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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

QUANDO A MÚSICA VIRA BARULHO E VOCÊ REFÉM

O PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO E CONTROLE DA POLUIÇÃO SONORA - SILÊNCIO foi instituído pela Resolução CONAMA nº 2, de 8/3/90 considerando a necessidade de estabelecer normas, métodos e ações para controlar o ruído excessivo que interfere na saúde e bem estar da população. A coordenação do programa SILÊNCIO compete ao IBAMA (atentem para o detalhe).


Amigos, senão vejamos:


Por mais piada pronta que pareça, um dos pontos prediletos dos bandeiraços e barulheiras dos candidatos a políticos ultimamente têm sido quase em frente à sede do IBAMA na Avenida Beira Mar. Tudo bem o cara não querer o voto do cidadão consciente, agora pra que despertar antipatia não é? Todos os anos são os mesmos chavões, as mesmas frases feitas, aqueles sambões sobre o cara ser o cara... Fico me perguntando até onde essas práticas ultrapassadas ainda atingem o eleitor e até onde são feitas simplesmente por mau costume.


O horário predileto da zoeira é o chamado happy hour, que nesse caso de feliz passa a não ter muita coisa. Em baixo do meu prédio o som de um certo candidato a deputado estadual estava tão alto e irritante que seria capaz de despertar a revolta de um defunto surdo e isso oito andares acima da rua! E sabe o que é pior no jingle da política? Ele gruda na memória musical como fosse uma gosma pegajosa: quando você vê a coisa tá lá te incomodando e voltando, voltando, repetindo... Ainda fica reverberando por dentro muito tempo depois do barulho ir embora.


Uma vez fiquei preso num engarrafamento com um destes carros de propaganda da deputada... Não digo o nome por, sei lá, preguiça? Enfim um carro tocava o jingle a toda altura, sim, ninguém tinha para onde correr e o DJ sabia disso. Sabe o que aconteceu? Nunca mais esqueci a “música”... “E todo mundo grita Rá-ré-rí-ró-Rô...” Vocês também devem conhecer o resto, faz tempo, mas lembro até hoje! Não sei se isso só acontece com quem estudou música e tem o ouvido mais sensível, sei lá.


Então, se levarmos em consideração o nosso mundo interior, a poluição sonora ganha dimensão de pesadelo, passa pro subjetivo. É como uma idéia fixa, diferente de um barulho qualquer, uma sirene de ambulância, por exemplo, não tem letra e melodia, não invade sua memória e sai fazendo estragos como um vírus de computador. A pessoa que resolve interferir no universo dessa maneira tem que saber o dano que está causando. Simplesmente não votar num candidato que está pouco se lixando pro seu bem estar não é resposta que chegue, deveria haver alguma outra forma de punição. Mas se nem com o Ibama eles se importam, quanto mais com a gente...

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