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terça-feira, 2 de agosto de 2011

DEPOIS DO FESTIVAL

No domingo passado terminou o 18° Festival de Inverno de Domingos Martins, ficaram boas historias e algumas constatações ponderadas. O fechamento do Hotel Imperador é praticamente um crime de lesa patrimônio turístico e cultural do Espírito Santo. O amigo Paulo Fonseca da empresa de turismo Etérea, disse de uma pesquisa onde a cidade de Domingos Martins é apontada como o destino número dois de turistas no Espírito Santo, perdendo só pra capital Vitória. Se fosse uma aposta eu teria marcado Guarapari e me cambado, como diria Tom Zé, aliás, mais Zé do que Tom.

Daí que o comércio local resolveu aproveitar para faturar de maneira canhestra. Tô eu vendo uma galera circulando com grandes taças de vinho pra lá e para cá. “Muito chique esse pessoal daqui hein?” Pensei com meus botones, mas no dia seguinte encontro o amigo Eustáquio Palhares que revelou a verdade: a taça era compulsória, a garrafa de vinho custava, vamos dizer uns vinte reais, mas só era vendida com a taça e esta custava mais sete. Por essas e por outras nossa equipe ficou local do boteco Galeto de Prata, um abraço pro Foguinho e pro Guimarães, vulgo Formiga.

Salvo raras exceções não rolou baixaria durante o festival, o que é certamente uma das explicações para a mídia não ter dado tanta importância ao evento. Uma das tais exceções veio inesperadamente do palco principal. Um senhor da prefeitura me contou constrangido que o cantor Emilio Santiago, soltou um tremendo palavrão durante sua apresentação: “Quando a gente ouviu naquelas caixonas de som - “Baralho! (pra não dizer outra coisa) O som tá muito alto!” - minha mulher quase caiu da cadeira... O cantor carioca parece que de suave tem só a voz, sua equipe deu um piti danado e acaba que sua participação foi das mais sem graça da programação.

Já Monarco mostrou porque é conhecido como a realeza do samba, seu show foi uma saraivada das mais lindas canções do gênero “de raiz”. Acompanhado por quatro senhorezinhos da famosa Velha Guarda da Portela, o show do sambista de 77 anos encantou a todos. No final não teria bis, mas acho que convencido por Edilson Barbosa, diretor da Fames, Monarco voltou e atacou seu samba "Coração em Desalinho" que é tema da novela Insensato Coração, não sem antes comentar satisfeito que cada vez que a música toca na Globo, bate um “cascalho” em sua conta.  

Convencido a voltar, o difícil depois foi fazer Monarco parar outra vez. Um dos músicos que tocava sete cordas chamou discretamente um dos rapazes da produção e falou: “pede pra ele parar senão a gente não sai daqui hoje.” E lá foi o cara puxar, também discretamente, a barra da calça do velho sambista que já não sabe o que é freio de mão há muito tempo, enquanto isso algumas pessoas do público se indignavam ou achavam engraçado, pensando ser alguma espécie de gafe ou combinação.

A tônica do festival foram as apresentações de qualidade e as gratas surpresas como, por exemplo, o som da empresa Loudness que realizou prodígios. Por exemplo: a orquestra Capella Bydgostiensis (ê nome desgraçado) formada por músicos poloneses, sentou e tocou de pronto. Eu nunca vi nada parecido, eles nem sequer checaram a afinação no palco. Posicionaram-se e sentaram o dedo – sem querer desmerecer ninguém - enquanto grupos muito menores de instrumentistas levaram quase uma hora para ajustar o som... Rapaz e como os polacos tocaram! Me senti uma “vaca profana” cantada por um Caetano em ter que falar alguma coisa depois daquele concerto.

O quinteto Fabiano Mayer fez uma linda homenagem ao violonista Maurício de Oliveira que teria completado 86 anos no último dia 17 de julho, receberam no palco o Tião, filho de Maurício, que aproveitou para mostrar uma música chamada “Cadência” de Juventino Maciel que o maior músico do Espírito Santo, em seus últimos dias, sempre pedia para o filho tocar. Isso tudo aconteceu no sábado, sem dúvida o dia mais emocionante do Festival, embora, musicalmente falando, a disputa se torne difícil de comparar com a noite de abertura que teve nossa orquestra com Wagner Tiso, Leci Brandão e Amaro Lima.

Em 2012 tem mais Festival de Inverno de Domingos Martins, inclusive, o tema do ano que vem dá o que pensar aos mais musicalizados, afinal, homenagear-se-á (Íça!) o compositor francês Claude Debussy, conhecido como impressionista e o nosso “Rei do Baião” Luiz Gonzaga que dispensa apresentações. Em outubro teremos, organizado pelo Instituto Todos os Cantos e com cobertura da Letra Elektrônica, o II Festival de Coros Infantis da Serra com patrocínio da Lei Chico Prego e da empresa ArcelorMittal Tubarão. Maiores informações em breve, quem viver não se arrependerá por esperar.


5 comentários:

Anônimo disse...

Fala Juquinha!

Infelizmente por causa do trampo tive de ficar em Vix nesse festival, mas escrevo só pra agradecer sua divulgação na agenda do evento e a resenha apimentada do ocorrido. Manda música, manda música!!!!

Abraço do Arruda.

Juca Magalhães disse...

Podecrer Arruda, a parada lá foi divertida, mas muito cansativa, tem outras histórias pra contar, mas tem também outras coisas pra fazer. Assim que der vou socializar o resto. Um abração.

Daniela Sassemburg disse...

Oiiie.. Essa Foi a minha primeira vez no festival,e eu reamente gostei muito.E ano quem vem Quero conserteza voltar.! um Abraço Obg!

vidacuriosa disse...

Daqui do Sul, curti esse festival pelo belo relato feito por Letra Eletrônica. Valeu

Juca Magalhães disse...

A Letra Elektrônica chegando no sul do país? Assim nõs vamos ficar metidos que nem o Emílio Sentaemalgo. Hehehe. Um abraço companheiro.