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sexta-feira, 27 de junho de 2014

E AÍ? VAI PERDER O SONO?



Marcio foi arrancado do sono com o barulho no meio da madrugada, pensou assustado que tinha ido dormir e esquecera a televisão ligada na sala, pior ainda, com o volume lá nas alturas. “Rapaz, meus vizinhos vão me matar!”

Alice, Amanda, Monika, Érika Sabino, Rosiane Caldas, Claudia Beatriz, Suélly Brandão, Andrea Castro e mais uma galera sequer conseguiram dormiram direito, tinham algo em comum naquela madrugada: um trio elétrico invadiu a sua casa!



Ainda era noite do dia 18 de junho, véspera do feriado de Corpus Christi, quando fui me deitar. Estava meio resfriado, culpava o vento sul – eufemismo para o inverno dos capixabas – que, aliás, ajudaria a propagar a tal da zoeira para dentro do bairro, do quarto e da minha cabeça. Passei boa parte da noite sem conseguir respirar direito, acordei duas e pouco com as paredes do prédio tremendo. Levantei cambaleando: “O mundo tá acabando?” Ganhei o corredor e encontrei Alice jogando paciência no computador. “Que diabos está acontecendo?”

Mandei um pedido de socorro pela Internet: “Tem uma banda baiana apavorando Bento Ferreira!” Depois dizem que baiano é preguiçoso, olha aí essa galera queimando o óleo da meia noite. Era 3:16 da madrugada quando postei a frase indignada na “timeline” do “Livro das Caras”, pegando emprestado um termo de Jace Theodoro. Logo descobri que os vizinhos do prédio e das redondezas também experimentavam a mesma insônia compulsória.

 
Márcio, mora duas ou três quadras para dentro do bairro, quando foi na sala ver a televisão desligada é que percebeu os fachos de luz sobre o Clube Álvares Cabral.

Alice tentava ligar para o serviço de Disque Silêncio, soltava impropérios toda vez que dava ocupado. O bairro inteiro devia estar ligando ao mesmo tempo.

Os primeiros a comentar minha postagem (foram mais de cinqüenta) eram músicos profissionais aproveitando para se queixar da perseguição que sofrem ao fazer um som na conservadora noite capixaba. Por que esses caras podem fazer pior? Boa pergunta. Nesse meio tempo atendeu no Disque Silêncio um rapaz que oscilava entre impotente e pasmado. Disse que já haviam feito medições em dois apartamentos, a primeira (uma da manhã) deu dez pontos acima do limite de decibéis tolerado; a segunda (três da manhã!) cravou mais de dez pontos acima da primeira!

A fuzarca tinha nome de “Carnafacul”, e em seu site é apresentada como “O maior evento universitário do Brasil”. Grande mesmo o negócio, grande e barulhento. O rapaz do Disque Silêncio explicou que, após a primeira verificação, a empresa organizadora fora alertada da possibilidade de multa e prometera diminuir o som. Duas da matina decolava o trio elétrico (de verdade mesmo) de um tal Bell Marques (sei-lá-quem-é), rasgando impunemente o que já não era um absoluto silêncio com seus Ôooôs, Êeeês, Iáiaiás.

Perder uma bela noite de sono? Há suspeitas...
 
Esse episódio é muito sério, porque mostra como a falta de bom senso de uns gera a intolerância de outros. Quando pequenos grupos cometem esses atos de vandalismo sonoro a reação do grupo maior prejudicado é geralmente radical, como um pai exasperado que fala para os filhos “eu não quero ouvir nem mais um pio!”. Ou seja: depois que uma pessoa já perdeu o sono e se aborreceu, não adianta mais “pedir pra abaixar o som”, qualquer volume incomoda. E também é besteira achar que um cara que já está de "saco cheio", vai aceitar depois ser um pouco menos atormentado.

