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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

NESSE MUNDO NÃO HÁ NADA QUE VENHA DE GRAÇA


Eu adoro crianças, bom depende da criança é claro, lembro de algumas que... Enfim. Mas geralmente gosto de tê-las por perto. Antigamente eu tinha um sangue doce danado pra fedelhos, mas nunca fui muito de ficar paparicando, quando via a gurizada estava sambando na minha cabeça. Hoje essa atração parece ter diminuído, deve ser a idade e o costume de deixar a barba crescer, me parece que apesar de todo avanço tecnológico a maioria delas ainda têm medo do lobo mau.

Infelizmente - e digo isso com uma ponta de tristeza – até hoje o bom destino não me reservou filhos, não que eu saiba. Talvez o fato de nunca ter me tornado um homem rico nem famoso ou os dois, me impediu de ser surpreendido por alguma paternidade lá dos “anos difíceis”, citando Hermann Hesse pra dar uma de quê. Bem sei o quanto fui irresponsável durante aquela sacudida vida sexual que me aconteceu. Curiosamente minha geração também não foi muito pródiga no quesito reprodução.

Aliás, existem outras curiosidades sobre os meus contemporâneos, suas mentes brilhantes e suas vidas perdidas, desperdiçadas e sem rumo. Contraditoriamente os mais chatos (porque gostavam de estudar), nos pareciam menos inteligentes e eram menos admirados. Justamente – vejam só – eles acabaram mais bem sucedidos financeiramente na vida que se seguiu. Sempre me pergunto do por que disso, mas não quero dar exemplos. Isso não é uma tese, é apenas um fato curioso.

Talvez seja como a beleza inata. Descobri que as mais belas criaturas foram das mais infelizes em suas vidas sentimentais. Para um rosto bem talhado e um corpo perfeito as coisas vêm mais fáceis, não precisam lutar, nem descobrir estratégias. Remam facilmente, contra ou ao sabor da maré. O indivíduo classificado como feio rapidamente descobre que precisa encontrar maneiras de competir por afeição, torna-se mais hábil e determinado... E determinação é tudo.

Minha mulher tem irmãos evangélicos que colocaram no mundo um divertido casal de pirralhos, eles volta e meia vêm nos visitar. Com o tempo nossos abismos culturais e a desconfiança das crianças para comigo  foram diminuindo. Outro dia eu conversava com Emilly de quase sete anos, após muita farra com o Mateus de três que, de tanto eu o perturbar, ficou muito bravo comigo. Disse até que ia me matar. E a Emilly ainda emendou em tom de reprovação:

- É Tio você vai morrer e não vai pro céu!

- Mas por que não Emilly?

- Ué Tio, porque você bebe e você toca roque.

- Ora Emilly. Quer dizer que no céu não tem birita nem Rock ‘n’ Roll?

- Claro que não né Tio!

- Ah Emilly, então eu não quero ir pra lá não...

Entenderam o que eu tô falando?

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