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terça-feira, 27 de janeiro de 2009

MISTÉRIOS DA TAUTOLOGIA: O FATOR DATENA

Essa semana a beleza morena de duas moças botocudas chamaram a atenção pelo mundo afora, infelizmente por razões tristes, caminhos diferentes, mas igualmente lamentáveis. Primeiro foi o drama da modelo Mariana Bridi, que perdeu a luta contra uma infecção fulminante e foi enterrada no sábado passado. Depois a história de uma bela menina chamada Pollyana, envolvida perifericamente no brutal e sangrento assalto ao Shopping Vitória.

Na onda de mostrar uma reação veloz para a sociedade, a polícia grampeou os pequenos da trama divulgando na seqüência o nome dos cabeças que, aparentemente mais espertos, evaporaram no mundo. Daí fez-se um bafafá danado em cima da beleza dessa tal da Pollyana, afinal não basta ser gaiato: há que se ter um corpinho sarado também. Mas vem cá: e se ela fosse uma mocréia desgramada, tava tudo certo?

Enquanto isso no Gazeta Online (Ou GOL como denomina o Moquecada) tem um indignado reclamando o seguinte “O presidente do Tribunal de Justiça do ES pode responder em liberdade...... Essa menina não !” Eita José! Essa dor doeu mais forte... O engraçado, ou sem graça também, é que tem gente que reclama que o Espírito Santo só aparece em rede nacional por conta dessas coisas...

Muitos outros aproveitaram para parabenizar as autoridades por revelar rapidamente toda a trama. Como assim? Desculpe a insistência, mas eu acho pouco. Cadê o mentor do crime? E o doente que assassinou dois seres humanos como se estivesse jogando videogame? Tenho certeza que a polícia está doida pra por a mão nesses caras, mas fica a impressão de que o interesse em torno dessa moça tem ares de cortina de fumaça somado a um indefectível odor de Colônia Bode Expiatório...

Mas no mundo tem sempre os Datenas...

Ontem o programa dele deu destaque especial ao caso da modelo lá de Marechal Floriano (Saravá Elmo Old Eight!), dramatizaram hollywoodianamente a história toda da moça se aproveitando da simplicidade evidente de seus pais e conterrâneos.

A reportagem foi tão confusa que toda hora o apresentador trocava as bolas – o que não é raro acontecer - informações eram jogadas ao acaso sem nenhuma explicação, sem lógica. Trabalho feito nas coxas mesmo, rasteiro, sensacionalista (O Dadá não gosta de falar mal? Eu só quero saber do que pode dar certo).

Começaram mostrando a menina sendo eleita Miss Ítalo-germânica, ou algo que o valha, num daqueles eventos que rolam lá nas montanhas aqui do Espírito Santo. Passada a reportagem – talvez influenciado pelo clima Oktoberfest da matéria - Datena foi chamar um outro bloco e disse que logo voltariam a falar do triste caso da modelo de Santa Catarina.

Cortaram para um engavetamento em São Paulo e Datena falava exaltado: “Olha só que acidente horrível! Um ônibus subiu em cima (Ai!) dum Fiat Uno e arregaçou o carro todo!” – Daí completava. – “Eu acho incrível que alguém tenha saído vivo desse acidente!” – A Língua Portuguesa, inclusive foi parar na UTI... Só espero que ela tenha plano de saúde...

Voltaram pro caso da Mariana, agora a menina desfilava em um concurso que parecia o Miss Brasil, não explicavam o que era, assim como também não deram conta do porque da menina aqui do Espírito Santo estar desfilando pelo Estado do Sergipe. Será que ela nasceu lá ou era naturalizada Sergipana? Sei que a cabeça de qualquer um de fora da nação botocuda deve ter dado um nó...

Não vi a reportagem toda, “é tudo muito triste”, como diria o Grilo Falante. Mas acho muito curioso o surgimento quase simultâneo dessas duas beldades em exposição - ou execração, como le gusta – encobrindo verdades e sedando a visão. Esses colírios trágicos, intoxicantes, colírios alucinógenos do Zé Simão.

Talvez buscando se justificar, a todo instante o Datena afirmava que não estava mostrando aquele caso só porque a modelo era bonita e tinha morrido não. Então por que era? Isso ele também deixou de explicar. Aliás, essa morbidez, que nem é culpa dele, não tem tradução. Sinto apenas que essa menina Mariana estivesse viva, ou fosse um trubufú afastado de Deus, nem eu nem você saberíamos dela... Mas o problema é que mundo está cheio desses: E se?

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