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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

MAIS RAPIDINHAS CULTURAIS IMPERDÍVEIS...


Chegando mais uma edição das Rapidinhas Culturais da Letra Elektrônica, falando "nilson" hoje estarei na Mata da Praia apresentando uma festa em comemoração ao dia da secretária, só que não é a “elektrônica”: é mole? É mole sim, mas se você “balançar geral” vai ver só o que acontece. Huhauauha!


Recebo um convite de meu amigo o violinista e maestro Leonardo Davi - que está desempenhando um trabalho muito bom e importante à frente da Camerata do SESI – para mais uma apresentação imperdível no Teatro da instituição em Jardim da Penha, que, falando nisso, conta agora com um sonoro Piano de Cauda da Yamaha.


Para quem não sabe a empresa Yamaha começou como fábrica de instrumentos musicais, ou vocês nunca repararam na logomarca que é a figura de três diapasões cruzados? O diapasão é essa paradinha aí à direita, ele produz a nota lá e é usado por músicos para afinar seus instrumentos. Após a segunda guerra mundial, com o bicho pegando no Japão é que eles resolveram investir no ramo de motocicletas e deu no que deu, mas isso é outra história...


Antes de prosseguir quero esclarecer ainda mais um point, porque a Letra também é cultura, não é só roquenrou não:


Senão vejamos: cauda de animais e, conseqüentemente, de piano também se escreve com “U”, calda com “L” é aquela paradinha feita com açúcar e água que rola nas sobremesas engordáiets do paraíso. Fui informado que no Google, as entradas para “piano de cauda” escritas com “L” são mais de um milhão e com “U” por volta de setenta mil. Portanto - galera do besteirol e amantes da cultura inútil - não confiem em nossos amiguinhos internautas. Afinal esses detalhes fazem toda a diferença em nossa vida não é?


Mas então, a apresentação vai acontecer amanhã, dia primeiro de outubro (quinta-feira) às vinte horas - oito da noite se preferirem – com entrada franca. No repertório serão apresentadas peças de Handel e Tchaikovsky, a sinfonia N° 27 de Haydn e o concerto para Piano (teclado na verdade, nessa altura do barroco ainda não existia o piano como o conhecemos) e Orquestra em Ré menor de Johann Sebastian Bach, com a solista Patrícia Souza.



Mais uma rapidinha só pra gente arrematar vem da Companhia de Teatro Os Taruíras Mutantes, uma espécie de acapixabamento das Tartarugas Ninjas. Heuheuheuhe! Segue abaixo o convite do monólogo “O Estranho Y O Cavaleiro” com meu amigo o “Coroné” Reginaldo Secundo - você em primeiro lugar – vencedor do prêmio de melhor ator pelo Omelete Marginal. Eita! Bora lá cambada! Chegou a hora dessa gente capixaba aculturada mostrar seu valor...


domingo, 27 de setembro de 2009

FILME "UP ALTAS AVENTURAS" É IMPERDÍVEL!

Outro dia escrevi sobre a estagnação da criatividade e essa época careta e repressora em que vivemos, tinha lido algumas afirmações nesse sentido - especialmente de Gerald Thomas – e tentei racionalizar, talvez também incomodado por essa sensação de que não há nada de novo no front. Mas na quinta passada a Disney Pixar me pegou no contrapé, ou melhor, o filme “Up Altas Aventuras” mostrou que um novo mundo já chegou e que a arte cinematográfica da era digital, aliada à computação gráfica, conseguiram finalmente nos trazer alguma novidade.


Já de posse daqueles óculos de Clark Kent as imagens começaram a saltar da tela nas clássicas vinhetas do velho Disney, aquele castelinho que dizem ter sido baseado no de Ludwig o Rei “bicha louca” da Baviera dos tempos de Wagner.


Ainda nos trailers exibiram um curta chamado “Partly Cloudy”, simplesmente delicioso; mais engraçado até que o próprio longa que viria em seguida, e também utilizando a deslumbrante gama de recursos visuais da era 3D. Não tenho medo de afirmar sem exageros: amigos, só esse curta já vale o ingresso. É uma historinha de cegonhas e nuvens que fabricam bebês - que muitas gatinhas de cabelo azul considerariam “fofo”, - de deixar qualquer um deslumbrado com o resultado; tanto do roteiro, quanto dos efeitos visuais.


O prato principal da noite é a primeira investida da Disney na tecnologia 3D que, depois do que vi, estabelece um novo fazer cinematográfico e ninguém mais vai segurar. É um salto como o que foi do cinema mudo pro falado, do preto e branco pro colorido. A experiência de ir ver um filme nunca mais será a mesma, um novo tempo chegou. Foi a primeira vez que saí de uma sala de cinema com a sensação de ter me deparado com uma arte realmente nova. Logo no momento em que nos queixamos da estagnação, tomei um cala-boca. Não bastasse isso tudo, “Up – Altas Aventuras” ainda por cima é um filmásso.


Comparações se fizeram com a triste e curiosa sina do Padre Adelir Antonio de Carli, aquele mesmo que ficou famoso no ano passado ao tentar voar numa amarração de balões de soprar caseiros e desapareceu no dia 20 de abril de 2008. Seu corpo só seria encontrado por acaso, quase três meses depois de sumir (em 3 de julho), a 100 quilômetros da costa do Rio de Janeiro, na altura de Maricá. Os produtores do filme negaram terem se inspirado nessa história, aliás, durante a participação no tradicional Festival de Canes – Up foi a primeira animação a abrir o Festival em toda sua história – disseram desconhecer o caso.


