simão "O Brasil é o país da piada pronta". Atentem para a fachada do "Instituto de Beleza" que descobri um dia desses. Só se a beleza estiver no interior. Huhuahuauhaua!

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

NOVIDADES DO OSCAR 2010


No post anterior comecei falando do cinema francês e lembrei que agora no próximo dia dois de fevereiro será divulgada a lista dos indicados ao Oscar 2010. Eu - que não sou mão boba nem nada - já vi a maioria dos principais candidatos a candidatos mais cotados da estação e quero comentar e indicar alguns com veemência - e demência também:


Avatar. Esse não tem pirataria que dê jeito não mané, quem quiser ver vai ter que enfiar a mão no bolso e ir ver em 3D no cinema. A história é bastante lugar comum - especialmente se compararmos com alguns roteiros muito criativos e bem escritos que estão no páreo - mas o visual é realmente de cair o queixo! Olha, é uma obra daquelas que você sai do cinema se perguntando como é que o cara conseguiu fazer. O ingresso é salgado e difícil de se conseguir, o estacionamento é caro, a pipoca é um absurdo, mas já vi gente dizendo que vai voltar pra rever.


Invictus. Dessa vez Clint Eastwood acertou a mão! Finalmente evitando uma certa tendência ao popular dramalhão de produções anteriores como A Troca e Menina de Ouro, por exemplo, e ajudado por uma atuação muito classuda de Morgan Freeman - talvez inspirado na figura digna do próprio Mandela - a história vai num crescendo muito bem conduzido e acaba que te leva junto. No final dá vontade de ficar pulando também (você vai entender depois de assistir). Na minha humilde opinião: imperdível.


O Amor Sem Escalas. Um dos mais comentados, entrou em cartaz faz um dia ou dois. Apesar do título, não é uma história propriamente romântica. Aliás, já falei, mas quero reafirmar, que um dia ainda farei o maior blockbuster do Brasil, o título será: A Paixão do Amor no Coração. Qual a garota que vai resistir? É batata! Como diria Nelson Rodrigues. O ponto alto do filme é o roteiro elegante e as tiradas inteligentes, não são feitas concessões nem arremates de filme de sessão da tarde. A atuação de George Clooney está sendo muito elogiada, mas o que se vê é aquele velho feijão com arroz de galã sorridente e sedutor. Não atrapalha, mas também não decola, a história é que vale o ingresso.


500 Dias com Ela. Outro filme que vai decepcionar os corações apaixonados, o que até me deixou mais tranquilo, já estava começando a ficar com medo dessa menina Zooey Deschanel virar uma outra Meg Ryan. Essa produção me lembrou um pouco a abordagem fora dos padrões do excelente Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembrança, uma história que se dá ao direito de expor com criatividade como o “amor” pode ser uma insana gangorra na vida das pessoas: quando dá certo é ótimo, quando não é uma temporada no inferno. Não o recomendaria para recém-separados e corações partidos em geral.


Um Olhar do Paraíso. Uma pedrada na mente! Filme de serial killer narrado pela vítima. Peter Jackson - diretor da trilogia Senhor dos Anéis - embarca a gente numa fantasia que oscila entre o mundo obscuro de um assassino compulsivo e colorido da jovem vítima. Imagens deslumbrantes e um elenco de respeito: Raquel Weisz linda como sempre, Mark Wahlberg muito macho, Susan Sarandon ótima e cada vez mais relax e o convincente vilão interpretado por Stanley Tucci, ator que fez o marido de Meryl Streep em Julie & Julia e um gay refinado, braço direito da mesma em O Diabo Veste Prada.


Lunar e Distrito 9. É super raro aparecer um bom filme de ficção científica, geralmente eles descambam pra aventura exagerada ou se rendem ao apelo fácil das bilheterias. Lunar (Moon) e Distrito 9 não são nada disso e vão agradar em cheio os fãs do gênero. No primeiro, o ator Sam Rockwell segura a história praticamente sozinho num narrativa cheia de surpresas, um drama psicológico sobre o respeito à vida e a amizade. Lindo filme! Distrito 9 tem ação, mas o que se discute é o preconceito racial, uma das parábolas mais inteligentes que apareceram nos últimos tempos. Ambos obrigatórios para amantes do gênero ou não.


