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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

NOVIDADES DO OSCAR 2010


No post anterior comecei falando do cinema francês e lembrei que agora no próximo dia dois de fevereiro será divulgada a lista dos indicados ao Oscar 2010. Eu - que não sou mão boba nem nada - já vi a maioria dos principais candidatos a candidatos mais cotados da estação e quero comentar e indicar alguns com veemência - e demência também:


Avatar. Esse não tem pirataria que dê jeito não mané, quem quiser ver vai ter que enfiar a mão no bolso e ir ver em 3D no cinema. A história é bastante lugar comum - especialmente se compararmos com alguns roteiros muito criativos e bem escritos que estão no páreo - mas o visual é realmente de cair o queixo! Olha, é uma obra daquelas que você sai do cinema se perguntando como é que o cara conseguiu fazer. O ingresso é salgado e difícil de se conseguir, o estacionamento é caro, a pipoca é um absurdo, mas já vi gente dizendo que vai voltar pra rever.


Invictus. Dessa vez Clint Eastwood acertou a mão! Finalmente evitando uma certa tendência ao popular dramalhão de produções anteriores como A Troca e Menina de Ouro, por exemplo, e ajudado por uma atuação muito classuda de Morgan Freeman - talvez inspirado na figura digna do próprio Mandela - a história vai num crescendo muito bem conduzido e acaba que te leva junto. No final dá vontade de ficar pulando também (você vai entender depois de assistir). Na minha humilde opinião: imperdível.


O Amor Sem Escalas. Um dos mais comentados, entrou em cartaz faz um dia ou dois. Apesar do título, não é uma história propriamente romântica. Aliás, já falei, mas quero reafirmar, que um dia ainda farei o maior blockbuster do Brasil, o título será: A Paixão do Amor no Coração. Qual a garota que vai resistir? É batata! Como diria Nelson Rodrigues. O ponto alto do filme é o roteiro elegante e as tiradas inteligentes, não são feitas concessões nem arremates de filme de sessão da tarde. A atuação de George Clooney está sendo muito elogiada, mas o que se vê é aquele velho feijão com arroz de galã sorridente e sedutor. Não atrapalha, mas também não decola, a história é que vale o ingresso.


500 Dias com Ela. Outro filme que vai decepcionar os corações apaixonados, o que até me deixou mais tranquilo, já estava começando a ficar com medo dessa menina Zooey Deschanel virar uma outra Meg Ryan. Essa produção me lembrou um pouco a abordagem fora dos padrões do excelente Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembrança, uma história que se dá ao direito de expor com criatividade como o “amor” pode ser uma insana gangorra na vida das pessoas: quando dá certo é ótimo, quando não é uma temporada no inferno. Não o recomendaria para recém-separados e corações partidos em geral.


Um Olhar do Paraíso. Uma pedrada na mente! Filme de serial killer narrado pela vítima. Peter Jackson - diretor da trilogia Senhor dos Anéis - embarca a gente numa fantasia que oscila entre o mundo obscuro de um assassino compulsivo e colorido da jovem vítima. Imagens deslumbrantes e um elenco de respeito: Raquel Weisz linda como sempre, Mark Wahlberg muito macho, Susan Sarandon ótima e cada vez mais relax e o convincente vilão interpretado por Stanley Tucci, ator que fez o marido de Meryl Streep em Julie & Julia e um gay refinado, braço direito da mesma em O Diabo Veste Prada.


Lunar e Distrito 9. É super raro aparecer um bom filme de ficção científica, geralmente eles descambam pra aventura exagerada ou se rendem ao apelo fácil das bilheterias. Lunar (Moon) e Distrito 9 não são nada disso e vão agradar em cheio os fãs do gênero. No primeiro, o ator Sam Rockwell segura a história praticamente sozinho num narrativa cheia de surpresas, um drama psicológico sobre o respeito à vida e a amizade. Lindo filme! Distrito 9 tem ação, mas o que se discute é o preconceito racial, uma das parábolas mais inteligentes que apareceram nos últimos tempos. Ambos obrigatórios para amantes do gênero ou não.


A Educação. Filme inglês retratando a entediante classe média britânica dos anos sessenta, uma dolorosa crítica aos valores furados do capitalismo. Talvez a maior surpresa do filme seja o ator Alfred Molina que arrebenta no papel de um pai autoritário e vaselina quando, em ambos os casos, jamais poderia ser. O grande lance dessa produção é que - apesar da distância temporal - os valores sociais discutidos são os mesmos de hoje, especialmente a educação, a ética e a moral quando confrontadas com o corrosivo poder financeiro exercido por pessoas que estão pouco se lixando para isso. O filme é bom, mas meio morno e tradicional em comparação com outros concorrentes.


Preciosa. É como uma versão moderna do filme “A Cor Púrpura”, embora pareça impensável existir um drama tão opressivo nos dias de hoje, é muito duro constatar que ainda exista tanta ignorância e sofrimento. Não fosse o filme tão bom só a surpreendente atuação da atriz Mo’Nique já o tornaria obrigatório, sua participação é explosiva e incrivelmente humana, dificilmente veremos outra interpretação desse nível, está amealhando todos os prêmios e o Oscar de atriz co-adjuvante só vai para outra se os acadêmicos estiverem doidos. Não percam esse filme!


Guerra ao Terror e Entre Irmãos. O primeiro tem sido muito cotado e até agora me pergunto do porquê, são dois filmes enfocando a ocupação gringa no Iraque e depois de um certo tempo da exibição você começa a tentar lembrar do por que do exército dos Estados Unidos estar ocupando a terra desses caras. Você já imaginou dirigir seu carro pelas ruas de sua cidade e topar com um bando de gringos armados até os dentes apontando fuzis, berrando e mandando você pra lá e para cá? Deus (ou Alá) me livre! A impressão que dá é que os próprios americanos estão se fazendo a mesma pergunta e trazendo o assunto à baila, afinal a indústria também serve para isso, para a comunidade debater.


Tem alguns prováveis candidatos que ainda não consegui ver como Amélia, com Hilary Suvaco (Swank?), sobre uma aviadora americana; 9 Nine, um muito badalado musical baseado no filme “8 e Meio” de Fellini e Coração Maluco (Crazy Heart) que nem sei se já tem título em português, mas se bem conheço as pessoas daqui vai acabar se chamando “Coração Apaixonado” ou algo que o valha. Este tem atuação bastante elogiada de Jeff Bridges, um dos meus sagitarianos preferidos, que, por sinal, estrela também o esquisito – e não falo só do título - “O Homem que Olhava Para Cabras”.


Só para arrematar não percam o Casamento Silencioso – ainda em cartaz na cidade - uma triste, porém belíssima história, passada na Romênia ocupada pelos comunistas nos anos cinqüenta. Não é todo dia que aparece um filme desse naipe.

2 comentários:

Carla Cristina Teixeira Santos disse...

Puxa, fiquei com muita vontade de ver todos! :-)
Tirando "os valores furados do capitalismo" (Quais, cara-pálida? :-)), adorei este post! :-)

P.S.: O anterior ("Laura, Laura") está muito bom também! Bjs!

Juca Magalhães disse...

Tem razão esse negócio de falar mal do Capital é conversa ultrapassada. A parada acontece entre quem tem uma moral rígida - ditada ou limitada por salário, segurança e tédio - e quem não tem escrúpulos de usar o dinheiro para manipular essas pessoas justamente por suas limitações. Cacilda isso é assunto pra outro post. Carlinha, vc tá dando trabalho hein? huauhuha. Bjs!