Detesto filme dublado, até cai no meu conceito quem tem preguiça de ler legendas, mas para desenhos e animações dá pra dar um desconto. O próprio “Os Incríveis”, outro golaço dessa turma da Pixar, é mais divertido de se ver em português do que no idioma gringo, sem falar que com as legendas perderíamos um pouco da visualização dos efeitos. O papel principal de “Up”, Carl Fredericksen - descrito por muitos como um velhinho ranzinza e eu acho que não é bem o caso, vai ficar velho pra ver aonde seu bom humor vai parar – foi dublado por Chico Anysio, um verdadeiro gênio dessa nossa nação ingrata, não poderiam ter escolhido melhor voz, entonação, noção de tempo e de comédia/emoção.


Não vou mais ficar contando muito do filme, porque a surpresa é o elemento mais importante na arte: quero apenas o recomendar. Até acredito que alguém vai dar um jeito de vender essa nova tecnologia 3D para dentro de nossas casas, mas ainda deve demorar um bocado e não vai sair barato. Enquanto o futuro não chega de verdade dá um pulo lá e confere com seus próprios olhos. Daqui a um tempo ninguém mais vai precisar viajar mil quilômetros para ficar cara a cara com sua banda preferida. Aliás, só pra terminar com um pensamento pessimista, porém real: já imaginou essa tecnologia voltada para os filmes pornográficos que desbunde - literalmente - não seria?


quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A BAIXARIA É O DESTEMPERO DA VIDA?


Um cara filma e assovia, o que ele quer? A moça está histérica, como as crianças que fazem pirraça, manda o cara enfiar o assovio no cú! Ao longe os cães ladram e as pessoas se divertem. Um psicólogo é convocado para opinar e disse que essa banalização do mau uso da Internet é ruim para as relações. O jovem Pedro, pivô da confusão, não pensa assim, posa sorridente em todos os jornais, vive plena e alegremente seus quinze minutinhos de fama. Os internautas criticam duramente o psicólogo por sua caretice, querem ter direito aos barracos e democratizar a baixaria... Não, o que temos hoje ainda não é o bastante...


Em um dia do passado distante apareceu uma linda garota no escritório em que eu trabalhava, ao alvoroço de sua presença seguiu-se a decepção: dentro de nossas regras ela veio parar em minha mesa de trabalho. Logo iniciaríamos um pequeno romance, era uma mineirinha estalando de nova, uma espécie de pré-lançamento na cidade. Aliás, adoro antiguidades: moro em um prédio antigo, sempre tive carro velho, a única coisa que naquela época ainda despertava minha ambição por novidades situava-se no campo dos relacionamentos afetivos ou dos puramente carnais, se é que vocês me permitem fazer uso de um termo tão caretinha e, ao mesmo tempo, autofágico e estrambótico.


Vivíamos épocas difíceis e fartas ao mesmo tempo, uma espécie de atualização do célebre drama de Hamlet: “Ter ou não ter, eis a questão!” – Possuir, tomar posse, conquistar. Depois de ter o que fazer? Saímos duas ou três comportadas vezes, eu já estava começando a ser acossado por aquela sensaçãozinha chata de que “aquilo não era bem o que eu queria” quando rolou um tremendo grilo. Tínhamos combinado um cinema para aquela noite, no final da tarde a mineirinha me liga aos prantos dizendo que seus pais tinham a proibido de continuar me vendo.


- Foi a dentista Juca, foi a dentista! – Família tradicional de Belo Horizonte, recém chegada na cidade dos capixabas a matriarca resolveu sondar o novo namorado da filha numa consulta dentária - Até hoje, nem que eu quisesse, poderia conceber situação mais espantosamente ridícula - A dentista não me conhecia realmente, disse apenas o que já tinha ouvido falar de minha pessoa: absurdos amigos, calúnias sonoras de fazer corar a namorada sem chip do tal sorridente Pedro. Finalizou seu relatório aconselhando a matrona a afastar a filha para o mais longe possível de minha terrível - e extremamente periculosa, drogada e prostituída, filha de satã - presença.


Era difícil acreditar no que eu ouvia, eu estava no trabalho e logo tinha um pequeno exército querendo ver a cor do sangue da tal “Doutora” Margareth sei-lá-das-quantas que me tinha em tão má conta. Escorado numa das máximas preferidas de Macunaíma resolvi tirar aquela história a limpo: “Falaram mal, preparar o pau!” Descobri que o consultório da peste ficava apenas a uma quadra de onde eu trabalhava, sem nem pensar parti furibundo para ação; cheguei tremendo de raiva, devia ter levado alguém do escritório para me acalmar. A secretaria disse que “a Doutora” estava chegando. Esperei em pé na ante-sala, resfolegando de um lado pro outro, balançando a crina e batendo os cascos no chão que nem cavalo bravio. Aiôu Silver!


Passou um tempo e me acalmei um pouco, mas não achei uma boa a queda de rotação do motor, então caprichei olhares implacáveis de matador sanguinário, facínora foragido dos livrinhos de bang-bang do passado. Logo apareceu uma mulher vestida de branco sorrindo e cumprimentado a todos: nunca tinha visto aquela infeliz em toda a minha vida e pelo jeito nem ela, que me olhou amigavelmente, fazia a menor idéia de quem eu fosse. A infeliz foi entrando e eu, sem deixar chance de reação pra cretina da secretaria dela, a popular secretina, invadi o consultório grudado em seu desagradável pandeiro, parecia - e me sentia mesmo - a encarnação do demônio. “É hoje que eu vou a forra!” (Dentes de Sabre – Uncanny X-Men N° 243, pg. 94)


- Escuta aqui “Doutora” Margareth: você me conhece? – A mulher me encarou sorrindo e fazendo uma careta engraçada, parecia pensar que se tratava de algum tipo de brincadeira. Repeti a pergunta agora demonstrando uma certa tensão na voz o que a assustou e fez com que instintivamente se colocasse atrás da cadeira odontológica, sei lá o nome daquela porra. – Olha bem pra minha cara “Doutora” e agora me diz: a senhora me conhece? – Finalmente ela disse que não, parecia curiosa com o desfecho de alguma brincadeira ou piada. – Pois é, eu sou Juca Magalhães!


- Ai meu Deus! – Colocou a mão sobre o peito e sentou em uma cadeira como se fosse enfartar. Fia das unha miseráviiii!!!


- Meu Deus é o escambau! (Subindo o tom) Como é que você sem nem me conhecer me difama do jeito que você fez hein “Doutora”?! (Sobe mais um pouco) Que merda é essa?!! (Gritando e dando porrada na mesa) Você é doida?!!! – O consultório era em uma daquelas salinhas comerciais, a mulher fez menção de se levantar e tentar se evadir, mas logo me coloquei entre ela e o corredor. Lá de fora, na sala de recepção, comecei a ouvir o zum zum zum. – Pega esse telefone agora e liga pra família da minha namorada, diz que você se enganou de pessoa, que tudo o que você falou não tem nada a ver comigo. Aliás, fala a verdade: que você é doida e que fala mal de todo mundo mesmo, que é um tique nervoso que você tem e que eu dei azar de ser sua vítima dessa vez.


- Eu vou ligar... Olha, você me desculpa.


- Não quero ouvir desculpa, não vim aqui pra ouvir desculpas, porque não se faz o que você fez. O que eu quero é que você ligue agora para a mãe da menina que está lá chorando por sua causa e quero que ligue aqui na minha frente. Anda, pode ligar! – Tremendo que nem vara verde a miserável ligou e desmentiu tudo, disse que tinha sido um mal entendido, mas meu ódio não estava sanado, nem de longe; acho que nunca vai estar, nem que eu a tivesse processado, estripado ou estapeado estaria. Só de relembrar esses fatos tão distantes na memória revivo claramente aquela amarga sensação de injustiça e de indignação que envenena o sangue da gente. Eita!


Fiquei tão desgostoso com todo furdúncio que passado pouco tempo mandei aquele namorico careta – com o qual eu já andava desanimado mesmo - pras cucuias. A confiança e o respeito são as bases de uma boa relação e - falando especialmente dessa ex-futura-sogra de tradicional família mineira – uma pessoa que dá ouvidos e crédito a qualquer merda que ouve pela rua não merece nossa consideração, muito menos privar de nosso apreço e de nossa companhia. Nunca mais vi a tal linda mineirinha, deve estar por aí casada e cheia de filhos. Agora, a tal “Doutora” eu descobri essa semana no Orkut de uma amiga, daí lembrei da história e resolvi mostrar pra todo mundo esse retrato agridoce...


Tomara que o tempo tenha trazido algum juízo para a "Doutora" Margareth não-sei-das-quantas ( aliás, sei sim mas o juízo e a prudência me impedem de dizer) como trouxe para mim, mas se não tiver também que se foda né? Todo mundo espera sempre o pior das outras pessoas, a baixaria é o destempero da vida.


quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Poemas encontrados em meio a lembranças...


Labirinto:


Eu, eternamente seu.

Seu, eternamente eu

Seu eu, eternamente

Eternamente seu, eu


Morte Prematura


Amores deram certo

Amores deram errado

Medo, medo; medo, medo!

Estou só, estou acompanhado


Estou perdido, eu fui encontrado

Seu amor é muito cedo

Era vidro e se quebrou

Medo, medo; medo, medo!


Estar só e reviver

Liberdade e esperança

Leão desdentado, cavalo manso


Casa vazia e em paz

Como em um cemitério

O coração descansa ... Jazz



segunda-feira, 21 de setembro de 2009

MOZART DE GRAÇA NO TEATRO DO SESI


Segue o convite para o concerto de formatura da pianista Alice Nascimento que bem poderia assinar Magalhães também, afinal acompanha e aguenta faz um tempo as idas e vindas indossincráticas deste locutor que vos fala, melhor escreve, enfim: sei lá...

Então, a entrada é gratuita e tem como prato principal uma transcrição para orquestra feita por Mozart a partir de uma sonata para teclado (cravo ou pianoforte) de Christian Bach, o famoso Bach de Londres, filho do velho Johann Sebastian e que tem o mérito de ser um dos pais do estilo clássico.

Alice será acompanhada pela Orquestra Jovem Vale Música, formada por meninos e meninas que descobriram a música através deste projeto da Ong Phylamronia Arte e Cultura - Fundação Vale e que comemorou nove anos no domingo passado. A regência fica por conta do maestro Modesto Flávio, um estudioso do estilo "galante" em que a obra a ser apresentada se insere.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

BIZARRICES DA "THE RAÇA HUMANA"


Sou um antigo frequentador de sebos, adoro descobrir aquelas pérolas escondidas em meio aos campeões de venda do passado. Misturado com um Morris West, um Sidney Sheldon sempre aparece algum livro interessante, como foi na minha última pescaria. Achei uma edição comemorativa do 50° aniversário da semana de arte moderna do livro “Aspectos da Literatura Brasileira” de Mario de Andrade. Pra melhorar o negócio a banca estava fechando e o dono estava fazendo um queimão de estoque, levei comigo aquela preciosidade por apenas dez reais.