Graças ao Deus dos católicos era feriado no dia seguinte, só conseguimos dormir de novo lá pelas cinco da matina, acordamos era já quase meio-dia. Foi aí que Alice deu a idéia: “Bora descobrir onde os caras estão hospedados e vamos lá fazer um buzinaço?” A ideia era boa, ainda mais que eu estava "doidin" pra descobrir quem organizara a festa e poder manifestar minha opinião sincera quanto ao comportamento social de sua genitora. 


Deixei um recado até educado no Facebook da empresa (i)responsável pela festa, ao invés de desculpas fui respondido com evasivas profissionais, disseram que estava tudo dentro dos conformes. É uma pena, porque desse jeito a área verde do Álvares vai acabar interditada. Desejei sucesso (só que não) aos empreendedores do barulho em seu próximo evento, mas que – pelamordedeus! - fosse bem longe de minha casa. 

Aliás, esse negócio de carnaval baiano deve ser muito bom lá em Salvador (1182 km)... Só que eu acho ainda muito perto!

domingo, 22 de junho de 2014

O BRASIL NÃO É PARA PRINCIPIANTAS



E Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom senão um, que é Deus. Marcos 10:18

Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom, senão um, que é Deus. Lucas 18:19

E ele disse-lhe: Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos. Mateus 19:17

Não quero “dar a doida” de comentar um texto da tradição religiosa, mas essas frases dão o que pensar: se ninguém é bom - e a ideia se repete nos três evangelhos sinópticos - obviamente todos somos “maus”, ou ao menos passíveis de cometer algum ato “baixo astral”. É, portanto, uma ilusão meio besta um cara se achar melhor que outro, afinal, ser “mais ou menos” gente boa não nos difere muito de quem é “mais ou menos” Zé Mané. Pensando assim, podemos concluir que não existem pessoas que sejam totalmente boas ou inteiramente perversas.

Se levarmos em consideração aquela afirmação atribuída a Jesus - mesmo não sendo muito “espiritualizados” - e de antemão aceitarmos que ninguém é bom, por que será que algumas pessoas precisam eleger e destacar aqueles que são ruins, até mesmo demonizando outras? Para um monte de mentes racionais e modernas parece existir mesmo um ser, diferente deles, totalmente ruim que está solto pelo mundo fazendo todo o tipo de estripulias contra os “frascos e os comprimidos”. Pois (ora, pois, pois), a “brazuca” da vez é uma mulher que ousou ser chamada “Presidenta”...


O fenômeno de rejeição da madame Dilma Rousseff parece ter começado pelo fato de ser mulher e insistir em frisar isso na forma de tratamento. A discussão começou logo nos primeiros pronunciamentos oficiais. Pipocaram comentários indignados em defesa do bom português dizendo que o termo “Presidenta” seria tão absurdo como “estudanta”. A confusão em torno disso foi tão grande e vazia (O termo não é errado e, afinal, que diferença faz?) que deu origem ao apelido de “Presidanta”.

Não tenho a menor razão para defender a atual Presidente do país ou o seu partido, mas suspeito que muitas das críticas que lhe são endereçadas têm um pezinho no machismo, na idéia antiga de que mulher quando dirige só faz merda, que só serve para esquentar a barriga no fogão e esfriar no tanque. É evidente que o atual Governo Federal atravessa um momento ruim, com a volta da inflação e outras, mas será que foi só a atual equipe a responsável por tudo? Algumas acusações parecem ingênuas, afinal, “o Brasil não é para principiantes” já dizia Tom Jobim.

 
É no mínimo engraçado pensar também que a maioria desses contumazes destruidores de reputações políticas nunca tenha sequer participado de uma reunião de condomínio no prédio onde moram, mas estão convencidos que sabem a maneira ideal de governar o Brasil. Duvido que algum destes já tenha ido a Brasília conhecer o congresso e os ministérios, que tenha visto a velharia de deputados e senadores responsáveis por muitas “jogadas” importantes, os carpetes gastos, as paredes com bolor de infiltração e os aparelhos de ar-condicionado dos tempos da ditadura.

