Páginas

sábado, 23 de janeiro de 2016

NOVAS AVENTURAS DO SIMBA

Em um texto anterior sobre o bichano mais fotogênico do universo afirmei que o nosso gato, o Simba, tem hábitos noturnos; passado seis meses descobri que não é bem assim que a parada funciona. A verdade é que esse sujeito que não ultrapassa a altura das minhas canelas leva a vida num ritmo diferente dos humanos: tira longas sonecas - seja de noite ou de dia - e depois brinca de pique esconde (seu predileto), come e bebe água, faz a toalete ou fica virado no modo “guardião”.

Simba sonhando com a liberdade
Para conseguir tirar suas grandes sonecas durante o dia o Simba se esconde no que entende como “modo invisível”. Seu lugar preferido para desaparecer é dentro do sofá da sala, mas costumamos encontra-lo debaixo de nossa cama, enfiado dentro do armário ou em algum outro cantinho escuro e quente. Numa dessas desaparecidas ficou preso por horas numa das bandas do armário sem que notássemos seu sumiço e, ao invés de miar desesperado, o bicho dormiu a perder de vista.

Além dos modos já comentados o Simba tem o chamado “modo evasivo”. Todo e qualquer barulho – o interfone, a campainha, o liquidificador - é motivo para sair correndo rente ao chão, como soldados nos filmes de guerra, rastejando para fugir de balas perdidas, com o rabo em antena e as orelhas apontadas para trás. Esse gatilho do pânico torna o modo guardião uma coisa curiosa, afinal, o bicho está sempre pronto para empreender a fuga e não para nos defender de um eventual inimigo.

Falei também de minha surpresa quando descobri que o gato se comunica, depois constatei que seu poder de articulação é ainda mais amplo do que eu poderia supor. A princípio notei que quando estava com fome o Simba nos seguia até a cozinha e miava na direção do saco de ração. Hoje quando a fome aperta o bicho vai até onde estamos e dana a chamar atenção, quando paramos o que estamos fazendo ele dá uma espécie de pinote animado em direção à comida. Só falta gritar: hora do rangooo!

Como vive num universo diferente dos humanos o nosso sono é uma parada que incomoda o Simba, não dá nem pra pensar em deixa-lo passar a noite dentro do quarto. No início ele até ensaia uma dormidinha, mas quando dá a doida começa a pular em cima da gente, “brincar de morder” ou lamber com sua língua de lixa. Numa dessas acordei com ele em cima da cabeceira da cama dando lambidas na minha mão e sorrindo para mim. Contei pra Alice que teve um siricotico de tanto que riu.



Apesar de ter o corpo recoberto por um sedoso casaco de pele branco rajado de cinza e marrom, nosso gato é friorento como um baiano, não suporta ficar no ar-condicionado e quando é posto para correr ainda sai resmungando. Por falar nisso, essa semana fomos surpreendidos por um baita discurso matinal. Saímos juntos do quarto e o Simba parecia querer contar alguma coisa muito emocionante que acontecera durante a noite: miau, miou, miau, miau! Depois danou a ronronar alto como um asmático e se arrastar nas nossas canelas, gestos mais comuns do repertório felídio que significa: “Me dá carinho gente! Eu amo vocês!”

O Simba é, portanto, carinhoso do seu jeito independente de ser, é também ciumento e territorialista ao extremo. Tem ciúme, por exemplo, do computador e especialmente do piano onde eu e Alice passamos várias horas sem lhe dar atenção. De vez em quando estamos totalmente absortos e o bicho vem morder o calcanhar, quando paramos o sem vergonha dana a virar pra lá e pra cá fazendo gatice. Tenho, inclusive, a impressão de que seu gosto musical está mais para o clássico do que para o romântico.

Talvez por falta de apreço à música de Chopin o Simba não seja muito chegado em agarração e outras demonstrações de afeto. Também não responde a psiu-psiu, isca-isca e vem cá bichano, seu negócio é ficar de longe dormindo ou montando guarda. Porém, com o tempo e a convivência achei uma forma de invocar sua presença. Não me pergunte como descobri isso, nem sempre dá certo, mas basta assoviar o Tema da Vitória do Ayrton Senna que o gato vem, muitas vezes resmungando contrariado.

Apesar de aparentar ser um heterossexual convicto descobrimos que o Simba tem mais ciúme de mim do que da Alice e também mais do que a própria. Certas noites, quando chego em casa do trabalho, o gato vem se esgueirando e entra numas de me inspecionar. Cheira longamente minhas mãos, meus sapatos e minha mochila e se alguma coisa não soa bem ao seu olfato dana a rosnar e até ameaça morder, mas essa rotina maluca só foi adotada depois que intermediamos a adoção do Zeus.  



Um dia descobri pelo Facebook que havia um casal de branquíssimos filhotes de gato para adoção. Compartilhei a postagem e pelo Wattsapp recebi um recado da Letícia: “Tio Juca, traz esse gatinho para mim aqui em Fundão?” Muito fofa e querida, a filha caçula de meu primo Everaldo, não havia a menor chance de negar seu pedido, mas a operação demandava logística e isso incluía um pernoite do Zeus em nossa casa, ou melhor dizendo, na casa do Simba!

Honestamente, em minha ingenuidade pensei que o gato fosse se amarrar na visita. 


No Próximo post: GUERRA TERRITORIAL!

2 comentários:

Juliana disse...

Rapá, te contar, você pensa que o Simba é seu mas, ledo engano: vocês é que são dele! Você é o macho alfa, por isso a preferência dele por você e não por Alice. E pode apostar, esses miados diferentes é cio, nêgo. Castra ele ou atenção redobrada, ele dará um jeito pra dar uma trepada e aí já era, perdeu playboy. Tchugas vazou assim. Fiquei apaixonada e na busca por ele encontrei Coraline, uma gatinha abandonada precisando de um lar. Comecei o processo de castração na UVV e, adivinha? Tchugas voltou e engravidou Coraline! Danado, bandido, não se aproximou nem deixou que nós nos aproximássemos dele. Como se nunca tivesse rolado um amor! Cruel! Agora temos 4 lindos filhotinhos e se Letícia quiser, tem um para ela. Bjs, querido!

Juca disse...

Obrigado pelo coment Juliana, a Letícia já está toda feliz com o gato dela, depois vou postar o resto da história. Beijos.