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quinta-feira, 14 de agosto de 2008

PESSOAS ESTRANHAS E SUAS MANIAS ESQUISITAS

Você conhece alguém que durante uma conversa te faz repetir o que foi dito? Até acontece da gente não ouvir ou deixar de entender uma coisa ou outra, mas durante toda uma conversa é chato pra caramba. Parece um tipo de gagueira, o cara não consegue responder nada de pronto e te obriga a repetir.

Como falei da gagueira - que até onde eu sei é um distúrbio de formação da frase - essa outra “disfunção” já deve ter sido mapeada por algum desses psis que vivem de dar nomes intelectualóides às coisas bizarras do mundo. Tipo “síndrome do pânico”: cara que nome mais besta! Não seria muito mais simples dizer que a pessoa tá com: “chilique de frescura involuntária” ou “ataque de cagasso inexplicável”?

Uma vez me indicaram um luthier que tinha a fama de ser o melhor profissional pra mexer com guitarra por aqui, levei meu instrumento na oficina dele pra regular o braço e tudo o que eu perguntava o miserento respondia: “veja bem”. Rapaz, aquilo foi me dando uma agonia:
- Ó só eu tenho essa Washburn aqui pra regular o braço, você mexe com esse tipo de guitarra?
- Veja bem: (pausa) eu sou o representante autorizado aqui no estado...
- Legal, legal e quanto é que você me cobra aí pelo serviço?
- Veja bem: (pausa como se estivesse pensando) esse braço da sua guitarra parece que já foi mexido antes e blá, blá, blá... Mas dá pra fazer sim, por tanto...
- Tá bom, então em quanto tempo você me entrega?
- Veja bem: (pausa dolorosa, aqui eu quase dei linha no espaço sideral) tem uma fila enorme de instrumentos pra mexer ainda e blá, blá, blá... - No final só deixei a guitarra lá porque o cara tinha sido indicado pelo Saulinho, se ele falasse mais um “veja bem” daqueles não sei não... Fiquei imaginando depois ter que ligar pra saber se o serviço estava pronto e ouvir o cara falar: “Veja bem: (pausa) pode vir buscar”.

Outro que tem a mania de surdez sem ser surdo é um amigo meu que é candidato a vereador, Deus me livre ele na Câmara... se bem que... enfim, a gente vê cada coisa...
- E ahê cara, cumé que tá a campanha?
- Hãn? – Acho um saco quando ele responde com esse hãn, mas eu tava ali só jogando conversa fora mesmo:
- Tá fácil ou tá complicado aí pra se eleger irmão?
- A campanha tá boa, tá boa. Tá indo de vento em popa, meu nome tá na rua.
- Eu já falei pra rapaziada lá de casa toda votar pra você.
- Hein? – Ainda bem que era mentira. Mas insisti na coisa pra tentar me garantir.
- Nóis vamo tudo votá pra você!!!
- Que bom, que bom... Eu conto com vocês mesmo. Tamo junto!
- Depois quero só ver se tu vai me arrumar alguma coisinha lá na Câmara hein?
- Hãn?
- Porra bicho, cê tá ficando surdo? Vai limpá essas orelhas cara!
- Hein? – Que nem o gago, quanto mais o cara fica nervoso menos escuta.
- Nada não, dexeu imbora que tenho que pegar minhas criança lá na escola.
- Tá bom, tá bom... Quê qui cê achou da músiquinha da minha campanha?
- Bom, eu consegui escutar e você?
- Hein?
- Achei uma merda tá? Té mais.

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