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segunda-feira, 14 de maio de 2012

ASSOCIAÇÕES LIVRES NUM DIA DE CHUVA


Não me olhe
Como se a polícia
Andasse atrás de mim
Cale a bôca
E não cale na bôca
Notícia ruim...

Não sei de onde o Goscinny tirava aquelas idéias maravilhosas que o tornaram tão famoso para além da Via Apia, mas, sabe? Como os gauleses da revista Asterix, às vezes eu tenho medo que o mundo desabe sobre a minha cabeça. Tenho até a sensação de tudo ruir e da falta de chão sob meus pés.


 Num raciocínio lógico, que, aliás, não tem muito a ver com isso, começo a conjecturar um monte de coisas, que nem o meu pai, que acreditava que tudo o que o acontecia com ele e com a gente tinha a ver com encarnações passadas. Desde seu casamento com minha mãe, até o nosso nascimento, papai sempre contava (criava?) histórias sobre quem fôramos e as grandes coisas que fizéramos em locações bacanas como Paris, Viena e Berlin. Papai não era muito fã dos americanos, não como cultura.

Talvez, por essas e por outras líamos Asterix, graças a Tutatis! Enquanto o mundo treme em suas bases, as vigas que o sustentam oscilam gentilmente e o futuro sempre vai parecer incerto e indiferente. Para quê quero eu saber do futuro? Não sabemos coisa nenhuma e por isso nos surgem essas histórias, porque temos medo que o mundo desabe sobre nossas cabeças. Dizem que Baliatus (lanista de Spartaco) perdeu alguns prédios tentando os fazer maiores, para abrigar mais gente e faturar alguns sestércios a mais. Vai me dizer que hoje não é assim também?

É como essa tempestade que caiu em maio, não é bem uma época de chuvas, mas elas acontecem. Maio é um mês que tem importância simbólica para mim: da época em que era elefante à procura de uma macaca esperta. Eu grande ego sólido e desajeitado. Ela ágil e de visão longínqua que podia ver acima e além das árvores que eu derrubava. Semanas gloriosas de imensas conquistas: vãs, porém, nunca levaram a muita coisa. Para as noivas é um mês importante, para mim é pura ilusão; esse é o "dom da mulher", segundo Caetano: explicar e entender tudo bem.  

Na televisão prenderam o Emicida, estava "desacatando" a polícia. Uma vez vi uma notícia no jornal parecida, só que engraçada. Era uma briga entre flanelinhas gêmeos que acabou envolvendo também um professor de artes marciais. A polícia foi chamada pra apaziguar e o lutador xingou um guarda de “macaco” e “filho da p...”. Na delegacia, autuado, entre outras coisas por racismo, o professor tentou se safar dizendo que chamara o policial “apenas” de “filho da p...”. Como assim apenas? Para ele poderia ser pouca coisa, mas ontem foi dia das mães... 

Termino então com uma piadinha ótima do velho mestre Goscinny:

O cavalo de Lucky Luque, Jolly Jumper, era o mais inteligente do mundo. Certa vez, Lucky procurou Jolly Jumper por toda a cidade e só foi o encontrar depois de um tempão, sentado à beira de um rio pescando. O pistoleiro ficou impressionado e falou:

- Jolly, eu até entendo que você consiga tirar a sela sozinho, mas como é que você faz pra colocar a minhoca no anzol? - O cavalo respondeu esnobe:

- Como todo mundo, ué: com nojo...




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