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quinta-feira, 1 de março de 2012

FALTA DE SINALIZAÇÃO PROVOCA BULLING NO TURISMO!

Minha relação com o pessoal de Santa Leopoldina começou com uma escolha errada que me valeu uma baita gozação e depois com uma piada que eu juro que foi verdade, aliás: “nóis temu testemunha”. Pensei que aquela coisa inamistosa fosse um sinal de desprezo, de repúdio ao “pessoal bobo da cidade”. Agora não sei mais, talvez o buraco seja mais embaixo. O problema da vida é que a gente repensa as coisas de tempos em tempos. Por exemplo: há uns dez anos eu detestava ter que ir a supermercado fazer compras, hoje não faz mais tanta diferença, apesar de conviver com a absurda realidade dos próprios não fornecerem embalagens para os produtos que vendem.

A cidade que falo hoje conheceu um veloz desenvolvimento sob a alcunha de Cachoeiro de Santa Leopoldina, - segundo eu sei-lá-quem - chegou até a causar o sobrenome da capital secreta do universo que precisou explicitar ser “do Itapemirim” a título de desambiguação. Tinha lá o famoso Porto do Cachoeiro que escoava a produção agrícola da região serrana para a capital e o café estava bombando, logo se tornou a base da economia capixaba. O pior é que isso daria origem à famosa “cotação do café” que até hoje é insistentemente apresentada nos televisivos locais, apesar da maioria da força de trabalho do Estado estar no setor público.

Uma incrível versão hídrica da cegonha no rio Santa Maria.
 Como se isso tudo não bastasse, Santa Leopoldina foi palco do livro “Canaã” de Graça Aranha, provavelmente a mais importante obra literária que tem o solo do Espírito Santo como cenário e de quebra ainda teve uma ótema (sic) versão cinematográfica dirigida e interpretada em 1973 pelo saudoso (?) Jece Valadão. Por isso tudo e algo mais era de se imaginar que o Leopoldinense se achasse, mais ou menos, como hoje o pessoal da Barra do Jucu. Não deve ter sido fácil para seus habitantes conviver com as histórias de grandeza e da posterior derrocada da economia; de toda aquela opulência e riqueza os nascidos em meados do século passado em diante apenas ouviram falar.

O que talvez explique aquilo que nos aconteceu...

Foi no feriadão de sete de setembro no ano passado, estávamos indo visitar meu amigo/irmão Danny Boy em Santa Maria de Jetibá, cidade que eu mal conhecia até então. Íamos por Cariacica, atravessamos Santa Leopoldina até chegar no que eu suponho que fosse o final da cidade. De lá podíamos seguir reto, mas tinha também uma quebrada à direita com ponte e algo mais, o que não tinha mesmo era a porcaria da sinalização. Como não éramos obrigados a saber que rumo certo tomar, resolvemos parar para perguntar a dois caras que estavam em pé conversando na esquina:

- Bom dia amigos. Pra gente ir pra Santa Maria é só seguir reto? - O cara, meio alemão/mezzo maracachonga, respondeu num tom que oscilava entre a chacota e a reprovação pela bobagem que eu estava dizendo:

- Não é não seu moço: tem que fazer as curvas né!?

4 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom !!!
É de rolar de rir.... tão óbvio, tão besta e tamanho descaramento do sujeito....ora bolas...

abraço

marcos valério

Anônimo disse...

Sensacional Juca,,,,rsrsr....Uma exlente aula de história de nossa terra, coisa que gosto muito....E também o final é de rsrsrsr muito.....

Abs Mario

Anônimo disse...

E ele não estava certo? HÁ QUE SE FAZER AS CURVAS!!!!

Jandyra

Anônimo disse...

Meu caro Juca,

Não fique zangado com o maracachonga, com o borocochô do leopoldinense, que na sua simplicidade lhe deu uma resposta, como dizia nossos avós, curta e grossa, mas, com a naturalidade que lhe convinha naquele exato momento.

Grande abraço amigo, e ótimo finde.

Paulo Angelo