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sábado, 10 de setembro de 2011

A VOZ E A VERVE DE NATÉRCIA LOPES


Acho até estranho quando falam Natércia Lopes a “cantora lírica”, afinal Natércia já assumiu uma posição lendária no cotidiano conservador da cidade de Vitória; muito mais do que uma cantora: Natércia é um acontecimento. Quando se fala dela não precisa explicar, não tem outra, nem nunca vai ter. No próximo dia 14 essa figura mitológica de nosso meio musical vem a público lançar o disco “La Diva, La Vita!” O material de divulgação dá muito destaque ao fato de ser essa a primeira vez que a cantora lança um disco.

Várias divas do bel canto lançaram gravações fora do universo da ópera, abrindo o leque em direção às formas musicais mais populares. Fico me perguntando: por que será que Natércia nunca gravou antes? Com uma carreira brilhante como a dela esse deveria ser seu décimo, vigésimo disco. De qualquer maneira é fundamental o registro, mas eu gostaria muito de poder ouvir ou vê-la em ação, por exemplo, em meados dos anos oitenta quando voltou triunfante da Europa. Ver, aliás, eu vi; pessoalmente, mas ficou apenas na memória...

Além do disco está sendo lançado um site - www.natercialopes.com - muito bem construído trazendo informações sobre a trajetória da Diva e uma longa entrevista concedida à jornalista Jane Bilich que faz questão de esbanjar seu conhecimento do universo operístico. A entrevista é um deleite não deixem de assistir. Descobri por exemplo que Natércia é natural de Castelo, cidade que visitei faz duas semanas. Fico me perguntando do porque da maioria das pessoas de destaque daqui não ser nascidas em Vitória... Faça uma pesquisa sobre o assunto. Abaixo tem um “teaser” do conteúdo do site numa foto sensacional de Natércia com Amylton de Almeida.


O site não traz muitas informações técnicas sobre o disco, talvez para preservar a surpresa do lançamento, mas eu sei que o maestro Wanderley Rocha da Banda da Polícia Militar esteve envolvido com a produção e que o resultado final vai fazer valer essa tão longa espera. A única crítica a ser feita é com relação à escolha do espaço para o lançamento, infelizmente, o Theatro Carlos Gomes, como sempre acontece ultimamente, não vai comportar. Talvez o Teatro da UFES ou o Centro de Convenções fossem mais adequados para receber os admiradores de Natércia, especialmente as pessoas mais simples que a conhecem e sempre a admiraram como cantora.

Tenho respeito e carinho enormes por Natércia Lopes, sempre adorei sua voz, mas especialmente o seu jeito despachado, desbocado, histriônico. Sim, lembra muito o de minha mãe, a colunista Maria Nilce. Elas vêm daquela geração que resolveu diferenciar a mulher independente da “senhorinha submissa”, de arregaçar as mangas e disputar espaço com os homens, de igual para igual. Pagaram um preço por isso, como todos pioneiros pagam: mas enfrentaram o preconceito e a caretice capixaba com talento e verve.  Naqueles tempos mornos Natércia botou pra ferver, de muito pouca gente podemos dizer isso.  




2 comentários:

Josane Mary Amorim disse...

Olá, Juca, bom-dia!

Eu tive a alegria de comparecer ao Concerto Lírico de Lançamento do CD "La Vida", no último dia 14/set.
Quando Natércia cantou 'Carmem', houve uma onda de emoções encantadoras, que invadiu a todos nós da platéia!
O Teatro Carlos é pequeno, verdade, mas lindo! E na minha opinião, ele acamodou todo o evento sem deixar nada a desejar.
No momento de parabeniar a querida Natércia, fiquei muito emocionada! Afinal, ela tinha sido minha professora de Artes, quando ainda lecionada na rede pública! Que memória gostosa compartilhamos juntas, as relembrar aqueles dias!
Como eu não moro mais no Brasil, senti-me enormemente feliz com o convite, e melhor, por estar aqui em Vitória [nossaa linda ilha!] e tomar parte de homenagem tão merecida, à nossa querida Diva, Natércia Lopes!

Saudações Literárias.

Juca Magalhães disse...

Concordo com você Joseane, foi inesquecível. Lamentei o fato do nosso querido Teatro da década de trinta do século passado ser pequeno para a quantidade dos fãs da Diva, fazendo com que o evento fosse restrito a um grupo seleto no qual estávamos inclusos.