Existem problemas de ordem burocrática tão profundos no país que talvez não sejam passíveis de solução democrática. Quando uma equipe de governo mais competente toma posse a máquina velha reclama, geme, resfolega e funciona um pouco melhor; outro mais relaxado e corrupto deixa o pau quebrar, mas a bagunça no total é tão continental que, para a população, a diferença acaba sendo pequena. O Governo não depende de uma só pessoa e propagandear isso é jogar contra o próprio patrimônio, é dar força à continuidade dessa máquina infernal.

Demonizar uma pessoa, além de ser uma injustiça pessoal (aceitando que ninguém é bom), é conceder um poder que ninguém merece ter, mas que muitos vão reconhecer como... Poder. Talvez a estratégia de combate mais inteligente no momento seria propagandear a proposta oposta à da Presidente, mas, curiosamente, os detratores da “Presidanta” também não fazem isso, o que confere a esse grupo o caráter do “contra tudo e contra todos”; sendo a atual presidente derrotada, muito provavelmente, na próxima eleição estarão falando mal de seu sucessor.

 
Agora circula um texto pela Internet do professor Higinio Polo da Universidade de Barcelona afirmando que o Brasil está sofrendo ataque de países como Estados Unidos, Inglaterra e França para desestabilizar os governos de esquerda da América Latina. Traça um cenário semelhante ao do golpe militar e agora, como aconteceu naquela ocasião, inúmeras pessoas da classe média esclarecida estão embarcando fácil nessa nova onda conservadora.

Segue o link do texto (está em espanhol) para apreciação dos mais politizados:
http://www.rebelion.org/noticias/2014/6/185452.pdf

O que irá acontecer após as próximas eleições ainda é difícil saber, porém podemos ter uma certeza: enquanto alguém não tiver coragem ou o poder de mexer no time todo e nos esqueminhas desse jogo sujo seremos todos vítimas inocentes da “Síndrome do Tiririca”, fazendo papel de palhaço e achando graça em crer que “Pior que tá não fica!”

domingo, 15 de junho de 2014

QUAL É A SUA VIAGEM?




Um dia, numa rua da cidade, eu vi um velhinho sentado na calçada
Com uma cuia de esmola e uma viola na mão
O povo parou pra ouvir, ele agradeceu as moedas
E depois entabulou uma conversa comigo
Que foi mais ou menos assim:

- Diga lá desconhecido. Se você pudesse voltar no tempo, qual o tipo de viagem você escolheria? – Não sou de ficar ouvindo cantador no meio da rua, mas fiquei curioso e, como costumo fazer, respondi com outra pergunta.

- E tem alguma diferença?

- Tem sim. Basicamente tem três “tiuria” pra “viajá” no tempo.

- Só três? – O violeiro percebeu a ironia, mas nem se abalou. Seu jeito de falar me surpreendeu e sua iniciativa de abordar “na tora” aquele assunto bizarro no meio da rua continuaria a surpreender. Ajeitando as cordas da viola ele devolveu a bola.

- Tem que prestar atenção que eu disse “basicamente”, não disse? Note bem meu amigo: o viajante do tempo considerado padrão, é aquele que quer retornar a algum período histórico e ver com os próprios olhos a época de Jesus, Napoleão ou Cleópatra. São os “curioso” metido a cientista.

 
- Que nem naquele seriado “Túnel do Tempo”? – Quando falei isso lembrei que tem gente que até hoje chama os seriados da tevê de “enlatados”, mesmo quando “interagem” com a geração digital que não deve “realizar” nada do assunto.

- Pois é – continuou sem dar pelota pro meu comentário - esses são os mais comuns e também os menos importantes, mesmo porque, até hoje suas investigações nunca trouxeram nada de novo para os estudos históricos acadêmicos.

- Ora, ora estamos ficando eruditos. Então, quais seriam os outros?

- Então, os outros. Tem aquele sujeito que sonha em retornar ao próprio passado.

- Esse aí não seria mais comum? Acho que é a fantasia da maioria das pessoas...

