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domingo, 3 de julho de 2011

ENTENDENDO A LINHA MALDITA: ESTUDO DE CASO

Na última postagem da Letra Elektrônica dizia que o jornalismo tinha mudado bastante dos anos setenta para cá. Até recebi um retorno do jornalista José Roberto Santos Neves, comentando apropriadamente que talvez os profissionais de então buscassem por um direito à liberdade de expressão que não tinham, reprimidos pela pesada censura dos anos de chumbo. Concordo e acrescento que talvez também seja interessante levar em consideração a caretice repressora da época à qual era costume transgredir.

A jornalista Maria Nilce ficou famosa por um estilo agressivo de escrever e fazer brincadeiras com personalidades da época, colocando apelidos e criando personagens fictícios a partir do ridículo literal de indivíduos e situações. Porém, era não era a única a fazer brincadeiras de humor negro, nem criticar abertamente pessoas pelo jornal era sua exclusividade como muita gente pode até pensar. Analisamos aqui um destes casos.

A Antiga Fundação Cultural do Espírito Santo teve como Presidente por volta de 1979 o senhor Namyr Carlos de Souza, que é por coincidência tio de meu cunhado Claudio, o popular Claudão, o que só reforça a tese de que Vitória é um ovo. Daí que durante a realização do I Concurso Nacional Villa Lobos o presidente posou para foto (em 25 de novembro de 1979) com a arqui-musa do maestro Villa-Lobos, a “Mindinha”, que veio a Vitória prestigiar o evento.

  
O tempo passa, mas certas coisas mudam muito pouco, vejam só, meu cunhado contou que o tio, apesar de grande admirador de música e artes em geral não poderia ser classificado como artista ou mesmo uma pessoa da área cultural. Talvez por isso, ocupando a presidência do, à época, órgão mais importante do setor, acabou ganhando uma futucada pública na coluna de Marílio Cabral no jornal A Tribuna, por acaso (ou não) marido da coordenadora de música erudita da instituição.


Talvez não seja lá um exemplo muito típico do que ficou conhecido como "linha maldita", mas o recado ficou bem mandado, não foi? A nota foi publicada no dia 28 de agosto de1979 e talvez, explique a sonora presença do presidente no concurso poucos meses depois, afinal, gato escaldado tem medo até de água fria.   

Aprendeu?

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