O livro tem momentos deliciosos e sacações muito pessoais do autor. Olha só essa trecho: “Devia ser proibido por lei indivíduo menor de idade, quero dizer, sem pelo menos vinte e cinco anos, publicar livros de versos. A poesia é um grande mal humano. Ela só tem direito de existir como fatalidade que é, mas esta fatalidade apenas se prova a si mesma depois de passadas as inconveniências da aurora.”


É uma afirmação de um homem maduro que vai ferir os brios de muitos jovens poetas por aí, por outro lado conheço autores que se envergonham de livros que publicaram na juventude, se pudessem recolhiam tudo. Outro exemplo, embora não tenha muito a ver, é o caso da apresentadora Xuxa Meneghel e sua participação no filme “Amor Estranho Amor”, da qual ela se arrepende e tenta furiosamente aniquilar vestígios. A ambição de ser alguém, o desejo de se firmar pode resultar nesses constrangimentos quando a carreira já está plenamente estabelecida. Por outro lado, digo no caso da Xuxa, existe a pressão de um meio em que a sacanagem rende muita grana.


Ontem assisti a uma entrevista muito boa do ator Pedro Cardoso para a jornalista Leda Nagle no programa Sem Censura da TVE. Sem papas na língua o ator disse o diabo contra os paparazzi, disse também que a televisão é dirigida por um bando de pessoas medíocres que tentam o tempo todo enfiar pornografia em tudo, que várias boas atrizes deixaram a profissão para não se sujeitar a constrangimentos e que várias outras sofrem horrores por aceitar a exposição desnecessária e gratuita de seu corpo de sua intimidade.


Uma atriz amiga minha passou por uma situação ridícula destas, foi fazer um teste para entrar em uma peça de teatro aqui na Região da Grande Vitória e a primeira coisa que falaram pra ela foi: tira a roupa toda agora. Surpresa e já assustada disse que não ia tirar, daí a mandaram beijar um cara. “Mas que porra de teste é esse? Vocês não vão me dar nada pra ler?” Deram foi um pé na bunda dela, que hoje segue a carreira de atriz no Rio, onde, Pedro Cardoso mesmo disse, a situação não é em nada diferente.


Pra finalizar retomando o assunto do início vai aí uma das pérolas que encontrei no famigerado “Cebo do Golias”, querido amigo que faz aniversário no mesmo dia que eu. Quando vi a capa do disco dessa banda não me agüentei, tive que comprar. Hoje ela fica aqui em casa aberta à exposição. Atentem para o perfil do trio: mezzo-pipoqueiro, mezzo entregador de pizza; os cabelos estilosos, a combinação das cores das camisas. Mas nada, nada mesmo, suplanta o nome da banda “The Raça Humana” é, como diria Délio: Phoooddaaaaa. (Foda com “PH” de Pharmácia, três “Ós” de “Hollywood”, dois “Dês” de Toddy e cinco “As” de Maracangalha!)



quarta-feira, 16 de setembro de 2009

NÃO SE SACANEIA UM SACANA


Ando em espírito contrário ao do chuvoso início do ano, quando passavam batidas as oportunidades de dizer coisas, andei comendo pimenta e a ponta da língua está queimando os ouvidos do alheio. Alice chegou doida para “inaugurar” a nova Pizzaria Napolitana que agora está na esquina aqui de casa. Fomos lá e descobrimos que era dia de folga... Mas que azar!


É curioso porque ontem me sentia abençoado, no meio da tarde precisei resolver um problema na UFES e passando pela ponte nova vi um galerão no cantinho. “Será que é um grupo de turistas que passou e resolveu parar pra conhecer a novidade?” Nem dei bola, passei batido e na Universidade me desembaracei dos compromissos na maior tranquilidade. Na volta descobri qual era a da muvuca: estava acontecendo uma puta manifestação de professores da rede municipal... Do outro lado da pista. Se eu demorasse um pouquinho para sair de casa teria ficado horas naquele furdúncio... E minha mulher estava irredutível em sua compulsão pizzaiola.


Dei idéia da gente ir pra Pitzarella que afinal é também pertinho, chegamos lá e estava cheiássa para uma noite de terça-feira. O garçom apareceu rodopiando que nem um Demônio da Tazmania. Pedi logo uma cerveja e Alice um Sprite o homem saiu novamente desembestado. Enquanto o víamos correr solitário por todos os cantos chegamos a conclusão que o coitado estava sozinho, atendendo todo mundo alucinado que nem uma enceradeira elétrica desvairada.


Não demorou e vem ele com a minha cerveja, eu estava de bom humor e pra ser amigável falei:


- Você está sozinho hoje? – Querendo dar uma de esperto, rolou o aparte inesperado.


- Claro que não. Vocês estão aqui comigo... – Mais amigavelmente, porém sério, falei:


- Você está insinuando que eu deveria te ajudar a servir as mesas?


