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quinta-feira, 25 de setembro de 2008

NEM TUDO O QUE BRILHA É PURPURINA

Conheço um ótimo apresentador de eventos que é uma figura muito distinta: voz grave e profunda, cabelos totalmente grisalhos cortados bem curtos, vasta barba branca, um visual acima de qualquer suspeitas. Porém – não muito secretamente – o indivíduo é um ativo (e passivo também) militante do movimento Orgulho Gay.

Em todas as grandes inaugurações é a mesma coisa: o povo fica ansioso por estar perto do Prefeito, dar aquela puxadinha de saco básica; pedir, pedir e pedir. Lá no meio da muvuca estava uma senhora não muito distinta, tentando sem sucesso se aproximar do mandatário municipal, sei lá qual era a sua verdadeira intenção.

A cerimônia começou com as autoridades se postando em um lugar de destaque e a mulher resolveu, no seu projeto de se aproximar do Prefeito, jogar seu charme pra cima do circunspeto apresentador...

- Escuta aqui. Você não está lembrando de mim não é?
- (o apresentador faz uma expressão séria e desinteressada) Não minha senhora, eu não estou lembrado.
- Poxa vida hein... Então, quer dizer que é assim é?
- (lentamente o homem desvia os olhos do roteiro da cerimônia e fita a mulher por cima dos oclinhos de leitura) – Assim como minha senhora?
- (colocando as mãos na cintura) Vai dizer que você não está me reconhecendo...
- (voltando a fitar o roteiro o apresentador responde laconicamente) – Não minha senhora, não estou te reconhecendo. Aliás, eu tenho certeza absoluta que não a conheço.
- Ah é, é? Já esqueceu daquela noitada no barzinho e depois no motel é? (o apresentador agora a olha lívido, sem acreditar) A gente já saiu e coisa e tal e agora você faz que nem me conhece é? Como assim?
- (Dessa vez a biba perde o rebolado, aquilo, afinal, era uma afronta à sua evidente feminilidade) – Não minha senhora, eu não esqueci dessa noite não. E quer saber por quê? Porque ela nunca existiu.
- Ah não é? Pois sim...
- Não minha senhora nunca existiu não e quer saber por quê? Porque eu sou viado, viado entendeu? Vê-i-Aia-dodô. Bicha! Tá legal?!!!
***

Esse mesmo apresentador comandava a festa de entrega da pavimentação de umas ruas em que fazia discurso um vereador local, super fanho, que além de ter arrancado alguns dentes naquela tarde ainda insistiu em fazer uso da palavra.

- Enfão minha fênte, éfa óba é múuto portante, mas muuuto portante mefmo. Puquê ela é toda feita no boquete, que é mil vefes milhóm que afalto. O boquete, ele fafilita a água efcoar e o afalto causa alagamento. Eu gostei mesmo defa oba, puquê enxeu tudo aí de boquete, mas colocaru uns cem mil boquete de cima embaxo!

No canto do palco o apresentador segreda aos mais próximos:

- Ái meu Deus, não precisa cem mil não: com unzinho só eu já estava satisfeita!

Um comentário:

Anônimo disse...

Eleição e discursos de comício são muito comédia mesmo Juca...Na eleição passada renderam até um cordel...Rolei de rir com esses textos...A mulher e os filhos não entenderam nada e os moleques estão me pressionando aqui pra liberar o comput...T+