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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

EM DIA DE LUTO PARA O CAPIXABA CHEGA AO FIM A COTAÇÃO DO CAFÉ!


Acaba de explodir como uma bomba a notícia do fim oficial da "cotação do café" nos telejornais capixabas(!) A notícia foi confirmada na tarde de ontem por fontes palacianas - do Palácio do Café - e setores da grande mídia.

“Foi a decisão mais sábia a ser tomada”, afirmou fonte ligada à uma das maiores empresas de telecomunicações do Espírito Santo. O jornalista que não quis se identificar disse que após ser anunciado o fim do humorístico Casseta e Planeta muita coisa deve voltar a fazer sentido na televisão brasileira e que a Cotação do Café já não correspondia aos anseios da família capixaba. “Esperamos ter saído por cima”, afirmou encerrando sua declaração inesperada.

Alguns integrantes dos programas Zorra Total, Balanço Geral e A Praça é Nossa manifestaram solidariedade aos empresários do setor cafeeiro, destacam porém que com o advento da Internet, a cotação pode muito bem ser acompanhada online em qualquer lugar do Estado e que repetir pequenas variações da mesma informação toda semana é coisa impensável para a velocidade das mídias atuais. As entidades de classe ficaram indignadas com a argumentação e polemizaram perguntando se os mesmos não assistiam aos próprios programas.

Os músicos também foram pegos de surpresa com a notícia, alguns comentaram consternados que isso jamais poderia acontecer justamente no ano do centenário de Noel Rosa, poeta magistral que cantou a política do café com leite. Robertinho, Presidente da Mocidade Unida da Glória, lamentou o fato e lembra que o café foi o tema escolhido pela escola em 2006 com o samba enredo: “Quente como o inferno, puro como um anjo, doce como o amor… Quem vai provar? Quem vai querer? Eu sou o café e meu banquete é para você”. Lembrando que esse é apenas o título da canção...

O capixaba ficou passado entre o futuro e o presente, mas a população comenta o caso com bom humor. A estudante de gastrofisioterapia natural, Quimelda Marcos lembra que a “cotação” das sacas de café era o único momento em que seu tio, um pequeno produtor rural, conseguia fazer piada com a própria pobreza. E acrescenta lenha à fogueira das vaidades: primeiro acabaram com as colunas sociais, perdemos até o Wesley! (pausa indignada) Agora é o fim da cotação do café. O que virá depois?

Essa é uma pergunta que só o tempo poderá responder...

Certamente a Cotação teve momentos marcantes na história recente do telejornalismo capixaba, mas será que ela era realmente necessária? Enquanto a pergunta que não quer calar ainda reverbera e causa polêmica, nos despedimos lembrando com carinho da velha narração inesquecível: “cotação do café Arábica tipo 6 bebida dura com até 12% de umidade e do Conilon tipo 7 com até 13% de broca e 10% de umidade, a cento e setenta e três reais a saca.”

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

INFERNO ASTRAL É QUE É O QUENTE!


Eu estou ficando doido ou as tampinhas de Coca-cola hoje são mais difíceis de abrir? O tempo muda tudo no mundo, até as tampinhas de Coca-cola. Também notei que não está mais rolando a Cotação do café no televisivo ES 2ª Edição - ou será que eu fiquei doido mesmo? - e antes que algum outro grupo terrorista reivindique a autoria deste atentado eu quero dizer que não tenho nada a ver com o assunto. Aliás, missão dada: missão cumprida. Agora vamos partir pra cima do show de fim de ano com o “Rei” Roberto Carlos (Se é que vai ter)... Ou então me acordem em 2011.

Tem uma desgreta dum vírus-mutante-assassino circulando pela cidade, uma espécie de Dilma, Datena, enfim algo com “D”, uma mutação da dengue, flanelinha dengue, dengue estacionamento de shopping: parou, tem que pagar. No sábado eu fui dar aquela descansadinha e não consegui mais levantar. No auge do imbróglio e do sofrimento ditei instruções importantes para minha esposa: se eu morrer, não deixe o Daniel Filho filmar O Livro do Pó de jeito nenhum! Talvez fosse a febre de 39 e tantos graus, eu já estava variando, mas o pior é ter que explicar a piada.

Meu corpo queimava, parecia mais quente por dentro do que por fora, como uma daquelas festas bem doidas em que tudo se torna bizarro demais para entender, ao passo que outras coisas de repente passam a fazer um sentido do cacete. Do lado de fora as pessoas vêem toda aquela movimentação e pensam como deve estar fervendo ali dentro, sim, mas elas não fazem nem idéia do que é totalmente quando lhe arde a chama e o corpo queima.

E ainda por cima estava já um calor infernal.

Por estas bandas o verão nasceu com ares de menino precoce, mas eu sentia um frio argentino, daqueles de dar trimiliques e bater o queixo. Quando o antitérmico finalmente fez efeito meu corpo virou tempestade. Era como se antes o tempo estivera muito fechado, com grossas nuvens cinzas, e então na virada do corpo pra cima da moléstia veio a chuva de suor desabando o mundo, daquele jeito que você tem que por toalhas no colchão, levando o mal embora e liberando a terra arrasada.

