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terça-feira, 8 de setembro de 2009

SEM SOLUÇO NÃO TEM SOLUÇÃO...

Galera ainda nesse semestre estarei lançando o já tão falado Livro do Pó que narra as peripécias incipientes do Roquenrou Botocudo lá pros lados da década perdida. Então, pra começar a semana com bom humor posto aqui uma espécie de "Teaser" da parada, divirtam-se... E aguardem o lançamento.


Zequinha estava, como se diz no zig-zag das colunas sociais: em dias de “Fun For Me”. Tomava-lhe todas como já era de costume se fazer, até que o atacou um soluço muito chato daqueles de bêbado mesmo, não queria passar de jeito nenhum. É uma merda quando isso acontece, não se consegue tragar a fumaça do cigarro sem que venha um soluço junto. Todo mundo da mesa ria... E um falava: - Toma água! - o menino tomava mais cerveja. Outro falava: - Prende a respiração! - mas não adiantava de nada. No meio desse entrevero confuso estava também uma apetecível garota chamada Cabilina.


Cabelos encaracolados e loiros, Cabilina tinha o nariz um pouco curvo e proeminente; magra, mas nem tanto assim e, mais importante de tudo: era um autêntico e, infelizmente, tão raro exemplo daquelas mulheres que só dizem sim. Ela e o cantor mantinham uma espécie de “relacionamento aberto”. Ou seja: sexo completamente desprovido de compromisso. Dava vontade eles “coisavam” e ficava tudo por aí mesmo.


A alcunha de “Cabilina” (“Mulher fiel”: segundo a mais recente edição do autêntico dicionário Juliana Osório de gírias capixabas) era por causa de uma espécie de namorado que a moça dizia que tinha. Só que, ao mesmo tempo, era tão generosa com sua - como direi? Enfim, deixa pra lá. - que acabou ganhando o apelido, numa explicitamente cínica referência ao notório descaso com que abordava a fidelidade conjugal.


E a droga do soluço não passava de jeito nenhum...


Bastante injuriado pelo insistente contratempo, o rapaz convidou a loira do cabelo de miojo pra dar uma volta no tempo.


Saíram caminhando da Rua da Lama, quebraram à direita numa transversal escura se afastando do burburinho dos bares... O silêncio foi tomando conta do entorno. A certa altura a garota acendeu o resto de um baseado e os dois diminuíram o passo, pelo meio da quadra passaram por uma obra fantasmagórica onde os entulhos dividiam o espaço com as sombras e o breu noturno. Zeca teve, a princípio, a idéia de entrar lá pra fazer xixi, mas numa espécie de associação livre pegou Cabelina pela mão e furtivamente invadiu aquela futura moradia da classe média, foram passando por entre os vãos dos tapumes até encontrar um cantinho que fosse ainda mais escuro...


Não penso que seja necessário me aprofundar em detalhes pornográficos, não é? Unicamente, a título de ilustração, acrescento que a moça usava um daqueles vestidinhos pretos chamados “trapézio” muito fáceis de se descoisar, se é que vocês vão me entendendo... Então foi ali mesmo que tudo rolou. Os dois em pé, naquele cantinho escuro da obra. Aquele uniforme da era Dark revelou-se muito próprio praqueles momentos impróprios em que uma compulsão doida despacha a razão e o pudor para as “cucuias”. Ainda bem que não apareceu ninguém pra estragar a brincadeira, chapados do jeito que estavam iam fazer o quê? Na hora Zeca nunca pensava nesses detalhes, muito tempo depois se tocou, por exemplo, que nem tinha usado camisinha.


Rapidamente estava o casal outra vez na rua, fumando e conversando animadamente, caminhando tranqüilos e aliviados de volta pro Tio Quinzinho. Era como se nada de mais tivesse acontecido, como se apenas houvessem usado um banheiro pra se aliviar...


De repente o rapaz sentiu falta de alguma coisa, parou no meio da rua e começou a se apalpar metendo as mãos nos bolsos da calça e da camisa, enquanto a Cabilina o olhava curiosa e, meio pastel, começou também a futucar a bolsa sem nem saber o que procurar. Ficaram assim um tempo até que o cara se deu conta do que era:


Finalmente o desgraçado do soluço tinha passado!

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