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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

PALAVRAS AO VENTO NÃO MOVEM MOINHOS


Fiquei curioso com o título de uma reportagem publicada pelo jornal A Gazeta dizendo que Gilberto Gil seria contra o ensino da música nas escolas. Como milito justamente nessa área, fui ler e descobri, felizmente, ser um daqueles casos em que o repórter pinça uma palavra de uma frase e altera o sentido do que o entrevistado queria dizer. O link da reportagem é o que segue:  http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2010/11/702557-gil+discorda+do+ensino+da+musica+nas+escolas.html

Talvez o termo “obrigatório” tenha ficado grande demais e não coube no título da reportagem, ocorre que se fosse mantido estaria certo o sentido do que Gil queria realmente dizer. Num país no qual ainda somos obrigados a votar e servir exército realmente só faltava obrigar todo mundo a estudar música. Aliás, já pensou que inferno pros ouvidos do alheio?

Só para quem não tem obrigação de saber, o Ministro da Educação sancionou em 18 de agosto de 2008 a Lei Nº 11.769 de (na verdade emendando uma das diretrizes básicas da educação), tornando obrigatório o ensino de música nos níveis médio e fundamental. Importante ainda a gente saber é que, segundo o artigo abaixo, a Lei entra em vigor no ano que vem.

Art. 3o Os sistemas de ensino terão 3 (três) anos letivos para se adaptarem às exigências estabelecidas nos arts. 1o e 2o desta Lei.

Eu estou com o Gil e não abro. Estude música aquele que quiser e manifestar aptidão pra coisa e o governo que seja responsável por fornecer recursos para que isso aconteça. Quer? Então nós vamos te apoiar. Não quer? Então vá treinar futebol ou estudar computação. Cada um na sua, mas com condições para crescer e frutificar seu talento.

PAI DOS BURROS

Circula pela internet uma “aulinha de português” atribuída a um tal José Bones em que o autor condena veementemente o uso do termo “Presidenta” largamente utilizado em toda a mídia após a eleição da Dilma. Seus argumentos são realmente convincentes:

“No português existem os particípios ativos como derivativos verbais. Por exemplo: o particípio ativo do verbo atacar é atacante, de pedir é pedinte, o de cantar é cantante. O particípio ativo do verbo ser é ente. Aquele que tem entidade. Assim, quando queremos designar alguém com capacidade para exercer a ação que expressa um verbo, há que se adicionar à raiz verbal os sufixos ante, ente ou inte. Portanto, à pessoa que preside é PRESIDENTE, e não "presidenta", independentemente do gênero, masculino ou feminino. Se diz estudante, e não "estudanta"; se diz adolescente, e não "adolescenta"; se diz paciente, e não "pacienta".”

Tudo muito bom, tudo muito bem, salvo que o autor parece ter esquecido de consultar o Dicionário Aurélio onde o termo consta da seguinte forma:

Presidenta: (Fem. De presidente.) S. f. 1. Mulher que preside.

Confesso que eu mesmo embarquei nos argumentos muito lógicos da tal “aulinha de português” e, sem me dar ao trabalho de consultar outras fontes já andava até corrigindo pessoas e embaraçando fedelhos. Me “cambei”, como diria Tom Zé, aliás, mais Zé do que Tom. A verdade, crianças e crianços, é que não podemos confiar em tudo o que circula pela Internet.

Um comentário:

Gabriela Galvão disse...

Eu usaria 'presidenta' mesmo se o correto fosse (soh) 'presidente', caro Juca.