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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

LENDAS E FÁBULAS NA BOTOCULÂNDIA Op 1


Alguém por aí ainda se lembra do lendário Rei Midas? Por favor, não me olhem com cara de paisagem... Midas, minha gente, era Rei na antiga Frigia, hoje Turquia, e certa vez entrou numas de ajudar o Sileno – mestre de criação (art designer?) de Baco (a famigerada divindade do vinho) - que andara se metendo numas mega-cachaçadas - como, aliás, reza o código de ética de sua profissão - e perdeu feio o rumo do monte Olimpo. Depois de tomar todas com Sileno, Midas resolveu devolver aquela esponja criativosa na casa de seu patrão, afinal, a ressaca: ela existe.


Baco - também conhecido pela alcunha Dionisíaca, especialmente depois da meia noite – ficou muito agradecido com o reaparecimento de Sileno e pra recompensar a ajuda de “el rei” disse que concederia a Midas o desejo que lhe desse na telha. O cara era turco, não esqueçamos deste pequeno detalhe, e pediu ao deus do vinho o poder de transformar tudo o que tocasse em ouro. O deus ficou com pena do cara, mas fazer o quê né? O médico pediu para não contrariar. Então sapecou o poder pra cima de Midas que saiu de lá “Feliz, feliz” como diriam os meninos da Banda Solana...


No início é assim, depois piora. Pois bem, Midas começou a pegar numas paradas e, ante seus olhos deslumbrados, viu que elas realmente se transformavam no vil metal. Foi só quando chegou em casa a pé, porque seu camelo tinha virado uma estátua dourada, que o cara começou a desconfiar que aquele seu desejo não tinha sido uma escolha muito boa não. Mas aí já era tarde cumpádi, sua filha virou ouro, logo depois sua mulher e também sua amante, ou seja: cerveja, pois o infeliz não conseguia mais comer nada nem ninguém, tudo o que tocava imediatamente se transformava em decoração de motel. Prestes a morrer de fome o monarca resolveu pedir arrego a Baco que acabou dando um jeito de retirar a urucubaca de cima dele.


Qual a moral da história? Ué véi, ela pode ser vista por aí todos os dias. Porém, justamente do ponto de vista moralista das pessoas e não sob o ângulo que é mais acertado a meu ver. Qual seja, cerveja: o mais condenável no fácil (fácil?) enriquecimento ilícito não é simplesmente a grana (ou o ouro) em si, mas o efeito que a opulência tem nas pessoas e as conseqüências irreparáveis que daí advém.


Peguemos por exemplo o caso espalhafatoso e tão falado da dita “Operação Naufrágio” e seus envolvidos dos altos escalões do poder judiciário. Digamos que os magistrados tenham realmente cometido a série de crimes de que são acusados, venderam sentenças, pintaram e bordaram para transformar tudo em ouro e quebraram a cara. Sabe na minha opinião qual é realmente o problema? É que as pessoas prejudicadas por suas ações impensadas jamais serão ressarcidas de seu prejuízo, nunca vão poder contestar uma decisão que pode ter alterado injustamente o rumo de suas vidas. Esse rumo que se altera, ele não tem preço, porque não se recupera, não se remenda calça velha com tecido novo...


Eu tenho uma pequena história pra contar, que é exatamente como a lenda do Rei Midas. E ela aconteceu aqui mesmo em nossa “sociedade” botocuda. É sobre um cara que nada de mais foi para o mundo, mas que viveu de maneira intensamente voraz e merece ocasionalmente ser lembrado, nem que seja apenas pra lamentarmos sua insensatez. Mas como este texto está ficando grande demais, vou lascar o famoso “concluímos na próxima edição” pra cima de vocês... E quem quiser que conte outra.

3 comentários:

Juliana disse...

Juquinha sabe o que realmente me deixa de cara em toda essa história da Naufrágio?
É que a imprensa usa a editoria de POLITICA quando o caso é de POLICIA. Sacou? Enquanto nós continuarmos tratando um caso de POLICIA como se fosse POLITICA, os safados vão continuar livrando suas caras com POLITICAGEM. Sharia neles todos! E cerveja pra gente...
Bjs,

July.

Juca Magalhães disse...

Siiiim babe, geralmente quando alguém do high-urgh society apronta alguma coisa bem barra pesada acontece isso. Lembro, por exemplo, quando aquele menino infelizmente decepou a perna de Lars Grael e toda a reportagem saiu nas páginas de esporte...

Juliana disse...

Triste, muito triste essa inversão de valores. Parece um recurso para minimizar as coisas graves que tem acontecido ultimamente. E não é uma exclusividade botocuda. Onde tem saído as news do Arruda?...e o cara está em cana!, mas a editoria continua de política. Temos (brasileiros) muita estrada pela frente até conseguirmos consolidar uma sociedade educada, justa, consciente e comprometida. Como diz uma prima:
"O que separa o Brasil da Europa não é só o Atlântico, são quinhentos anos."