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domingo, 7 de março de 2010

CORRESPONDÊNCIA ELEKTRÔNICA...


Quero convidar os amigos que se interessam por cultura e aqueles que nem tanto assim também, para conhecer a “Exposição e Feira Literária da Barra do Jucu” que vai somente até a noite de hoje - 7 de março de 2010. A iniciativa é do artista Kleber Galveas e a exposição acontece em seu ateliê na Rua Antenor Carneiro, 66, na Barra do Jucu. Andei trocando umas correspondências com o Kleber que é muito gente boa e até adquiriu um exemplar do meu livro sobre a nossa Filarmônica para fazer parte da exposição, segue então um trecho de correspondência trocada com ele...


Você que é artista Kleber, sabe como é complicada a nossa história. Quando fiz esse livrinho sobre a nossa querida e talentosa orquestra filarmônica - que, por sinal, fez ontem um lindo concerto no Marista - eu havia sido convidado para fazer um projeto de revitalização e organização das partituras do grupo e quando pedi um histórico para colocar na apresentação, descobri que simplesmente não existia nada que pudéssemos utilizar como tal. Coisas de lugar bem em inciozinho de sua organização social, falo de nosso Estado enquanto guardião da nossa memória, a OFES nessa época ia já a mil por hora.


Nas minhas horas vagas então - na época eu trabalhava em dois lugares ao mesmo tempo - resolvi pesquisar e descobrir as razões e os porquês daquele misterioso hiato, aquela verdadeira omissão. Acredite amigo, não foi nada fácil. Esbarrei em algumas ciumeiras bobocas muito antigas, em preciosismo de memórias que não batiam com fatos narrados em jornais, essas coisas comuns à pesquisa histórica. Fiz então esse texto que é bem enxuto e conciso, porém de conteúdo importantíssimo simplesmente porque não tem mais nada sobre o assunto para consulta e amanhã ou depois aquelas informações que eu recolhi já terão ido para o espaço, se é que já não foram.


Depois de publicado pelo respeitado IHGES na última “Dezembrada” que contou com a presença do saudoso historiador Renato Pacheco, o livrinho seguiu sua trajetória de filho independente, sempre criticado - e algumas vezes até menosprezado, pelo seu tamanho diminuto e conciso, porém sempre lembrado e cada vez mais lido. Fico então pensando nos inúmeros calhamaços já publicados sobre aspectos não tão relevantes de nossa história e que estão por aí solenemente relegados a um justo esquecimento, sendo a única razão que existe para serem taxados de obra de peso o seu volume mesmo.


Pra encerrar tenho uma história agridoce pra te contar e que (talvez) vá ficar entre a gente. Quando eu trabalhava com aquele prefeito nosso amigo que você sabe quem é, ele me pediu para te convidar para algum evento naquele tradicional espaço cultural, não sei se você lembra. Então, a sua resposta foi veemente e exaltada, me pedindo para dizer ao prefeito, entre outras coisas, que não ia a coisa nenhuma lá enquanto não fosse tirada "aquela doida" da administração. Bom, não nos conhecíamos realmente naquela época e fiquei pensando se devia retransmitir ou não o seu recado mal criado ao nosso alcaide.


O que você não sabe é que uns dias depois o mesmo veio me cobrar o contato e sua presença. Falei então que tinha lhe telefonado, que você afirmou que não ia de jeito nenhum e que tinha me dito poucas e boas.


- Ah é? Mas o que foi que ele disse? - Tentei desconversar:


- Ele... Falou umas coisas lá, poxa chefe eu fico até sem graça de repetir. - Foi aí que ele insistiu mesmo, talvez pensando que você tivesse falado mal dele:


- Fala rapaz, o que foi que ele disse? Eu tô mandando, pode falar. - Quando não sei o que fazer, geralmente respondo à queima roupa, mais ou menos como quem tira o santo do altar pra jogar na sarjeta:


- Ele falou que a pessoa que cuida da parada lá é uma doida! Que é uma vergonha ela estar à frente desse trabalho e que o acervo está sendo destruído por sua irresponsabilidade! Foi isso, falou que a mulher é uma doida! - Sem demonstrar a menor surpresa o chefe se achegou mais para perto de mim olhando pros lados e falou pegando no meu braço:


- Pior Juca, é que ela é uma doida mesmo!


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