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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

NOS TEMPOS DA NOVELA VAGA


Um dia desses morreu um dos principais diretores do movimento de cinema francês denominado “Nouvelle Vague” ou, como explicou o repórter que dava a notícia, “Nova Onda”. Fiquei rindo comigo mesmo, não da notícia - porque a morte de ninguém deveria ser motivo de riso - mas de minha própria cabeça na qual eu imaginava que a tradução para a expressão seria “Novela Vaga”. Talvez minha confusão venha do estilo cinematográfico cabeça daquela geração e suas histórias deliberadamente difusas ou talvez seja só costume de menino que inventa nome pras coisas que não conhece bem.


Têm muitas palavras e expressões que usamos sem sabermos realmente seus significados ou de onde se originaram. De vez em quando descubro de onde surgiram nomes de músicas e idéias de pessoas que, como nós, precisam expressar o mundo. Two Minutes to Midnight, por exemplo, uma música do Iron Maiden, faz pouco tempo descobri que era uma referência ao Relógio do Juízo Final (Doomsday Clock). “Murders In The Rue Morgue”, também do Iron, é referência a um conto de Edgar Allan Poe. “Killing an Arab” do The Cure é baseada no livro “O Estrangeiro” de Camus. E por aí vai...


Na infância eu curtia muito os Beatles, tinha lá em casa aquelas coletâneas das duas fases da banda e a gente ouvia muito aquilo. Um dos meus melhores amigos era baixinho e meio nóia com a própria altura, entrou numa de que ia ser gênio, era um dos poucos em nossa turma que estudava, sua meta era saber mais do que os professores. Pequenos frascos, grandes ambições. Conseqüentemente o cara não ligava muito para música e, só pra ele gostar dos Beatles também, o convenci que a música “I’m Down” era a história de um cara baixinho... Aquele sacana deve gostar mais dos rapazes de Liverpool hoje do que eu.


A época do Heavy Metal foi o auge dessas brincadeiras e denominações imaginárias. Lembro de uma reunião de metaleiros para a audição de um disco ao vivo do Ozzy Osbourne em tributo a seu falecido guitarrista Randy Rhoads. Lá pelas tantas o comedor de morcego incitava a platéia a cantar e gritava “Louder, louder” (“Mais alto, mais alto”; mas na pronúncia deles soa algo como “Láurar, láurar”) Daí que um dos seguidores da estética do mal questionou o muito venerável líder da tribo - o então vocalista do Thor, Fabio Boi - atrás do significativo (sic) daquela misteriosa invocação. Seria talvez o nome de algum demônio satânico? Quem sabe aquela não seria uma conjuração maligna para hipnotizar platéias? Desinteressado e sacana na mesma proporção o metaleiro respondeu:


- Rapá... Ele deve tá é chamando a mãe dele: Laura, Laura!


Um comentário:

Anônimo disse...

Grande Juca!!!

Aproveito seu texto pra dividir uma que aprendi outro dia. A banda Midnight Oil tirou seu nome da expressão "Burn the Midnight Oil" que quer dizer fazer hora extra.

Um abraço e continue escrevendo que eu continuo lendo!

Arruda.