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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O LIVRO DE MIRDAD EM PALESTRA GRATUITA

A Letra Elektrônica esteve em recesso parlamentar, só que ao contrário. Enquanto alguns agentes políticos tiravam folga, nós fomos visitar Brasília. Em breve virão alguns comentários introspectivos com relação a essa viagem ao planalto central, preciso de tempo e este anda difícil de negociar. Escrevo-lhos pelo seguinte: amanhã (20 de novembro) às 19 horas acontece no auditório da Aliança Francesa uma palestra gratuita sobre o Livro de Mirdad. Muito pouco conhecida fora dos meios esotéricos, essa obra do libanês Mikhail Naymi é considerada uma das mais perfeitas traduções em prosa literária da espiritualidade.

Amigo de seu compatriota mais conhecido Khalil Gibran, Naimy e outros imigrantes, junto com o autor de O Profeta fundaram nos Estados Unidos uma sociedade para valorização da literatura árabe. Depois de quase vinte anos na América o autor do Livro de Mirdad retornou para o Líbano e de lá nunca mais saiu vindo a falecer em 1988 aos noventa e nove anos. O Livro de Mirdad é publicado no Brasil pela Escola Internacional da Rosacruz Áurea, O Lectorium Rosicrucianum. E o grupo do Espírito Santo convida para essa palestra onde irá se falar da obra de Naimy.


Para despertar a curiosidade e - por que não? - a espiritualidade dos mais avessos à assuntos de outras dimensões, vai aí uma citação do guru Rajneesh, também conhecido como Osho, que é praticamente uma declaração de amor a esse livro:

“Noite passada estive lendo o Livro de Mirdad. É tão forte e tão belo que não pude parar de ler por horas. De repente senti uma mudança em minha respiração, me encontrei à beira das lágrimas e eu não sabia se era tristeza, desespero ou êxtase, ou os três ao mesmo tempo. Tentei descobrir lendo outra vez aquelas palavras, mas me dei conta de que minha mente não capturava o sentido apenas com  olhar. Como é possível que palavras que a mente não consegue entender possam nos tocar tão profundamente?”

Segue o convite:  


Um comentário:

Anônimo disse...

Meu caro amigo Juca,

Valeu a dica sobre o livro de Midrad. Vou procurá-lo nas livrarias.

Quer dizer que o texto leu você? Naquele momento quem era o leitor? Quem era o autor? O que era o texto? O livro interpretou o sujeito tal qual um sonho pode interpretar algo do sonhador e fazê-lo despertar do sono?

Achei muito interessante a pergunta que você formulou a partir da transferência com o texto: "Como é possível que palavras que a mente não consegue entender possam nos tocar tão profundamente?" Isso me faz questão também.

Mas percebo que em sua pergunta está embutido um encaminhamento da resposta. É possível porque há o inconsciente. Uma dimensão para além do entendimento intelectual imediato. O ser humano não é completo. Segundo Freud e Lacan, somos sujeitos insatisfeitos, desejantes, portamos uma falta que nos foi transmitida pelo grande Outro, e por aí a nossa nota interior pode ser tocada. A Nota Azul.

Mas o que mais me chamou a atenção foi sua angústia de tentar em vão retornar, possivelmente para entender, dar algum sentido. Já aconteceu comigo escutando música. Em outro dia, coloquei o mesmo cd, a mesma faixa. Em vão. Não senti a mesma coisa, ou até nem tenha sentido nada como antes. Como isso é possível?

Ocorreu algo como se deixar ser atravessado pelo texto musical que em sua trajetória detonou afetos desconexos e íntimos. Explosão do sentido! Houve ressonância, vibração, surpresa, deslumbramento, arrebatamento. Talvez tenha sido o que tem se chamado de experiência do sublime. Puro afeto.

Valeu pela provocação. Lembrei de Spinoza; quem sabe ele nos responda!

Desculpe-me pelos termos psicanalíticos.

Abraço,

João Paulo