* * *


De tarde me meti numa semi roubada e acabei voltando pra casa de Transcol. Tenho alguns amigos bem de vida que nunca andaram de ônibus, imagine só... Eles não sabem o que estão perdendo. No fundo da baiúca tinha quatro garotas mezzo-vulgar, mezzo-calabresa; falando alto, rindo, fazendo de tudo um pouco para chamar atenção e o único lugar vago era perto delas. Eu estava com um livro de Mario de Andrade e passei a ter dificuldade de o ler com a cacarejada daquelas meninas. Lá pelas tantas o batom de uma saiu voando e veio parar bem embaixo de minha cadeira.


- Ih! Sirlene, o batom foi parar embaixo da cadera do cara! – Me abaixei e consegui alcançar o que era um tubinho vermelho de plástico, as meninas se alvoroçaram todas com insinuações picantes – exclusive no mau sentido. Percebendo a aliança de casado em minha mão esquerda a dona do artefato voador me aconselhou espalhafatosa a ter cuidado para não sujar a roupa senão ia ter barraco quando eu chegasse em casa. Devolvendo a parada falei, enfático como quem já ligou o foda-se:


- Fique tranquila querida, minha mulher só fica grilada quando a mancha do batom tá na cueca.


terça-feira, 15 de setembro de 2009

PARA ANDAR PELO CAMINHO DOS BONS

Para andares pelos caminhos dos bons,

e te conservares nas veredas dos justos.


Provérbios 2:20

Todo mundo gosta de reclamar, somos velozes e furiosos na hora de “meter o pau” – também disponível na versão XXX do termo. Exercer a crítica é nossa forma de auto-afirmação. Quando dizemos que ninguém faz nada certo, pressupõe-se que faríamos melhor: ou não? Quando surge um problema a primeira coisa que pensamos é no culpado, nunca no que fizemos para que o aborrecimento viesse bater à nossa porta. Muitas vezes quando estou procurando alguma coisa dentro de casa penso logo que a empregada “escondeu”, dou pinotes, pergunto a minha mulher onde ela “enfiou” o que eu procurava. Pouco tempo depois lembro que eu mesmo tinha largado no carro.


Um tempo atrás recebi um email cheio de afirmações senso e lugar comum com relação a problemas nacionais tão antigos como o pau Brasil. Falava muito mal dos funcionários públicos. Ponderei de volta que hoje em dia o atendimento das empresas privadas estava tão ruim ou pior, vide os planos de saúde, as empresas de telefonia, os bancos – a maioria em nada difere dos públicos, nada! – e por aí vai. Ultimamente tenho percebido mudanças, grandes mudanças. Tenho mais aborrecimentos lidando com empresas privadas do que com públicas. Lembro uma vez que tive inúmeros problemas com a operadora Vivo e a moça do Procon – que me atendeu de maneira atenciosa, educada e rápida – me disse pra nem me iludir em trocar de empresa, as reclamações contra as outras eram iguais ou piores.


Não sei se eu estava abençoado hoje, mas como já disse: sou mão aberta para reclamar e pão duro na hora de agradecer. Penso que isso não deve ser mais assim. Fui abastecer o carro de manhã, parei num posto da Avenida Leitão da Silva perto do Centro de Convenções de Vitória. Lembrei que estava na hora de trocar o óleo do motor – desta vez sem conotações libidinosas – fui atendido por um rapaz esperto que disse que faria a troca em oito minutos. Como estava calor minha mulher foi tomar um sorvete e eu fiquei fiscalizando o serviço. Não demorou e estava pronto. Enquanto ela passava o cartão falei que ia calibrar os pneus, o rapaz logo se ofereceu para o fazer e como minha mulher demorava resolveu lavar os vidros.


Nas eleições passadas colei um adesivo de meu candidato no vidro de trás do carro e aquela desgreta nunca mais saiu, várias vezes pedi para o pessoal do lava-jato dar um jeitinho e ninguém deu conta da tarefa. O rapaz do posto falou comigo: “é só colocar querosene”. Falei que nem dinamite tirava aquele plástico endemoniado. Ele riu e voltou com um pano encharcado de álcool combustível, na mesma hora a porcaria grudada a mais de um ano saiu todinha. Fiquei besta e perguntei o nome dele: “É Sandro”. – e ainda comentou orgulhoso – “Tem muita gente com má vontade por aí doutor...” Agradeci muito ao Sandro e ainda disse que seu bom atendimento era coisa rara na cidade. Ô se não é. Mas as coisas estão mudando.


Do posto eu tinha uma pedreira (imaginária) pela frente, precisava resolver um problema de minha carteira de trabalho e fui orientado a procurar outro posto, o de atendimento da Justiça do Trabalho na Casa do Cidadão, ali em Maruípe. Para minha surpresa fui quase de pronto atendido por uma mulher tranqüila e simpática chamada Denise que me deu todas orientações, esclareceu minhas dúvidas e me encaminhou para um rapaz chamado Vanderlei que montou meu processo e em questão de uma hora estava resolvido o que eu temia ser uma enorme aporrinhação. Rapaz, até cafezinho eles me serviram! Agradeci muito o tratamento que me dispensaram, mas acho que com esse texto muito mais gente vai poder saber dos quantos e tantos bons brasileiros estão por aí trabalhando direito e educadamente, fazendo toda diferença, enquanto nós continuamos ávidos por criticar.


segunda-feira, 14 de setembro de 2009

RECORTES DO MUNDO BIZARRO

Navegando pela Internet a gente encontra muita bizarrice, clássicos da cultura inútil que logo viram assunto comentado, como tem acontecido com os nomes estranhos e engraçados das duplas sertanejas. Embora eu ache que a dita “música” feita por eles seja motivo de chacota bem mais significativo. Mas vamos ao primeiro recorte do mundo bizarro para alegrar essa segunda-feira, dia difícil de atravessar para a maioria das pessoas:


Se você se diverte com o nome de duplas sertanejas como Pau Grosso e Curralinho vai aí o Orkut de um trio de forró que não deixa dúvidas quanto às intenções libidinosas de sua poética:


Clique na imagem para aumentar:


Meu bisavô tem “Pedro” por sobrenome, sempre achei curioso alguém ter um prenome como sobrenome, daí resolvi pesquisar na Internet alguma coisa do assunto e achei o site dessa família “Nascimento Pedro” criadores de pombos-correio e praticantes da “columbofilia”, que, antes que vocês possam pensar, não tem nada a ver com a pedofilia. É a tradicional arte das corridas de pombos-correio. Fala sério, vocês não morreriam sem saber disso não é? Não posso nem imaginar o quanto deve ser emocionante acompanhar uma corrida de pombos...



Família Nascimento Pedro: http://www.familiapedro.loftgest.com/


Pra finalizar temos um assunto assaz bombástico que é a Teoria dos Mafagafos, depois do aparecimento da flufa ainda não consegui encontrar assunto mais interessante no universo internauta. Esse recorte vem da Desciclopédia, uma espécie de Wikypédia cover esculhambada:



Teoria dos Mafagafos: http://desciclo.pedia.ws/wiki/Teoria_dos_Mafagafos

domingo, 13 de setembro de 2009

NOVELA DIZ QUE O BRASIL É O PAÍS DAS PSICOGATAS!

Comparo o Brasil com uma criança perdulária,

Que vive na miséria mas tem a mãe que é milionária


Noel Rosa


Não sou noveleiro, mas também não faço parte dessa turma esnobe que tacha a televisão de fábrica de antas ou qualquer outra coisa intelectualóide do gênero. Se não estou fazendo nada assisto novela numa boa e muitas vezes me divirto horrores. Aliás, como poderia dar opinião sem assistir? São ossos do ofício Mané. Além do mais, é muito prazeiroso criticar essa que é a principal porta para entrada de mensagens subliminares do país, e que por essas e outras tantos brasileiros amam! Me sinto um Galvão Bueno narrando vitória do Brasil sobre a Argentina, eu me “acontento” mesmo, tá ligado?


Daí que vai que eu não fui e finalmente chegamos ao fim do Caminho das Índias. Vi só uns pedaços do último capítulo e ainda assim na volta do buteco do Danilo, pela nova legislação eu não poderia nem estar dirigindo, quanto mais tentando entender alguma coisa daquelas mal traçadas linhas, mas bota mal traçadas nisso. Aliás, se a gente parar pra pensar bem a própria novela tem “Globo tudo a ver” com a música que fez mais sucesso em sua trilha sonora:


Você não vale nada mas eu gosto de falar mal de você, tudo que eu queria era saber por quê!


Cara, o que era aquele bigode do dito Gopal? (escorrega no tapete e cai de boca no meu umbigo, aproveita e dá uma geral aí na flufa) Como é o nome daquele ator mesmo? André alguma coisa, né? Marques não é, esse é aquele gordinho enjoado com cara de quem foi criado à base de Toddynho e que apresenta o Vídeo Show. Enfim, nem sei, que diferença faz? Nem nos tempos de Sarney e Belchior um bigode tão sonoro desfilou pelas telinhas patropis... Tic!


Bom, também, não vou ficar escrevendo, escrevendo, porque isso não é assunto suficiente para um post inteiro, um meio post no máximo, mas o que rola é que tem uma parada que eu cismei. A psicopata da trama - por sinal, a ainda abiscoitável Letícia Sabatela - escapou linda da cadeia, fugiu impune para a liberdade, perereca ao vento, aranha fora da gaiola. Fiquei matutando sobre a verdadeira mensagem que a autora da trama quis dar ao país concedendo esse final feliz para pessoa tão nefasta e psicogática. Será que ela quis dizer algo como: Vocês estão vendo só? É isso o que os criminosos ganham no Brasil: Liberdade!


Posso estar errado – e comumente estou – mas acho que o fato de Guilherme de Pádua - após ter perpetrado aquele crime bárbaro contra a filha da autora - estar solto hoje, levando a vida normalmente como qualquer um, confere essa sensação de injustiça ao nosso sistema penal como um todo, e essa sensação se explicitou no final feliz da apetecível vilã. Para a autora ser literal – mostrar as falhas de nossa (in-)justiça - teria que dar outras voltas na história que a trama não comportaria, então, deu-se um jeito de libertar Yvone para pelo menos demonstrar que o psicopata não se aperta e que para esses doentes - com quem todos convivemos - o crime vai sempre compensar.


sábado, 12 de setembro de 2009

TODOS CONTRA O TEMPO AGORA!

o,

Eu poderia pensar em música, mas um dente me dói e a orelha direita coça (...) Tive que parar de escrever, não posso coçar a orelha direita com a mão esquerda, não sem parecer um macaco pateta. Levo a mão esquerda até a orelha direita e não me sinto imbecil, inclino um pouco a cabeça para o lado e pronto. Foi só um teste, a orelha não coça mais.