A Educação. Filme inglês retratando a entediante classe média britânica dos anos sessenta, uma dolorosa crítica aos valores furados do capitalismo. Talvez a maior surpresa do filme seja o ator Alfred Molina que arrebenta no papel de um pai autoritário e vaselina quando, em ambos os casos, jamais poderia ser. O grande lance dessa produção é que - apesar da distância temporal - os valores sociais discutidos são os mesmos de hoje, especialmente a educação, a ética e a moral quando confrontadas com o corrosivo poder financeiro exercido por pessoas que estão pouco se lixando para isso. O filme é bom, mas meio morno e tradicional em comparação com outros concorrentes.


Preciosa. É como uma versão moderna do filme “A Cor Púrpura”, embora pareça impensável existir um drama tão opressivo nos dias de hoje, é muito duro constatar que ainda exista tanta ignorância e sofrimento. Não fosse o filme tão bom só a surpreendente atuação da atriz Mo’Nique já o tornaria obrigatório, sua participação é explosiva e incrivelmente humana, dificilmente veremos outra interpretação desse nível, está amealhando todos os prêmios e o Oscar de atriz co-adjuvante só vai para outra se os acadêmicos estiverem doidos. Não percam esse filme!


Guerra ao Terror e Entre Irmãos. O primeiro tem sido muito cotado e até agora me pergunto do porquê, são dois filmes enfocando a ocupação gringa no Iraque e depois de um certo tempo da exibição você começa a tentar lembrar do por que do exército dos Estados Unidos estar ocupando a terra desses caras. Você já imaginou dirigir seu carro pelas ruas de sua cidade e topar com um bando de gringos armados até os dentes apontando fuzis, berrando e mandando você pra lá e para cá? Deus (ou Alá) me livre! A impressão que dá é que os próprios americanos estão se fazendo a mesma pergunta e trazendo o assunto à baila, afinal a indústria também serve para isso, para a comunidade debater.


Tem alguns prováveis candidatos que ainda não consegui ver como Amélia, com Hilary Suvaco (Swank?), sobre uma aviadora americana; 9 Nine, um muito badalado musical baseado no filme “8 e Meio” de Fellini e Coração Maluco (Crazy Heart) que nem sei se já tem título em português, mas se bem conheço as pessoas daqui vai acabar se chamando “Coração Apaixonado” ou algo que o valha. Este tem atuação bastante elogiada de Jeff Bridges, um dos meus sagitarianos preferidos, que, por sinal, estrela também o esquisito – e não falo só do título - “O Homem que Olhava Para Cabras”.


Só para arrematar não percam o Casamento Silencioso – ainda em cartaz na cidade - uma triste, porém belíssima história, passada na Romênia ocupada pelos comunistas nos anos cinqüenta. Não é todo dia que aparece um filme desse naipe.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

NOS TEMPOS DA NOVELA VAGA


Um dia desses morreu um dos principais diretores do movimento de cinema francês denominado “Nouvelle Vague” ou, como explicou o repórter que dava a notícia, “Nova Onda”. Fiquei rindo comigo mesmo, não da notícia - porque a morte de ninguém deveria ser motivo de riso - mas de minha própria cabeça na qual eu imaginava que a tradução para a expressão seria “Novela Vaga”. Talvez minha confusão venha do estilo cinematográfico cabeça daquela geração e suas histórias deliberadamente difusas ou talvez seja só costume de menino que inventa nome pras coisas que não conhece bem.


Têm muitas palavras e expressões que usamos sem sabermos realmente seus significados ou de onde se originaram. De vez em quando descubro de onde surgiram nomes de músicas e idéias de pessoas que, como nós, precisam expressar o mundo. Two Minutes to Midnight, por exemplo, uma música do Iron Maiden, faz pouco tempo descobri que era uma referência ao Relógio do Juízo Final (Doomsday Clock). “Murders In The Rue Morgue”, também do Iron, é referência a um conto de Edgar Allan Poe. “Killing an Arab” do The Cure é baseada no livro “O Estrangeiro” de Camus. E por aí vai...


Na infância eu curtia muito os Beatles, tinha lá em casa aquelas coletâneas das duas fases da banda e a gente ouvia muito aquilo. Um dos meus melhores amigos era baixinho e meio nóia com a própria altura, entrou numa de que ia ser gênio, era um dos poucos em nossa turma que estudava, sua meta era saber mais do que os professores. Pequenos frascos, grandes ambições. Conseqüentemente o cara não ligava muito para música e, só pra ele gostar dos Beatles também, o convenci que a música “I’m Down” era a história de um cara baixinho... Aquele sacana deve gostar mais dos rapazes de Liverpool hoje do que eu.


