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domingo, 25 de julho de 2010

RAPIDINHAS CULTURAIS: O SABER E O SABOR

Hoje é domingão, dia de parar para ler os emails e recados dos amigos. Daí que mando-lhes pela testa mais uma edição das rapidinhas culturais da Letra Elektrônica, esse vibrante órgão (?) de comunicação botocuda...


Pra começar: vem aí uma representação do Édipo Rei, adaptada e preparada para a cena por Alvarito Mendes Filho e Renato Saudino e encenado pela Cia, Caras e Bocas. Os dois primeiros dispensam apresentações e o texto de Sófocles menos ainda. Vai ser num espaço que o Alvarito está para inaugurar em Jardim América, uma casa adaptada para as necessidades teatrais e que vai funcionar também como pólo difusor de cultura daquele pedaçinho de chão que me é tão querido e que fica espremido entre Vitória e Vila Velha, mas pertence oficialmente a Cariacica. Segue o Cartaz:



Uma das coisas que acho irritante em produções rasteiras são as trilhas sonoras banais que repetem as mesmas músicas, nas novelas – que não são minha opção favorita de diversão - dificilmente aparece uma canção que não é regravada ou de um passado recente. Até perguntei ao Tim Rescala – que faz trilhas pra Globo – porque isso era assim, se tinha alguma coisa a ver com o fim da comercialização dos discos (qual será a importância da Som Livre dentro da empresa hoje?), ou era uma questão de direitos autorais, mas ele escorregou sem me responder nada.


Agora compadre, vai ver um filme do Tarantino! O desgramado sempre aparece com alguma canção que pega a gente com as calças arriadas. Já foi assim, especialmente em Kill Bill e Pulp Fiction e não é diferente nesse novo Death Proof (À Prova de Morte). A sequência da dança (Lap Dance) é simplesmente um desbunde: edição, música e, obviamente, a linda dançarina Butterfly.


À Prova de Morte é um filme cheio de carrões que vai agradar os meninos, mas as garotas são selvagens e arruaceiras, um exercício de voyerismo psycho e tara por pés separado em duas partes, cortadas por um clímax avassalador daqueles de fazer a gente cair da cadeira do cinema. É o melhor de Tarantino? Não, mas é muito superior à maioria dos filmecos lugar comum que rolam por aí.




Outra pérola que apareceu recentemente é o filme O Pequeno Nicolas de Laurent Tirard. Baseado nas revistas em quadrinhos de Goscinny (Criador, entre outros, de Asterix) e Sempé. O filme aborda o universo infantil de maneira classuda e sutil, sua degustação tem o saber e o sabor de uma refinada refeição francesa o que lhe confere um ar “Cult” mesmo que não seja essa a intenção.


É muito legal porque nos recorda as encanações da infância, quando acreditávamos em coisas impossíveis e criávamos universos totalmente paralelos à realidade, alguns de nós seguem assim até a adolescência, outros jamais deixarão as nóias de lado. Refletir sobre essas encanações nos faz descobrir quem somos e como nos tornamos aquilo. O Pequeno Nicolas é um filme delicioso e imperdível não só porque é ingênuo e pueril, o que é raro hoje em dia, mas porque é verdadeiro.