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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O ACASO NÃO TEM PREÇO


Ele gosta de, vez ou outra, cavalgar à rédea solta. O cavalo fica meio confuso, não entende para onde ir, mas a liberdade quando recente tem mesmo dessas coisas. Quando fica assim tem o costume de se deixar levar pelos pensamentos: separa aqueles que vêm do passado e que os outros chamam de lembranças, daqueles que tem a ver com coisas a serem feitas no futuro ou que seria bom se acontecessem um dia.

Pensou em fazer uma pesquisa inútil sobre qual das duas práticas seria a mais comum, verificar em qual das duas as pessoas costumam mais se perder, se afundar. Chegou à conclusão que seria bobagem, tremenda perda de tempo. Como aquelas pessoas que gostam de ficar conversando sobre o que fariam se ganhassem na loteria. Ou aquelas outras que falam com saudades de tempos e coisas do passado.

O futuro nos reserva incógnitas, por isso uns são tão cautelosos, ciosos da imagem que imaginam ter que construir junto às pessoas. O que eles não sabem, nem sequer percebem é que o verniz é ainda pior, é como guardar lascas do mármore usado numa estátua para se fazer de importante. E todo mundo sabe, tanto das lascas, quanto do verniz. Mas insistem. Sua presença só é notada por conta de carros e roupas. Arre!

A rédea solta o levou justamente para onde não queria: charco de pensamentos negativos e críticas corrosivas. Sentou de cabeça baixa, para que as pessoas não percebessem o seu riso, poderia ser interpretado como escárnio ou imaturidade. Daí veio a frase dita ao acaso, porém em público: “manda quem obedece”.

É verdade, pensou se encolhendo na cadeira: por isso o mundo é assim lotado de servos e escravos e tem tão poucos libertos. A liberdade não é uma opção lógica, muito menos segura, ela vem de contra a maré. Muito mal vistas nesse mundo são as pessoas realmente livres e isso é curioso... Não deveria ser o contrário?

Lembrou do novo Conan, um filme fraco. É curioso como erros bobos podem realmente estragar grandes obras em potencial. Nas produções essas falhas vêm geralmente de pitacos de quem coloca dinheiro. A pessoa em certas posições de comando se dá ao direito de impor gostos pessoais, escalar atores, alterar o roteiro. A partir de argumentos muito lógicos em busca de segurança no sucesso a verdadeira arte é abandonada... E o problema é que arte não tem lógica e a galera se vinga...

Desse novo Conan O Bárbaro vieram inúmeras considerações comparativas com o primeiro, aquela questão do “enigma do aço”. Lembrou do aspecto da imaturidade e novamente achou melhor deixar pra lá. Fez como o ditado dito assim tão simplesmente e obedeceu. “Meu cavalo não tem direção”. Pensou. “Por que iria eu querer impor direção ao mundo?” Não mais, nem pensar. Eu vivo “Ao Deus dará”...

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