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quinta-feira, 20 de maio de 2010

O NOVO PIANO DO CARLOS GOMES É UM DOS MELHORES DO MUNDO!

Daí que após meu último post um monte de gente veio me perguntar sobre o novo piano do Carlos Gomes, o que eu tinha achado da sonoridade, se o Teatro tinha ficado bacana (vejam os comentários na Letra Elektrônica) resolvi então escrever mais um pouco sobre o assunto, porque, culturalmente falando – ou escrivinhando - eu acho importante. Não, porque nós somos os primeiros a tacar pedra em tudo e sempre estamos mais dispostos a falar mal do que ressaltar os aspectos positivos das coisas, ainda mais quando são públicas. Então vamos lá:

A reforma do Teatro me pareceu muito bem realizada, me disseram que ainda faltavam acabamentos exteriores ou coisas assim e que críticas, como sempre, haviam. Confesso que cheguei tão esbaforido e corrido que nem vi a face externa do prédio, aliás, só consegui entrar porque minha esposa “subornou” um flanelinha: para bom entendedor meia crítica já é o bastante.

O aspecto original do espaço interior foi totalmente preservado e renovado, manteve-se a mesma atmosfera pseudo-suntuosa que rapidamente remete à infância, aquelas lindas pinturas de Massena no teto (isso tudo deve ter denominação específica, foi mal) e o grande candelabro. Diga-se a verdade, as reformas feitas pela administração do governador Paulo Hartung são – pelo menos as que vi – muito bem feitas e acabadas, muito diferente do que já vimos em administrações anteriores e na municipalidade de maneira geral.

Daí vem a questão do piano em si. Confesso que, apesar de adorar o assunto e conhecer boa parte da literatura pianística, quando se fala no “topo do topo” desse instrumento musical não sou realmente profundo entendedor, simplesmente porque não dou recitais, não viajo o mundo todo e nem tenho 150 mil dólares para investir na brincadeira. Do alto dessa minha ignorância posso garantir uma coisa: o novo piano do Carlos Gomes é um dos melhores instrumentos do mundo. Vamos aos fatos:

O modelo Steinway & Sons D 274 (Essa numeração é relativa ao tamanho do instrumento, quase três metros de comprimento!) é padrão em todas as melhores salas de concerto do mundo e é também o instrumento preferido pela maioria dos grandes pianistas desde o início do século. A Secretaria de Estado da Cultura divulgou que o “nosso” piano é fabricado em Hamburgo, diferente do que haviam me dito, mas pesquisando descobri que hoje essa diferenciação é relativa. Muitos instrumentistas de peso preferem os pianos fabricados em Nova York, Vladimir Horowitz mesmo era um desses. A ressalva vem de Marcos Dessaune, disse que os instrumentos de Nova York sofrem mais com a temperatura aqui do Brasil.

Conversando com todos os pianistas presentes, a opinião era unânime: o som do novo Steinway era equilibrado entre as sonoridades graves e agudas e nas mãos de Vadim Rudenko soava simplesmente perfeito. Será que era só o grande pianista russo fazendo sua mágica soar? Espero e acredito que não. Finalmente temos um grande instrumento para receber aqui grandes músicos, esperamos uma programação que justifique o investimento (algo em torno de R$300.000,00) e que nos traga um futuro cultural cada vez melhor.

4 comentários:

Anônimo disse...

Querido Juca,

Seus comentários são muito lúcidos. O piano Steinway Mod. D foi uma aquisição realmente importante assim como a reforma realizada no Teatro Carlos Gomes, que precisava de reparos e de uma boa restauração. Uma sugestão a vc e a todos que te visitam: dia 30/06, o novo piano será utilizado pela orquestra pela primeira vez. Programa: Tchaikovsky - Concerto nº 1. Solista: Linda Bustani (que já foi regida pelo Simon Rattle, atual regente da Filarmônica de Berlim). Para saber mais sobre ela basta ir no seguinte endereço: http://www.gl.art.br/linda_bustani.htm
Todos convidados! Ah, e o regente, que acaba de receber o prêmio Carlos Gomes de Melhor Regente de Ópera em 2009, será o experiente maestro Roberto Duarte. Para saber mais sobre a temporada da OFES: www.secult.es.gov.br/ofes
Abraço a todos e parabéns a vc pelo Blog!

Helder Trefzger

Anônimo disse...

Parabéns pelo texto Juca... Mas uma duvida que vc as vezes pode me responder... No Caros Gomes já não tinha um Steinway ? Os dois pianos que haviam lá , um era Yamaha e o outro? Me deu realmente um branco.
Abçs , tudo de bom para vc!

Erika Kunkel Varejão

Juca Magalhães disse...

Pois é, o Antigo Steinway do teatro era um piano de quarenta anos, não bastasse a idade o coitado foi mal cuidado e conservado ao longo desse tempo. Já havia despencado no chão, tomado banho de cerveja, uísque e outras substâncias. Enfim, é um instrumento maravilhoso, mas estava deteriorado. O outro que tínha lá era um Bösendorfer comprado na década de oitenta, infelizmente, um instrumento que se revelou ruim e era alvo de críticas de todos os pianistas que o utilizavam. O que chegou agora vai nos colocar de novo no cenário musical do país.

Um abração.

Anônimo disse...

Espero que a organização do Teatro não deixe a desejar. Eu já vi um lascado na lateral direita do piano novo. Vi, também, que os músicos da orquestra depositam seus "cases" assim que termina o concerto, quando o piano é um elemento solista. Bom, o Teatro Carlos Gomes não tem aquele elevador, próprio para esse instrumento, como nas melhores salas de concerto do mundo, ex.: Sala São Paulo. É uma construção antiga, por isso não tem como mexer na estrutura. Levando essa consideração, sugiro que orientem melhor as pessoas que manuseiam o piano novo, porque se isso não acontecer logo teremos um piano novo ACABADO.