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sexta-feira, 14 de maio de 2010

A VOZ DO POVO NÃO ACONTENTA DUNGA...


Semana cultural escabrosa, eu mesmo peguei uma gripe, tipo assim, cult, saca? Incompreensível. Não deu pra entender mais nada, fiquei alguns dias derrubadão. Cancelei aula, fiquei sem escrever, até tocar piano eu não conseguia... Nesse meio tempo fecharam o Canecão, vocês viram? E agora os Cariocas estão reclamando que não têm mais um espaço decente para apresentações na cidade. Se por lá é assim, hein? Imagina por aqui.


Mudando de assunto, se tem uma coisa que irrita um especialista em sua área é ter que aguentar opinião de leigo, aquele cara que não tá com o dele na reta, acredita piamente que as coisas são do jeito que ele as percebe e que acha que entende duma coisa simplesmente pelo que vê pela televisão. Nessas horas é que dá pena do Dunga, você queria estar no lugar dele? Fico curioso com os jornais televisivos que vão pras ruas ouvir a vox populi... Ora essa, pra quê? Talvez para corroborar a opinião leiga que eles mesmos formaram.


Lembra aquela copa que o Maradona ganhou jogando volei e que o Zico era da seleção - 1986 se não me engano - daí perguntaram pro “galinho” quem ele achava que ia ganhar. Imagina se ele falou o Brasil, não, nem Argentina. Ele falou assim: quem vai ganhar a copa é o Maradona. Sabe qual é a diferença? O cara é um especialista, ta dentro do caldeirão e consegue enxergar as coisas como elas realmente são. No esporte de alta performance não tem espaço pra esses achismos e em várias outras áreas seria bom se também fosse assim.


Tenho duas lembranças bem antigas do Canecão. Meus pais resolveram jantar lá e tiveram que me levar junto ainda criança para assistir a uma apresentação de um cantor que hoje não faço mais a menor idéia de quem fosse, comecei a chorar e reclamar, fui acudido por ameaças e beliscões discretos. Chorei mais alto, agora sim, com a intensidade das unhas de Timbuí que mamãe nunca abandonou. No intervalo veio um comediante hoje desaparecido, mas que eu conhecia da televisão e parei de chorar. Era um cara meio jeca que fazia brincadeiras com doce de jaca, docinho de gerimun, sei lá. Juarez Leite? Cara, era alguma coisa assim...


Voltei ao Canecão ainda na fase inocente da adolescência - porque depois teve a fase da perda da inocência e, finalmente, a do adeus às ilusões - para assistir com minha irmã Milla e alguns amigos ao show “Uns” de Caetano Veloso. Ficamos bem lá na frente do palco, eu era um aspirante a músico e queria ver tudo de perto, a marca dos instrumentos, dos amplificadores, como os caras tocavam, essas coisas. Muito diferente dos shows nos ginásios daqui, o palco do Canecão ficava um pouco acima de nossa cintura e o lugar não estava tremendamente lotado com aquele monte de gente se empurrando.


Caetano estava numa onda malemolente de beijar todo mundo na boca, durante o show contemplava os músicos com um selinho, mas o baterista – Vinícius Cantuária? – não correspondeu ao agrado, daí o cantor partiu pra cima da platéia, ou seja: enquanto meninas e meninos corriam para disputar um beijo do ídolo eu e meus amigos botocudos corremos pra trás da muvuca, talvez acreditando e temendo que havia mesmo o risco dele simplesmente dar um créu em um de nós assim do nada... Ora, vai saber...


Mas todo ano que tem copa do mundo é essa mesma lenga-lenga, confesso que não entendo bulufas de futebol e mesmo que o assunto me interessasse como amador – muito pelo contrário – o bom senso me aconselharia a não emitir opinião, ora, eu não estou lá pra saber do que está rolando. Acho uma perda de tempo os principais canais de mídia darem destaque pra esse achismo nacional de levar fulano e sicrano e desmerecer o trabalho de quem está na fogueira das vaidades que é esse Oscar do futebol. Sabe o que mais? Eu acho que essa parada de falar do que não sabe é que é a verdadeira paixão nacional.


2 comentários:

Anônimo disse...

Acho uma perda de tempo os principais canais de mídia darem destaque pra esse achismo nacional de levar fulano e sicrano e desmerecer o trabalho de quem está na fogueira das vaidades que é esse Oscar do futebol. "

Peeeeeeeeeeeeeeeeeeerfeeeeeito!

Bota os caras lá, joga essa joça e pronto.
Também naõ uso meu tempo com futeboladas mas claro que gosto de assistir bons espetáculos disso e ATÉ torço pelo Brasil, mas não é a morte da bezerra, não.

Mas lembro que faltou pouco cobrirem o Felipão de porrada porque, acho, não levou o Romário, botou fulano, tirou sicrano.
Felipão foi lá - té logo! -e ganhou a copa - nem sei qual, mais.

Abração Jucaço!

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Dino Gracio
Blogracio
www.blogracio.com

Anônimo disse...

Juca, olá!
Eu o parabenizo mais um vez. Essa crônica DUNGA/CANEÇÃO é, acima de tudo, uma crítica lúcida sobre o nosso (brasileiro) jeito de ser. Mas eu estou fazendo contato para também dividir com o amigo um momento de alegria e de muito orgulho pra mim. Minha peça Os Gatos do Beco, que marcou época por aqui em duas montagens que realizei junto com Marlon Christ (Lembra dele? Ex-garoto propaganda da rede de supermercados Boa Praça. Ele tinha como bordão a frase "E fique ligado!")... pois então, Os Gatos do Beco, em montagem da produtora mineira Sport Play Produções, está em cartaz em Belo Horizonte e recebendo críticas muito possitivas. Gostaria que o amigo lesse uma delas. Basta para tanto clicar na linha abaixo. Forte abraço. Continuo seu fã.

ALVARITO MENDES FILHO

http://www.divirta-se.uai.com.br/html/sessao_11/2010/05/07/ficha_teatro/id_sessao=11&id_noticia=23862/ficha_teatro.shtml