Páginas

sábado, 5 de fevereiro de 2011

FRAGMENTOS DE UM ENSINAMENTO DESCONHECIDO


Você sabe como nasceu a “Jovem Guarda”? Tá legal, não é da minha época também, aliás, o programa surgiu no ano que eu nasci. O papo é o seguinte, assim, uma brasa mora? Catei pra assistir o documentário “Uma Noite Em 67”, que conta algumas peripécias daquele terceiro festival da canção organizado pela TV Record que trouxe Caetano Veloso com “Alegria Alegria”, Gilberto Gil e Os Mutantes com “Domingo no Parque”, Chico Buarque com “Roda Viva” e mais uma cacetada de coisas.

Muita gente pensa, e até defende a idéia em textos acalorados enviados e reencaminhados pela Internet, que a televisão Brasileira é quem faz a opinião do público. Eu pergunto: e se for o contrário? Ou melhor: a verdade é que isso não é bem assim e que essa avenida tortuosa tem mão dupla, e a programação das tevês é tão influenciada pelo público quanto o inverso. Considere o texto que segue:

“As massas não procuram o conhecimento, não o querem, e seus chefes políticos – por interesse - só reforçam essa aversão, esse medo a tudo o que é novo e desconhecido. O estado de escravidão da humanidade tem por fundamento esse medo. (...) Basta observar como vivem as pessoas, suas paixões ou aspirações, em que pensam, do que falam, o que servem e o que adoram. Veja para onde vai o dinheiro da sociedade culta de nossa época, considere o que dita os preços mais altos, para onde vão as multidões mais densas. A humanidade tal qual é atualmente, com os interesses pelos quais vive, não pode esperar outra coisa senão o que tem.”

Ouspensky citando G. em seu livro Fragmentos de um Ensinamento Desconhecido, escrito nas primeiras décadas do século passado.   

Tenho a impressão, que é quase uma certeza, de que as pessoas que fazem textos furibundos contra programas como o Big Brother na verdade querem mesmo é chamar a atenção para si, para suas idéias, mostrar como são machos e donos de suas razões. Na época dos Festivais o Brasil vivia um momento muito peculiar de ditadura e indignação social, era também uma época de alienação, porque, naturalmente, a grande maioria das pessoas são mesmo alienadas, desprezam o conhecimento, mesmo nas camadas mais cultas.

Nos extras do filme sobre 1967 tem uma entrevista com Paulinho Machado de Carvalho, então diretor da Record à época. Disse que seu irmão Tite televisionava os jogos do campeonato paulista de futebol e inventou aquela coisa de mostrar a platéia, hoje tão comum com os seus “Cala Boca Galvão”. Numa dessas foi mostrada a tribuna de honra da Federação Paulista de Futebol e lá estava o então presidente da entidade com uma “senhora” que não era exatamente a que ele deveria estar.   

Deu uma confusão dos diabos... E o distinto, o senhor João Mendonça Falcão, em represália, mandou suspender a transmissão dos jogos deixando no domingão um buraco na programação da tevê. Foi na onda de tapar o buraco da madame que se criou um programa “para a juventude”, porque nessa época as pessoas ainda apreciavam música, comandado por Roberto Carlos com o nome de Jovem Guarda, tirado de uma coluna de Ricardo Amaral e o resto da história todo mundo já sabe.

O que vemos no mundo é exatamente isso: pessoas vestidas de alguma autoridade que para continuarem vivendo como querem, ou em função de interesses muito pessoais de um pequeno grupo, inventam sanções e regras para toda a coletividade que, em sua ignorância, balança a cabeça e muge resignadamente. Isso acontece o tempo todo na política, nos movimentos religiosos, em tudo quanto é lugar. De vez em quando aparece alguém berrando contra a situação, mas geralmente o que essas pessoas querem é legitimação para poder conquistar o direito de fazer a mesma coisa.

Observando o conteúdo dos textos antigos podemos perceber claramente que a humanidade não está “evoluindo” como a maioria acredita. O homem patina sobre as mesmas questões das quais se fala nos textos bíblicos mais antigos, só para citar um exemplo. E, entra ano sai ano, dizer que fulano é herói e sicrano não é, é uma tremenda bobagem. Porque a verdade é que somos todos “bucha de canhão”, inclusive o Bial, o Boninho e, especialmente, o Mané que circula texto revoltadinho pela Internet tentando se passar como Veríssimo.

Dorme bem Brasil, sonhe com os anjinhos!

Nenhum comentário: