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quinta-feira, 14 de maio de 2009

É PAU, É PEDRA... É A VIDRAÇA DO VIZINHO


A seguinte frase tem circulado pelos meios eruditos aqui de Vitória, outros nem tanto assim, como uma piada itinerante..


“Minha mulher não parava de ouvir música clássica quando estava grávida. Van Gogh não parava de tocar lá em casa.”


Secretário de Cultura de Vitória (ES)


Consideremos então, a verdadeira fortuna de Beethoven:


Conta-se que um dia Beethoven foi visitar o irmão mais novo, Johann, que a essa altura era um homem rico. Na entrada da mansão, um criado ofereceu-lhe, numa salva de prata, um cartão de visitas onde estava escrito: "Johann van Beethoven, proprietário de terras". O compositor pegou o cartão e, instantes depois, devolveu-o ao criado, após escrever no verso do papel a seguinte anotação: "Ludwig van Beethoven, proprietário de um cérebro".


Citação do Caderno de Música da coleção Folha de Música Online.


O problema do povo Brasileiro é não conhecer a própria história e nisso incluem-se muitos dos “agentes políticos”. Bons - e longe se vão - os tempos em que verdadeiros intelectuais estavam envolvidos no desenvolvimento do Brasil, como o Ministro da Educação Gustavo Capanema que tinha em sua equipe homens que são hoje referência da cultura nacional: Carlos Drummond de Andrade (era seu chefe de gabinete), Mario de Andrade, Villa Lobos, Portinari, Lucio Costa, Vinícius de Moraes e muitos outros.


Falar sem pensar é um problema, aliás, diz o ditado popular que existem quatro coisas que não voltam atrás: a pedra atirada, a palavra dita, a ocasião perdida e o tempo passado. O curioso é que Van Gogh parece ser uma referência nesse tipo de confusão. A coisa de uns dez anos, a socialite Vera Loyola deu uma entrevista nas páginas amarelas da Veja, lotada de gafes semelhantes. Falava exaltada que quando ela queria cultura ia sempre à Paris e que adorava lá visitar o Museu Van Gogh... Que fica em Amsterdã...


À respeito da frase do secretário, achei num blog um comentário interessante: “Ainda bem que ele não ouvia Picasso!” E é verdade. Especialmente Guernica, que deve ser barulhento demais para os bebês em gestação. E, já que o assunto de Van Gogh leva a pensar em Beethoven, por relações de orelhada e audição danificada, diria que, também acho que aquele alemão mal humorado não seria o mais indicado para a ocasião, pelo menos não a íntegra de suas grandes sinfonias... Is too bruto to sing...


Ah! Como é bom destrambelhar ao acaso... Mas as frases são coisas perigosas, especialmente quando as pessoas à sua volta dão importância ao que você fala.


Outrossim, reparem só essa abaixo que é muito famosa:


"Esqueçam tudo que eu escrevi"


(...) «Esta frase eu nunca disse a ninguém. Já perguntei um milhão de vezes: a quem eu disse, onde foi que eu disse, quando? Essa é uma frase montada para me embaraçar. Acontece exatamente o contrário: o que eu escrevi dentro das condições da época, tem bastante validade. Houve uma evolução, em alguns pontos, mas a maneira básica de encarar o mundo continua a mesma.» (...)


Entrevista concedida pelo Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, ao jornal O Globo do dia 24/8/1997. Rio de Janeiro, RJ – 24/8/1997"


Só pra terminar, uma dessas incongruências da vida: naquela abominável novela das índias, o fortão e saco de pancadas profissional Vitor Belfort fez um dixcurso sobre a importância da não violência e coisa e tal, que é, por sinal, uma das características da “teledramaturgia” da Glória (argh!) Peres e logo na cena seguinte dois personagens discutiram por causa de uma mulher lá e saíram na porrada. Se a intenção era dizer: olha isso é certo e isso é errado, não funcionou mesmo. A mensagem que eu percebi foi a seguinte: Paz e respeito ao próximo é só bla bla blá. A violência é que é o movimento que nos traz a abençoada audiência.


Falando em agressão, será que Osmar Prado precisa realmente fazer o tempo todo aquela voz agoniada de foragido do Adauto, surtado e pelado, na Reta da Penha, na hora do Rush? Cracky!


É pau, é pedra... E lá se vai a vidraça do vizinho.


3 comentários:

Blog Dri Viaro disse...

vim desejar bom dia
bjs

Beto Mathos disse...

É pau, é pedra.
É o fim da cultura do Estado?

Juca Magalhães disse...

Quem sou eu pra responder a essa pergunta Beto... Espero que não.