- Do ponto de vista do pessoal talvez “seje”, mas essa volta no tempo é geralmente imaginada de duas maneiras diferentes, ainda que a razão pode até ser semelhante. Palavra que, aliás, vem de sêmen, o amigo sabia? De semente, que gera outro parecido...

- Eu não sabia...

- É, mas isso não tem nada a ver não. O que acontece é que tem gente que sonha em retornar ao passado do jeito que é agora e se “infiar” desconhecido na própria história. Querem tentar melhorar o futuro, dar conselhos para eles mesmos fazer isso ou deixar de fazer aquilo. São os arrependidos, aquele Drummond mesmo fez isso.

- Que Drummond, o poeta?

- Sim, queria dar conselhos pra ele mesmo no passado, parar de fumar e trabalhar até tarde, essas coisa. Isso só pra falar de um que é mais conhecido.

- Isso me lembra aquele filme “De Volta Para o Futuro”... Como era mesmo o nome do ator? Sei lá, mas e a outra maneira de voltar no tempo...

- É a dos românticos. Esses sonham em voltar “nos tempo” que ainda eram jovens e cheios de vida. Imagine “as vantage” de saber o que vai passar no futuro?  

- Isso seria legal mesmo... Rever a cidade como era antigamente, encontrar os velhos amigos, as namoradinhas, tanta gente que sumiu no tempo...

- E falar de igual para igual com os pais e com os professores, dar na pinta da maturidade... – De repente notei o cara me olhou meio maroto, apontou a viola enfeitada em minha direção e falou: - Esse seria o seu tipo de viagem então?

- Se eu tivesse que escolher... Acho que sim... Tem um filme sobre essa experiência também, Peggy Sue, ou algo assim...

- O amigo é meio doido com esse negócio de cinema, não é?

- E você parece saber muito mais das coisas do que dá a entender. – Ele sorriu com dentes mascavos e recomeçou a dedilhar a viola. Retirei uma nota de dois reais da carteira e coloquei na cuia aos seus pés. O velho cantava animado, juntando o povo...

- Eu nasci há dez mil anos atrás e não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais... -

 
Quando já ia longe olhei para trás e o violeiro havia desaparecido. Uma corrente de vento passou e trouxe até os meus pés um panfleto anunciando a inauguração de uma Danceteria que fechou há uns trinta anos. Peguei o papel do chão, surpreso como se fosse uma nota de cem dólares.

Em algum lugar ouvi sininhos badalando misteriosamente...

* * * * * * * * * * * * *

Esse é um pequeno conto – que pode ter uma continuação - para lembrar que no próximo dia 05 de outubro teremos a “efeméride” relativa à comemoração dos trinta anos de inauguração da primeira “Danceteria” de Vitória. Foi aquela noite histórica de abertura da “New Wave” que a banda Pó de Anjo realizou sua primeira apresentação. Dedico, portanto, essa historieta ao amigo Mario Gallerani Junior que se dizia o “próprio otário” daquela casa, empresário visionário e tecladista do Pó. 

A banda Pó de Anjo posando para a posteridade no palco da Danceteria New Wave, circa 1985. Gallerani é o do meio ladeado por Juca Magalhães - vestindo o infame terno de oncinha - e o baterista Dodas Bianchi. Agachados estão o baixista Danny Boy e o guitarrista Léo Caetano.

sábado, 7 de junho de 2014

PRA CABEÇA NÃO TEM CURA...



Era uma tarde de domingo, devia ser verão, mas se não fosse também não faria muita diferença. O sol vai e vem, tem gente que diz que o astro rei “marcha”, o certo é que o calor continua. Na terra dos capixabas não existe inverno, tem “frente fria”, ventinho gelado que começa a soprar lá do Penedo pra dentro da cidade. Quando essa friaca invade, a temperatura pode até cair para uns dezoito graus Celsius de manhã bem cedinho, mas esse é todo o frio que os botocudos chegam a conhecer.

