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domingo, 14 de setembro de 2008

ANÁLISE HOMOFÓBICA DA MÚSICA BREGANEJA

Têm umas mensagens eletrônicas que de vez em quando reaparecem na net, algum internauta que gostou da história resolve compartilhar com os amigos, afinal piada boa é aquela que a gente não conhece. Duas circulam faz tempo e de vez em quando me chegam de destinatários diferentes. São parecidas, esculacham (termo em alta ultimamente, sobretudo no universo Rave-n-gar) com a música brega nacional, o que é chutar cachorro morto. Pra que gastar tempo dizendo que o cabelo do Chimbinha é ridículo e que aquela mocréia da banda Calypso não canta, uiva? O jeito é transformar em piada.

A primeira mensagem era refinada, escrita pelo Veríssimo, comparando a música dita ruim com as drogas, muitos de vocês devem ter recebido esse email. A segunda é sobre os astros brazucas precocemente excluídos da face da terra: Cazuza, Os Mamonas, Renato Russo, Cássia Eller, Raul Seixas, enfim, uma galera, supostamente do bem fazer musical. E que, por outro lado, os pagodeiros, axézeiros (sic) e breganejos continuam por aí esbanjando saúde e ocupando o espaço auricular de qualquer um que se aventure a dar o beiço pelas noitadas... Com esse eu já não concordei muito, afinal:

O parceiro do Daniel morreu (não sei quem era, mas tinha) deixando a biba solta em vitoriosa - de Ivan Lins - carreira solo. O irmão do Leonardo, o Leandro, teve um câncer raríssimo (diferente da música comum e chumbrega da dupla) e empacotou. O primeiro parceiro do cumpádi Mirosmar (também conhecido como Zezé di Camargo) foi-se de acidente de carro e, essa semana que passou, o câncer carregou Waldick Soriano para o seio da lira brega desencarnada... E se você pensar bem, a perna de Roberto Carlos já está por lá esperando por ele faz tempo. Mas o resto tá ruim de chegar né?

Falando em breganejo, estava eu num happy-streng popular e ouvi uma música gozada que falava de um cara que enganava a mulher dizendo que ia pescar com os amigos, mas na verdade ia cair na bagunça! Daí pensei com meus botões: será que essa animada cançoneta popular foi inspirada no filme "O Segredo de Brokeback Mountain"? Afinal a história dos dois caubóis tinha essa coisa de pegar na vara, digo de pesca... Futuquei a moça do lado e perguntei de quem era aquela música, ela olhou para o outro lado e não me respondeu. Achei estranho e a coisei de novo, daí ela falou indignada: - Pô, pensei que cê tava fazendo hora com a minha cara... É do Bruno e Marrone, ora! Como se eu tivesse obrigação de saber essas coisas - e mesmo que soubesse jamais admitiria assim por escrito.

Mas essa música me deu o que analisar psico-deli-cológi-camente. Atentem para o refrão: Que pescar que nada vou bejar na boca / ver a muierada na madrugada ficando louca / ...
... Porra, não lembro o resto. Dexeu pesquisar no Google ...
Putz! E agora? Abri o "letras.terra.com.br/brunoemarrone" e pra meu espanto achei mais de 250 músicas! Quantos discos será que esses caras já gravaram? Pensando bem, uma das características do brega é a alta capacidade de reprodução ... Vou continuar procurando ...
Tá difícil, os títulos das músicas são todos parecidos: Doçura de Enganar, Estou Aprendendo, Estou Arrependido e por aí vai...

Olha esse: Explosão de Amor - Ficou meio apelativo né? Hahahaha!

Achei!!! Na letra "Q" - Ora que burrice a minha, o nome é: Que Pescar Que Nada.

Nada mais óbvio, eu colocaria: quando a minha vara saiu de férias!

Bom vai aí a interpretação completa, digna do Grilo Falante em pessoa, se bem que é capaz dele me dar um puxão de orelha pelo ligeiro homofobismo que tratei o assunto:

Na primeira estrofe o cara relata que tá sossegado, com o burro na sombra e resolve pegar o cunhado (!) pra passear. Enche o tanque do carro, compra pinga e cigarro - provavelmente pra embebedar o moleque - junta as "tráia" de pesca pra disfarçar e se anima com uma "festa" que vai rolar lá na lagoa... Daí fala pra mulher que a farra é comportada e reclama que ela não o deixa por a cara pra fora (soltar a franga?) nem jogar bola. Daí conclui dizendo que o jeito é ir pescar... He he he, coitado desse cunhado. Bom, também não sei, vai que o menino - supondo que seja um menino - é do ramo.

Mas é no refrão que o cara se entrega quanto às suas verdadeiras intenções: fala que vai beijar na boca, ver a mulherada ficando louca (nessa turma ele provavelmente estaria louquérrima se incluindo) e que vai ter sete pra cada homem. Amigos: foi nessa hora que o cara deu um pulo acrobático, Hipólito, pra fora do armário. Ora, todo mundo sabe que sete é conta de mentiroso e, se vocês têm boa memória, o pescador de araque diz no início que a turma estava indo para uma festa na lagoa, antes de inventar pra esposa que ia pescar. Pala gayyy!!! Mais perfeita pra trilha Brasileira do Segredo de Brokeback só aquela do Ahêee cowboy viado! Aliás, será que o tal do Daniel já gravou essas músicas?...

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