Penso em passar no buteco do Danilo e tomar umas três cervejas no caminho de casa, é um “copo sujo” na mais completa acepção da palavra, praticamente freqüentado por homens, parece um club inglês, ou um “pub”. Lembro que ali perto tinha um treco desses, com jogo de dardo e outras paradas. Namorei uma garota assaz apetecível e certa vez, bebendo lá com a irmã dela e o namorado, nos bolinamos frenética e discretamente por debaixo da mesa. Fazer sacanagem já é bom, debaixo do nariz da irmã mais velha é puro êxtase!


Penso em ir embora caminhando, penso que preciso caminhar. Penso, penso, penso que estou pensando. Por que será que de vez em quando tenho essa impressão de que somos mergulhadores dentro de um escafandro? Cruzes, minha prosa está virando poesia! Hey man help a guy out. Hey man help me, outch!


(...) Tem quatro coroas no bar do Danilo, freqüentadores assíduos, tenho a impressão de que vir aqui é o principal lazer em pleno ocaso. Um disse que acertou o despertador para não perder a hora de vir pro boteco. Eles não jogam dominó, apenas olham o trânsito da Avenida Beira Mar - que neste trecho não o tem – como se fosse o oceano. Um lê um livro, outro fala ao celular: todos estanques, dissociados, é como se esperassem alguma coisa. Os carros passam rugindo ensurdecedoramente, estremecendo o chão. Conversar como? Para quê?


Agora sou só eu, agora é todos contra o tempo! Alegre, Caparaó, Guaçuí é mais frio, Laranja da Terra. Iúna melhorou muito, não é mais violenta não. Conheci duas irmãs gêmeas de lá, garotas bonitas, brincavam com a fama de matadores da própria terra. Berghof, Hans Castorp. O bar do Danilo é a minha montanha mágica.


A cerveja soltou a língua dos presentes, conversam animadamente sobre suas experiências no exército, lembro do Coronel Guerra... Um dos cinco maiores especialistas em combate na selva de todo o mundo, sua maior frustração era o Brasil nunca ter entrado num conflito armado que oportunizasse demonstrar sua arte. Era como uma especialista em sexo tântrico sozinha em uma ilha dos mares do sul. Guerra era assim, frustrado com a paz.


Uma vez estava treinando equipes especiais do exército americano lá na gringolândia mesmo e foi convidado para entrar num grupo mercenário. O ordenado era astronômico (acho esse termo, ordenado, muito peculiar; especialmente, quando comparado com salário e vencimentos), a condição era abandonar tudo, que nem morrer em vida: deixar pra trás o país, a cidadania, a própria família, tudo. Muito mais do que o dinheiro o Coronel estava ávido por lutar. Chegou em casa depois de três doses de uísque a mais e deu a notícia pra patroa, tomou uma surra daquelas e desistiu da empreitada.


Bom guerreiro o Coronel Guerra, só que, sei lá, na vida já existem tantas outras batalhas...

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

EITA! DUNGA DIZ QUE A SELEÇÃO NÃO SE "ACONTENTA"


Tô pra dizer pra vocês que nunca liguei muito pra futebol. Mesmo quando criança não me apetecia participar de esportes coletivos, acho que porque fui o único menino da casa, acostumei a brincar sozinho. Meu pai, nos fins de semana, estava sempre sentado de frente para uma máquina de escrever criando artigos, livros, mais ou menos como eu faço hoje no computador, não me lembro dele se coçando por qualquer jogo ou algum time. Pra arrematar a turma metida a tropicália que freqüentava nossa casa achava futebol brega, coisa de gente cafona. Durante muito tempo a camisa do Flamengo foi pra mim um ícone de mau gosto. Que meus amigos Bibinho, Max Filho e meu primo João Paulo não me leiam. Hehehehe.


Na época da infância a moda entre os meninos era querer ser astronauta, piloto de fórmula um; jogador de futebol não, pelo menos entre os meninos que eu conhecia. Ser astronauta era algo tão distante e inimaginável que nem sei dizer, o homem tinha pisado na lua apesar de muita gente não acreditar. O Emerson Fittipaldi tinha um Lótus preto e costeletas enormes, eu era fã dele e do Niki Lauda também. Mas o futebol? Remetia a coisas tristes como finalzinho de domingo na casa de minha avó, meu tio na sala ouvindo alguma partida num radinho de pilha, fumando, taciturno que nem um pajé de Timbuí...


Esse meu tio chegou aos sessenta com diversas avarias no motor da embarcação, o médico ralhou com ele e desfiou uma série de conselhos, normas de conduta: - Ô seu Jairo, o senhor não pode mais viver desse jeito que a sua saúde não vai agüentar. Tem que cortar o cigarro, tem que cortar essas comidas pesadas que o senhor gosta, tem que cortar a cervejinha. – Até a cervejinha? – Cortou foi o médico. Não viveu muito mais, mas que graça tinha a vida se cortasse dela o pouco que ainda lhe dava prazer?


Na televisão Dunga comemora a boa fase e o 4 a 2 ontem sobre o Chile, afirma que o grupo da seleção é guerreiro e não se “acontenta” com outra coisa além da vitória. Corri pro Aurélio, não achei o verbo “acontentar”, além de brigão nosso inesquecível capitão também é dado a neologismos? Pareceu aquele pastorzinho que fala da “briba” “adiante-a-de Deus”. Mas tenho uma teoria com relação a esse gol do dunga contra o português. É que tem aquela parada “a contento”, tá ligado? A transação rolou a contento, a transação foi dentro da expectativa. E pensar que os jogadores o chamam de “professor”...


