Minha relação com os
quadrinhos e os caras que vestem cuecas por cima da roupa começou cedo, antes
de aprender a ler já manuseava revistas em preto e branco do Homem Aranha.
Todo lançamento cinematográfico super poderoso me deixava – e ainda deixa - ouriçado.
Quando o famoso Superman - talvez a primeira grande e decente produção do gênero - foi lançado eu arrumei um barraco em casa. Queria porque queria assistir à estréia. Naquela
época nem havia isso, mas eu precisava estar presente à primeira sessão do dia em
que o filme entrava em cartaz. Tinha só um problema: era às duas da tarde, mesmo
horário da escola que sem muitas razões eu já detestava.
Chorei! Nem procurei
esconder, todos viram. Esporro comeram, pena de mim não precisava. Conseguir me fazer ir à
escola naquele dia: nem o próprio Super-homem seria capaz. Na segunda sessão do
dia da estréia estava eu sentadão no Cine Paz, feliz da vida, escoltado pelo
Nilson Barata, eterno braço direito de meu pai o “seu Djalma”. Até hoje me pergunto o quanto
essas rebeldias de minha parte infantil repercurtiram negativamente ao longo de minha vida ou se as
concessões de meus pais agravaram meus futuros problemas de comportamento e desassociação com certas obrigações e costumes da sociedade.
Até hoje quando os
heróis entram em cena fico meio preguiçoso com relação ao mundo real. Foi
assim agora com o mega sucesso de bilheteria Os Vingadores. Não fui ao cinema assistir - de enfant terrible a pirata de meia idade - arrumei um
lançamento R6 – pelo que entendi são cópias que circulam na Ásia – de ótima
qualidade e – apesar de inúmeros outros compromissos com “a escola da vida” - entrei
numa de traduzir as mais de duas horas do filme. Quando isso acontece é ruim,
mas é ótimo. Mergulhei naquela aventura durante todo fim de semana e pude - ou tive que - escarafunchar à vontade os detalhes de
seu especialmente tão elogiado roteiro.
O grande lance é que o texto foi montado em um esquema auto-referente, é como um jogo de vôlei:
bolas são levantadas para cortadas que acontecem no momento certo. Desde o início da
história são fornecidas informações que vão sendo reforçadas e confirmadas,
geralmente com humor e picardia. Isso conduz o fluxo narrativo – que poderia
ser cansativo ou tedioso - com inteligência e astúcia (do Chapolim, exclusive).
Pode parecer exagero de minha parte, porém, pela Internet - e fora dela - encontram-se inúmeros
escritores e roteiristas destacando as qualidades do trabalho liderado por Josh
Whedon com colaboração de Zack Penn e, certamente, pitacos de muitos produtores.
O resto é pirotecnia e
deleite visual, com destaque para a beleza novata da modelo canadense Cobie Smulders (aí em cima),
a atuação engraçadinha de Robert Downey Jr. e Tom Hiddleston, o Loki, que rouba
e domina cada centímetro da tela quando aparece. Sua cena com a Viúva Negra,
quando o semi-deus decresce do salto de um monarca polido e simpático para um
monstro aterrorizante, é o auge dramático do filme. É o momento em que tudo começa
a clarear para os heróis, que explodiam em conflitos pessoais, e se unem para
derrotar o mal para delírio da galera. Essa virada na história mostra o quanto o
trabalho de escrita foi bem feito e arquitetado tendo por base antigas leis de
proporção. O sucesso obtido em Os Vingadores não vem por acaso é a junção entre
escolhas certas e trabalho bem feito.
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