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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

TEM GENTE QUE NÃO OLHA PARA O PRÓPRIO RABO


Ontem estava lembrando da moda dos patins que assolou Vitória no início dos anos oitenta. Ou será que ainda era finalzinho da década de setenta? Acho que foi início dos anos oitenta mesmo, porque me vêm músicas à lembrança como Hollyday com Madona e Girsl Just Wanna Have Fun com Cindy Lauper. Eita! Enfim, não importa. Acho que lembrei disso porque segunda passada vi uns conhecidos daquela época fazendo compras no supermercado. Falando nisso o Carone está promovendo um sorteio de automóvel. Ora, do jeito que aquele lugar vive lotado eles deveriam sortear uma vaga de garagem, que falta de criatividade, de carros a cidade já está engarrafada.


Mas então, tinha uma sorveteria chamada “Bem Bolado” que ficava ali depois da curva do posto Monza, bem em frente ao Edifício Marechal Rondon na Avenida Cezar Hilal. Foi nessa parada que a moda dos patins se consolidou, tinha lá uma pista de patinação e o lugar virou a coqueluche da cidade. Os primeiros destes aparatos rolatórios que vi por aqui eram da marca Bandeirantes, toscos como eles sós, de ferro e pesados, com rodas de plástico pretas, tinham uns parafusos embaixo para aumentar ou diminuir o tamanho conforme o pé do patinador. Daí que nessa época começaram a aparecer patins com rodinhas coloridas - um tal de poliuretano - e botas bacanas, virou moda entre a molecada, especialmente as meninas.


Uma memória puxa a outra, o passado livremente associado. Agora lembrei do Paintball do meu amigo Sérgio Borgo e mais uns sócios. Descobri que uma garota daquela época está com um blog sobre moda: nada contra, nada a favor, apenas lembrei de um outro amigo o Maurício “Cocozinho” Ferreira. Uma das figuras mais engraçadas que conheci. Uma vez o pessoal saiu pra rua com uma garrafa de uísque e um balde de gelo, como Cocozinho estava sem copo resolveu meter o uísque no balde e - como tinha acabado de voltar dos Estados Unidos – gastava o inglês com todo mundo: “I’m fucking drinking a balde”.


Íamos tocar no Paintball com a banda Deuses Sem Nome, isso era já início dos anos noventa, nessa época eu estava prestes a abandonar a militância no roquenrou. Minha mãe havia sido assassinada, eu precisava me reinventar ou descobrir qual era a do mundo real, não sei mais. Fizemos a checagem do som no final da tarde e no início da noite Cocozinho apareceu me intimando a tomar uma cerveja, de repente a tal garota emergiu das sombras e se dirigiu para o balcão do bar. Linda, esquia, o nariz empinado das estrelas que polarizam olhares por onde passam. Nós estávamos um pouco afastados, na penumbra do início da noite, Cocozinho me cutucou e falou:


- Olha só Juquinha, olha lá. Mas ela é muito metida mesmo... – Olhei na direção da garota, lembrei que estivera em sua casa uns dias atrás – era amiga de uma namorada minha – ela dizia, antenada e descolada, que só um dos cremes que passava no rosto custava mais de trezentos dólares, que não era mulher para qualquer um não, que sua manutenção era muito cara. Sim, uma comparação perfeita, é como um automóvel de luxo, “top de linha” como disse aquela policial no BBB10. Essas são referências do que passei a chamar de consumo de convívio, pessoas que se tornam consumistas de pessoas e outras das outras. Cocozinho segurou meu braço e disparou com sarcasmo:


- Olha só, agora ela vai olhar pra bunda, fica vendo. – Achei a afirmação tão biruta que comecei a imaginar o quanto o cara já andara fumando ou bebendo, mas, porém, contudo, entretanto! Logo em seguida a garota sacudiu a longa cabeleira e, virando o rosto num gesto estudado e fútil, deu uma boa olhada para a própria buzanfa que estava enfiada em um jeans tão apertado, mas tão justinho, que pra tirar só cortando com tesoura ou rasgando com volúpia o que não era de todo uma má idéia.


Por que será que a garota fazia aquilo? O fato do cara saber desse hábito estranho, tanto que cantou a pedra antes de acontecer, faz concluir que a referida devia viver fiscalizando a própria retaguarda. A pergunta que me ocorre é: por quê? Alguém poderia argumentar que se eu tivesse uma bunda bonita também viveria olhando para ela, mas não sei se é esse o caso. Bom, nunca vou saber, a não ser que algum de vocês me esclareça. Uma coisa é certa: não podemos dizer que se tratava de uma pessoa que não olhava para o próprio rabo...


5 comentários:

Anônimo disse...

"Acabei de adquirir um par de patins do modelo antigo prá matar a saudade...meu pint era o Roller Dance, onde depois virou a Blow Up. Agora o point é o calçadão...rsrsrs"

Bolinhas

Anônimo disse...

Olá Juca

Eu freqüentei o Bem Bolado!!!! A-do-ra-va!!!

Tive patins bandeirantes e depois minha amiga trouxe um de botinha com rodas de poliuretano! E vivia dançando as músicas da Madona em cima do patins!!! Boas lembraças!!!
Será que daqui uns dias você vai falar da Kiskina, do Mário´s ou da Papagaios?
Já temos muitas histórias pra contar mas não precisamos contar o tempo né?

Beijão

Gina

Anônimo disse...

Muito bom, como sempre...

suas lektras inspiradoras, bem humoradas e ditas com propriedade, enfim...

ainda falando da mania de duas rodinhas (os patins) me lembro do roller dance (que era em frente ao colégio salesiano) e daquele outro lugar de patinação que ocupava metade do que é hoje a Blowup, não me lembro exatamente do nome, também do zeppelin (em guarapa, na subida pra lua azul), enfim...

Maurício cocozinho, que entre outras personalidades daquela época se foram quando eu ainda estava distante (morando na califa), inclusive sua mãe, o pai do Burura e Maneco "Roberto Barra Pesada" também assassinado, enfim...

e da falsa magra de nariz arrebitado, calça jeans entalada na buça, cabelos longos e soltos e cú empinado, citada no texto e protagonista das tardes de largação na companhia de cocozinho, o comilão do pedaço e voyer profissional de BF... I wonder, qual era o nome dessa atirada e que fim levou???? Casou com algum playboy filhinho de papai (como manda a tradição capixaba) ou encalhou e hoje embarangada, frequenta alguma igreja inventada ou vende Herbalife...???!!!

Estas, entre outras respostas, a gente confere no próximo Lektra eletroniqua...

Good weekend!

BB

Juca Magalhães disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

"Adorei! Patinei muito na Bem Bolado e também na Zepelim em Meaipe. A Dani Ornellas com certeza também tem ótimas recordações; ela patinava muiiitoooo!!"

Dan Quínamo