Outra coisa é essa felicidade em ver a Argentina se ferrar, sei lá cara, parece coisa de gente despeitada saca? Rivalidade meu cool, essa parada já deu. Quer coisa mais babaca do que Galvão Bueno enchendo a boca pra dizer que é muito bom ganhar da Argentina, porra meu, quando o Brasil arreia o calção pra França ninguém fala nada. Agora tá todo mundo gozando a cara do Maradona e a má fase dos Hermanos Hennings, tem um monte de blogs dizendo que Don Diego é a cara da Mafalda. Huhauhauha. Pior que é mesmo. Deu até saudade dos quadrinhos do Quino, ô cara, bons tempos...


quarta-feira, 9 de setembro de 2009

FOI BOM ENQUANTO DUROU

Andei lendo o blog do Gerald Thomas no IG e de lá tirei as seguintes afirmações:


“Se formos analisar o último filme ou CD de fulano de tal, ou a última coreografia de não sei quem, veremos que tudo é uma mera repetição medíocre e menor de algo que já teve um gosto bom e novo. (...) Vejo um mundo nivelado por uma culturazinha de merda, por twitters que nada dizem. Nem bandas ou grupos de músicas inovadoras existem: vivemos num looping dentro da cabeça de alguém. E, ao contrário de Prospero, ele não nos liberta para o novo, mas nos condena pro velho e o gasto!”


Na hora lembrei de uma entrevista que Iggy Pop deu pra Jonathan Shaw na revista Trip, da qual pincei o seguinte comentário:


“Chega a ser irônico que (você - Iggy) esteja conseguindo sucesso e respeito do grande público justamente hoje, num dos períodos mais negros, conservadores e criativamente medíocres da história.”


Também me incomodo com essa sensação de que tem alguma coisa estagnada nesse nosso céuzinho azul, alegre e límpido como diria Vanusa. Porém pode ser que estejamos vivendo um período de transição cultural, um momento global de assimilação de informações antes não disponíveis abertamente, uma respiração no fluxo criativo da Terra. A Internet e tudo o que ela traz a rodo tem grande parcela de culpa nessa reviravolta. Outra coisa a se considerar é a ressaca do momento:


Pois é, depois de algumas décadas de porralouquice, o mundo acordou de bode e resolveu ficar mais caretinha. Sei que logo uns vão argumentar: “Você ficou doido? Nunca teve tanto maluco no mundo como agora!” Pode até ser, mas a doideira não é mais vista como uma coisa bacana e muderna como já foi em outras épocas. Vivemos tempos responsáveis em que não se pode fumar em lugares fechados, nem beber e sair dirigindo, nem transar sem camisinha. Aliás, tudo podemos, mas saber que tem muita gente morrendo por isso nos faz tentar ajudar a não piorar a coisa.


Nas artes vivemos uma ressaca semelhante, o tédio das crianças mimadas que durante décadas chutaram todos os baldes, romperam com todas as convenções para conseguir no final o mesmo resultado: consumo voraz e lixo tóxico, pulmões enegrecidos, enterros de amigos, visitas ao urologista... Nós não fomos salvos pelo amor, diria John Lennon desconsolado, e eu pergunto: nos salvar do quê? Conversava outro dia sobre isso. Qualquer pessoa que leia os livros antigos vai perceber claramente que a raça humana patina nos mesmos problemas filosóficos e espirituais há milênios e que essa dita “evolução” é uma falácia. Se bobear estamos andando para trás...


Era disso que John queria ser salvo? Será que a arte se tornou pequena em face da constatação dessa verdade? Mas não, as pessoas continuam produzindo discos, livros, filmes, peças de teatro, o problema é que a criação parece ter chegado a um limite e a repetição da mesma coisa diferente se tornou aborrecida e cansativa para aqueles que já estão enfiados nessa seara há uns quarenta anos, como é o caso tanto de Gerald Thomas quanto de Jonathan Shaw. Temos a impressão de que a arte só é novidade para os principiantes e que, portanto, é feita por eles e para eles em consumo imediato. Mas como eu disse, isso pode ser só uma impressão... Afinal os entendidos em arte dos anos sessenta torceram ou não o nariz pros Beatles? Ô se não torceram.


Sem dúvida novidades como o Twitter, por exemplo, nos soam bobocas comparadas com a emoção de ouvir Janis Joplin num toca discos Sonata, mas talvez seja injusto compararmos o novo atual com o de outras épocas. Têm muitas coisas bacanas sendo feitas agora que o merecido valor nos escapa e que poderão ser lembradas e amadas durante muito tempo como é, por exemplo, esse boom da Internet e o próprio surgimento de espaços virtuais como os blogs e os ditos “sites de relacionamento”. É uma louca época caretinha, não há nada de revolucionário ou contestador no ar. Algumas de nossas maiores cabeças estão estudando freneticamente para passar em concursos públicos...


A tônica dessa juventude de hoje não é mais curtir a vida, mas garantir uma forma de vida e com isso perde a arte, a poesia, perde um monte de coisa. O artista precisa ter aquela incerta irresponsabilidade para criar algo realmente novo, colocar a mente longe dessa roda do capital, lá na fronteira dos mundos, ainda assim nada garante que ele vá encontrar e nos trazer algo diferente e, pior ainda, que sua arte apesar de inovadora seja realmente aceita e dela possa tirar seu sustento. Muitos já pagaram caro por fazer esse leva e traz e nunca o mundo inteiro soube tão bem disso. A época da inocência acabou e o século vinte um ainda não começou. / E a Era de Aquário? - Olha honey: foi bom enquanto durou...