A época do Heavy Metal foi o auge dessas brincadeiras e denominações imaginárias. Lembro de uma reunião de metaleiros para a audição de um disco ao vivo do Ozzy Osbourne em tributo a seu falecido guitarrista Randy Rhoads. Lá pelas tantas o comedor de morcego incitava a platéia a cantar e gritava “Louder, louder” (“Mais alto, mais alto”; mas na pronúncia deles soa algo como “Láurar, láurar”) Daí que um dos seguidores da estética do mal questionou o muito venerável líder da tribo - o então vocalista do Thor, Fabio Boi - atrás do significativo (sic) daquela misteriosa invocação. Seria talvez o nome de algum demônio satânico? Quem sabe aquela não seria uma conjuração maligna para hipnotizar platéias? Desinteressado e sacana na mesma proporção o metaleiro respondeu:


- Rapá... Ele deve tá é chamando a mãe dele: Laura, Laura!


quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

VOX POPULI VOX MERDEM


Texto é bom quando cria polêmica não é não? Imagina fazer um texto insosso, limpinho, com o qual ninguém vai se indignar ou, pelo menos, ser sacudido da cadeira. Recebo tantas coisas escritas assim, certinhas, prontas para serem publicadas em alguma dessas colunas de leitor dos jornais locais. Não acho perda de tempo de quem o faz, nem de quem o lê. Só acho que o esforço poderia ser melhor aproveitado, parece que o capixaba não gosta, ou tem medo de rir de si mesmo, dessas babaquices que todo povo tem, e acho que enquanto não começarmos a o fazer não vamos evoluir enquanto cultura e sociedade. Vou nos dar um exemplo:


Nas minhas andanças por São Paulo agora nos feriados de fim de ano, rodei os sebos de praxe e voltei com mais de quatzentos (sic) livros na bagagem. Falando nisso o avião pegou muita turbulência na volta, nos jogou e sacolejou a ponto de lembrar uma montanha russa. As senhoras começaram a gritar e os homens a rir. Conhece aquela musiquinha? A festa da Dona Aurora começa a zero hora/ piroca dentro piroca fora/ os velhos jogam baralho as velhas chupam o tapete. Enfim, nem sei porque fui lembrar disso. Quando o bicho finalmente pousou em nosso mal afamado aeroporto as pessoas aplaudiram... Foi patético.


Dentre a caralhada de livros que comprei teve um que li ainda lá em Sampa mesmo, o título é “Suíte Gargalhadas – Contos e histórias engraçadas sobre música e músicos”. Obra nada séria, aliás, escrita pelo também músico Henrique Cazes.


Lembrei desse livro porque a Carlinha deixou um post meio que defendendo o “Rei” Roberto Carlos, lembrou o perigo dessa onda de impor vontades musicais em detrimento do gosto da maioria, sapecou até a seguinte frase: “Muitos totalitarismos sociais são reflexos de totalitarismos privados.” Na hora eu lembrei duma história que li no livro que falei acima e aqui a reproduzo:


MÚSICOS POLITIZADOS


Radamés Gnattali foi um ativo simpatizante do Partido Comunista Brasileiro. Nos períodos em que o partidos esteve na clandestinidade, chegou a oferecer sua casa para a realização de reuniões do comitê central. Mesmo tendo sido amigo de Prestes até o final, Radamés tinha uma queixa dos comunistas. Lá pelo oitavo chope ele lembrava:


- Toda vez que eu queria ajudar, eles diziam: “Radamés, faz tua música e deixa que nós fazemos a revolução.” Eu fiz um monte de música e os caras não fizeram droga nenhuma.


Outro músico politizado era o cantor e compositor Tayguara. No início dos anos 1980, quando vivia o auge do seu esquerdismo, só queria gravar compactos pois, estes sendo mais baratos, fariam com que a música chegasse até o povo. E foi para um compacto, na (gravadora) Continental, que Tayguara requisitou arranjos de Radamés.

O maestro caprichou e, quando as cordas acabaram de gravar, o resultado foi de fato impressionante. Tayguara estava tão feliz ao ouvir a música Sol de Tanganica, que não se conteve:


- Radamés, esse arranjo é uma vitória do povo brasileiro! Rada olhou pra ele por cima dos óculos e retificou:


- Esse arranjo é meu! O povo não entende merda nenhuma de música.