Convalesci vendo a TV, até Faustão eu vi. Xuxa lançou um novo DVD, com uma dita “dança dos pingüinxs”. Fiquei me perguntando se ela estava tentando fazer alguma referência inteligente ao verão, mas acho que não, a coisa era fora de hora mesmo. Reforçava a tese o ex-baleio apresentador que teimava em repetir que aquele era um lançamento contra tudo e contra todos, enquanto isso a loira cometia um interessante ato falho trocando Lula pelo Collor(?) Cheguei a pensar se minha febre tinha realmente ido embora.

Desisti da programação e fui rever minhas cenas favoritas do filme “Scot Pilgrim contra o Mundo”: uma concepção visual muito inovadora, diálogos engraçados, boas atuações e muito roquenrou. Desse filme pesquei a banda Metric que não conhecia, sua música Black Sheep (Ovelha Negra) é uma das melhores coisas que me chegaram aos ouvidos ultimamente. Fora isso, vi também o Saturday Night Live de sábado que teve o Paul MacCartney como convidado. Cara: sabe aquela sensação de que aquele menino, de repente, não é mais menino(?!) O cara mandou, mas parece que a voz não responde mais. A falta de gás de Paul foi a pá de cal do meu inferno astral...

Chega logo verão!

P.S. Inferno astral é o período que antecede 30 dias data de seu aniversário e o meu é em uma semana...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

CENAS DO COTIDIANO

O trânsito da Avenida Beira Mar parece não ter mesmo solução. No trecho que moro, em frente ao Instituto Braille, já fecharam a passagem, mas não acabaram com o barulhento semáforo, transformaram minha rua em mão única, o que é um transtorno, e os acidentes continuam acontecendo, tudo como fora antes. Esse foi agora de manhã. O motoboy bateu na trazeira de um veículo, logo aparece o pessoal pra ajudar e em seguida vieram os bombeiros...


sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

TODOS OS SISTEMAS EM ALERTA!


A adrenalina de pisar no palco é como caminhar na corda bamba sem ser trapezista. As mãos ficam geladas e transpiram - como é estranha a mão que transpira! - nos esticamos, estendemos os braços até o chão e torcemos o pescoço. Parece que a energia liberada no ambiente - e que é diferente da vida, essa ordinária – vai se acumulando em certos pontos, certas partes e é preciso por pra circular, senão alguém explode alguma coisa dentro louca.

Memorizo a letra da canção, as primeiras três palavras: “eu tô perdido”. Não é lá um bom ponto de partida, mas é onde a letra começa e é muito importante evitar aquele apagão do “eu não sei mais como é que começa”. Fico a repetindo dentro da cabeça. Sorrio para alguém, comento alguma coisa e repito: “Eu tô perdido, sem pai nem mãe”. Cazuza sempre dava um jeito de falar da mãe.

A primeira música quase passou batida, a adrenalina subiu e estacionou. Não é bem nervoso o que sinto, é uma espécie de vibração duma onda diferente, parece que tem alguma coisa elétrica estalando pelo ar. Eu sento e me levanto, olho para o palco e penso: como é que a letra começa? A tensão vinha da dúvida e do estranhamento, até o dia anterior eu nem sabia aquelas palavras, pois agora ia lá cantar na cara dura para um teatro lotado.   

Não tinha quase ninguém na então aglomerada coxia quando chegou a minha vez de cantar. Estava decidido a fazer uma participação sem exageros, mas com energia. Não queria deixar transparecer a ferrugem dos anos, como aquele tiozinho que as pessoas perguntam: e esse quem é? Por outro lado temia ser arrebatado pelo furor e a emoção e, sei lá, perder o controle, travar, cair duro. E isso quase aconteceu.

No final da música tinha um solinho de guitarra, daí, quase sem querer querendo, dei uns giros meio doidos e por pouco não consegui parar, pensei que fosse sair rodopiando, entrar em órbita, baixar o santo. Só parei quando quase me estabaquei, meu tornozelo bateu em alguma coisa no fundo do palco. Poderia até ter ficado famoso, ir parar nas videocacetadas.

A adrenalina não passou até agora. Lembro de Nick Fury me dizendo: Isso é droga, isso é droga! E é mesmo. Uma espécie de insanidade que faz o Rock ‘n’ Roll ser a parada mais pesada na música desde os anos cinqüenta. De lá voltei pra minha versão “Cara Comum” da vida. Não estou mais perdido, eu fui encontrado, um encontro com o passado, um encontro com outra possibilidade do “eu”. Talvez o mais jovem, como num parque de diversões, talvez o mais feliz... Sei lá.

  
Esse texto é baseado (opa!) em minha experiência durante a apresentação do projeto Um Canto Solidário 2010 no Theatro Carlos Gomes, Vitória – ES. E é dedicado a Cazuza, inclusive o Aguilar, Elaine Rowena, todo o elenco e a produção do espetáculo.