Nos anos 1980 a capital do Espírito Santo era bastante incipiente no que diz respeito a opções culturais, nem mesmo grandes shoppings havia, tem um pouco de ironia nessa afirmação, mas era a pura realidade da época. Não havia grandes teatros na cidade, nem estádios, museus com exposições relevantes também não havia. Até o transporte era precário, o metrô de superfície, por exemplo, e o novo aeroporto, eram apenas vãs promessas...

 
Eusébio e Florestan nessa história eram irmãos de senso cultural apurado, ainda mais se comparado aos jovens de décadas posteriores. Desde cedo foram estimulados a conhecer o cinema e o teatro, a música de concerto, ler coleções de clássicos da literatura e a Enciclopédia Mirador Internacional. Havia vendedores dessas coisas que iam de casa em casa, como as moças da Avon, precursores do telemarketing.

Um pouco por causa da ditadura militar, um pouco por causa do isolamento histórico imposto pela coroa portuguesa, os jovens habitantes da “Ilha que era uma delícia” ouviam falar de muita coisa, mas pouco chegava ao alcance de suas mentes curiosas. Havia um delay de meses, anos, ou décadas – dependendo da censura – para as grandes produções do hemisfério norte desaguar naquelas terras e em seus mangues e aterros.

 
Naquela tarde infinita, antes do advento do Faustão, a atração na televisão era a comédia musical “Cantando na Chuva”. Quem não conhecia a célebre canção com Gene Kelly? Porém, os dois irmãos nunca haviam assistido ao filme todo e logo o acharam chato “bagarái”. Nem Eusébio, o mala que em tudo via poesia, estava aguentando. Florestan, de violão em punho, perguntava por que o cara tinha que dançar e sorrir ao mesmo tempo. E a tal da música nunca chegava...  

De repente, vindo do quarto onde o Pater Seraphicus fazia a sesta, ouviram gritos desesperados: “Socorro! Socorro! Estou morrendo! Socoorro!” Foram acudir muito assustados e encontraram o homem caído na cama, com os pés para fora. Assim que se acercaram dele o infeliz passou a gemer e ofegar, terminava as frases soprando as vogais, como os atores ruins, parecia realmente acreditar que ia bater as botas a qualquer instante. “Socorro Flô, socorro Eusébio”...

Chamou-se uma ambulância do Hospital do Coração, Pater Seraphicus era já freguês conhecido, só que o socorro demorou um pouco pra chegar (imagine, domingo, naquela época) então os irmãos ficaram tentando tranqüilizar o velho, mas com um olho na televisão do quarto. “Uma hora essa porcaria de chuva vai cair e finalmente a gente vai ver a cena de dança que imortalizou Gene Kelly”. Toca esperar...

Lá pelas tantas soou uma sirene, eram os enfermeiros que adentraram o recinto em “marcha lenta” com aquela peculiar expressão de quem realmente nasceu para trabalhar num domingo de sol, “só que não!”. Antes de remover o suspeito de enfarto, mediram a pressão de Pater Seraphicus e fizeram algumas perguntas, o homem protestou a gravidade do caso balbuciando dramático dores no peito. O jeito era rebocar ao hospital para maiores averiguações...

Como era um sujeito de peso, Eusébio e Florestan tiveram que ajudar os enfermeiros a colocar Pater Seraphicus na maca. Quando estava tudo pronto, os caras terminaram de guardar seus apetrechos e começaram a sair do quarto, discretamente soaram os primeiros acordes de Singing in the Rain. Florestan e Eusébio se entreolharam decepcionados enquanto Gene Kelly começava a dar piruetas ao redor de um poste, era uma espécie de predecessor das pole dancers.

 
Por que aquela porcaria não passou cinco minutos antes? Quando entendeu que depois de esperar tanto não poderia assistir a apresentação da música Eusébio foi acometido por uma puta crise de bobeira. Os enfermeiros olhavam incrédulos aquele palhaço estrebuchando de rir.  Era bom se aproveitassem para rebocar a família inteira para averiguação em alguma instituição mental. Afinal, os problemas de cabeça são mais comuns que os do coração.

Oh yeah! E bem mais difíceis de curar...