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terça-feira, 14 de agosto de 2012

O DITADOR NÃO DECOLA, MAS NEM POR ISSO É RUIM.


O filme O Ditador, lançado recentemente por Sasha Baron Cohen deu dois ou três passos atrás na carreira do comediante britânico que escandalizou uma parte do mundo e conquistou a outra com seus personagens Borat, repórter do Kazaquistão e Bruno. O esquema do roteiro dessa nova investida é muito parecido com seu primeiro filme que trazia o personagem “gangsta” Ali G como carro chefe das situações cômicas. O problema é que, como todo bom filme, comédia é uma questão de ter uma boa história, senão ficam aquelas piadas perdidas no meio dos clichês. Sasha é um judeu que adora fazer piada com sua cultura e as confusões do oriente médio, o problema é que isso nem sempre é tão engraçado assim para o resto do mundo que vive distante dessa realidade.



O melhor momento de O Ditador na verdade não tem graça nenhuma, é o do discurso final, quando a metralhadora do humorista se volta contra a hipocrisia histórica dos norte-americanos. Sasha dá-se ao direito de emprestar uma sacada de seu conterrâneo Charles Chaplin e dizer algumas verdades aos seus anfitriões e verdadeiros ditadores mundiais das últimas décadas. O curioso e que mais incomoda é que dá a sensação de que o mesmo discurso poderia ter sido feito para as “lideranças políticas” do nosso triste Brasil varonil. Segue o trecho:

“Por que vocês americanos são tão contra os ditadores? Imaginem que beleza se a América fosse uma ditadura! Um por cento do povo concentraria toda a riqueza da nação. Ajudariam os seus amigos ricos diminuindo os impostos e pagando suas dívidas de jogo. Ignorariam as necessidades de saúde e educação dos pobres. Sua mídia pareceria livre, mas seria controlada por uma pessoa e a família dela. Grampeariam telefones e torturariam prisioneiros estrangeiros. Adulterariam as eleições. Mentiriam sobre o motivo das guerras. Encheriam as prisões com uma raça específica e ninguém reclamaria. Usariam a mídia para assustar o povo apoiando políticas contra os interesses dele. Sei que é difícil para vocês americanos, imaginarem, mas, por favor, tentem...”

Para contrabalancear quero recomendar dois filmes muito bons, aquelas verdadeiras surpresas que a gente fica esperando que os amigos venham indicar: o primeiro é um filme de 2010, chamado “The First Grader”. Conta a história baseada em fatos reais de um senhorzinho de 84 anos no Quênia que resolve se alfabetizar. Filmásso! Se você trabalha com educação deixe uns lencinhos separados. O outro é o “E Aí Comeu? Baseado na peça de Marcelo Rubens Paiva e que conseguiu me convencer que o ator Marcos Palmeira é algo mais do que um funcionário da Globo. Não espere uma grande história como o anterior, é apenas diversão para quem quer se desligar por uma hora e pouco do mundo.   

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