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sábado, 20 de novembro de 2010

ATÉ NAS ALTURAS O JUSTO PAGA PELO PECADOR


Como os amigos podem ver, não tenho tido – tenho tido é feio – não tá me rolando mais muito tempo pra me escrever-me a mim e entre nós também. Dias vêm, dias vão, um compromisso atrás de outro rabo do cometa. Aliás, é bem assim: Xazam, Xerife e a sua velha Camicleta. Silvio Santos e Hebe Camargo – o Simão disse que se retirarem o FGTS da Hebe conseguem salvar o império de Lálálálá. Um cara de cabelos enrolados e uma garota de camiseta rosa. Somos nós aqui, somos nós pelo Brasil...

Última parada: Capital Nacional, reino do faz de conta!

Cidade grande, largas avenidas, prédios velhos e sotaque de baiano. Chovia, nem sentimos o clima seco do planalto central. Na volta dormi no avião, a aeromoça me acordou com impaciência, me empurrava um pacotinho de Rufles. Houve épocas em que viajar assim era coisa de bacana, tinha todo um colorido Trans-Brasil, até estrogonofe a gente comia num vôo boboca daqui pro Rio de Janeiro. E as aeromoças? Eram beeem mais simpáticas.

Acordo sendo chamado impacientemente de senhor – onde foi parar o respeito aos semi-novos? - pensei em retrucar – como muita gente gosta – que o “senhor” está no céu, mas para meu azar estávamos nós lá nas alturas mesmo e ocorre também que aquele céu estava longe de me ser um paraíso para mim a me contigo. Senhor o meu pé e meu cotovelo! Quem quer ser acordado no meio da noite para ter o infinito prazer de comer batatas secas? Vai bocejar em casa...

Desconfio que a moça desenvolveu o costume de acordar os outros, porque certamente algum espírito de porco dormiu e depois arrumou barraco dizendo que ficou sem lanche. Essas coisas são assim. Tem uma frase que não gosto, mas retrata essa situação e tem sido muito repetida ultimamente fora dos meios evangélicos: “O justo paga pelo pecador”. Essa é a tônica da sociedade atualmente, todo mundo se ferra por causa de dois ou três babacas. Nós mudamos. E os babacas? Eles continuam do mesmo jeito.

Uma vez perguntaram, não lembro agora se foi a Confúncio ou a Lao Tsé:

- Mestre, o senhor acha que se deve retribuir o mal com o bem? Devemos fazer o bem a quem nos faz o mal? Ele respondeu com outra pergunta:

- Se retribuirmos o mal com o bem, com o que iremos pagar ao bem? – Então explicou: - É preciso pagar-se o bem com o bem e o mal com a justiça.

Longe se vão os tempos em que havia sabedoria no mundo... Ah sim, e também longe se vão os tempos em que ser acordado por uma sexy aeromoça poderia ser sinônimo de altas aventuras...

3 comentários:

Juvenal Marcelino disse...

Concordo plenamente com voce, amigo Juquinha. Foi-se o tempo em que voar era glamuroso. Até as aeromoças, em muuitos casos, viraram "aeromoços" ou, Comissãrios. rsrs

Parabéns pelo texto.

Abraços.

Anônimo disse...

Ahhhhhhhh... sabia que vc não ía trair o bom e velho amigo aqui falando somente coisinhas criativas, por isso lí sua crônica (mesmo cheio de coisas de segunda-feira pra fazer) só pra conferir se vc ía dar aquela pitada sacana no final sobre a aeromoça (que no começo da carreira nas altas aventuras era aerovirgem), e eis que brilhantemente sai do protocolo literário, abandona o universo zen Confúncio/Lao Tséniano e parte para o gran finale Nelson Rodriguesiano.

Bravo...bravo...a torcida vai às alturas, quero dizer, à loucura!!!!!!

Boa semana!

BB

Juca disse...

Hehehe, sabe porque o mundo é tão cheio de gente? Porque as pessoas teimam em ver sacanagem em tudo.