Então meninos e meninas: tenho que concordar com o maestro Radamés, por sinal um grande músico de nossa terra brasilis hoje relegado a um mais do que injusto esquecimento. Se deixar o povo arbitrar o que a gente vai ouvir, fudeu! Por outro lado, eu também concordo com vocês, digo com a Carlinha, em parte e quero até desejar uma vida longa ao “Rei RC”, afinal, se esse cara morre ninguém ia agüentar a encheção de saco né honey! Perahê que eu vou ali ouvir Amada Amante cantada em espanhol. Bejas!


terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Cara Comum - iJigg.com

Cara Comum - iJigg.com

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BACK IN BLACK... HUMOR!


Foi há muito tempo atrás, muito tempo. Descobri aquele livro do Adorno que falava do fetichismo na música e a diminuição da audição. A música ensurdecedora, o som que nossos pais detestavam ouvir. Hoje encasquetei que aquela música, odiada por muitos e por isso mesmo adorada por nós, apenas servia - e talvez até mesmo simplesmente existisse - para nos fazer sentir especiais, pouco mais do que isso. Era um som dito pesado, feito para ensurdecer, “seek and destroy” os tímpanos. Não era música para se ouvir propriamente, era o símbolo de nosso abandono, de nossas feridas mais escondidas e que em represália estávamos abandonando também. Como o quê? Tudo, ora!


Então, não sei porque, lembrei que odiava a música de Roberto Carlos – hoje prefiro não odiar nada porque dá menos trabalho. Tem que explicar? Não? Pô que bom! - talvez mais do que isso, eu odiava tudo o que o pacotão do Rei e suas canções representavam: o poder aquisitivo e o consumismo, a Rede Globo, os sorrisos vazios, orgulhosos e pedantes daquelas pessoas que não tiveram escrúpulos de escalar a montanha social e retirar dela até o que Deus duvida. Escolhi me limitar ao básico, quer dizer, nem sei se escolhi... Acho que, na medida que entendia o jogo, fui ficando assim... Entediado e arredio.


Um dia estava fazendo compras no supermercado Carone da Leitão da Silva com a Rio Branco – por falar nisso, é incrível como aquele lugar vive lotado! – e no som “ambiente” estava tocando das canções do Roberto... Era uma época em que eu detestava fazer compras, hoje já não fico tão mal humorado, mas naquela época era um suplício para mim. Batia uma sensação fodida de estar perdendo tempo que nem um idiota, enfim, eu achava aquilo um tiro no saco... Imagine então tomando na cabeça uma após outra daquelas melodias emblemáticas de tudo o que para mim se concentrou de mau gosto, cafonice e tristeza na música popular brasileira. Eu sei que tem coisa pior! Claro!! E a lista seria imensa. O problema é que esse cara é destes o Rei confesso e coroado, conseqüentemente, ele tem que ser necessariamente o primeirão da lista!


Vai que chegou uma hora não agüentei mais e, ao invés de simplesmente ir embora putão da vida sem comprar porra nenhuma, fui procurar a gerência para, como diriam os Piratas do Caribe: parlamentar:


- Amigo, me ajuda. Eu odeio fazer compras. Você está me entendendo? Cara, juro, eu acho realmente um saco! Então, fazer compras ouvindo esse mala do Roberto Carlos ninguém merece, é tortura cara! Muda lá esse disco amigo, pelamordedeus. Olha que eu vou embora hein? – O sujeito ria desembestado, parecia não acreditar e ainda argumentou:


- Mas tem tanta gente que gosta...


- Ô amigo e como tem, mas me ajuda ahê, troca esse negócio lá vai... Se alguém vier reclamar pede pra conversar comigo que fui eu que pedi.


E realmente ele trocou, não me lembro mais nem pelo quê, também ninguém me procurou pra defender a honra Robertocarliana... E eu doido pra dizer umas verdades. Hoje em dia lá no Carone rola disco - sempre o mesmo - daquele rapaz que faz som de barzinho o Emerson Nojeira, segundo ouvi dizer, uma espécie de flanelinha musical de boteco, saca? Aquele cara que tá ali apenas pra te incomodar e depois ainda te cobra por isso. Hehehehehe! Brincadeira, pelo menos não é tão ruim como o mala número um da MPB. Mas para onde é que esse texto ia mesmo? Isso é que dá meter Adorno na conversa...