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quinta-feira, 30 de setembro de 2010
DEBATES DA CULTURA: OLHANDO PRO PRÓPRIO RABO
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quarta-feira, 29 de setembro de 2010
DEU NA COLUNA DO ANCELMO GOES
terça-feira, 28 de setembro de 2010
REMINISCÊNCIAS E CONSIDERAÇÕES CULTURAIS
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
DICAS DE COMPORTAMENTO PARA OTÁRIOS
terça-feira, 21 de setembro de 2010
TODO MUNDO DIZ QUE GOSTA DE MÚSICA
Estou para “dar um pulo” em Belo Horizonte, cidade que visitei em algumas ocasiões sui generis da vida: campeonato de paraquedismo no cucuruto de um bairro chamado Carlos Prates, show do Kiss no Mineirão (1983), aliás, a única vez que entrei em um grande estádio de futebol. Acabei lembrando de um amigo daquelas terras, um pouco também por causa de meu texto passado. Como estarei viajando nos próximos dias, vou adiantar a crônica de domingo, se bem que estou numa fase escrivinhatória daquelas, não duvidem se mais vier antes disso:
Frederico foi meu professor de harmonia, sim, o tão detestado estudo da “gramática” musical. Tocar um instrumento pressupõe diversão, em outras línguas o termo é equivalente a brincar ou jogar, a maioria dos estudantes detesta encarar a fundo a teoria do som. O cara do texto passado me disse sem o menor escrúpulo que fora pesquisar na internet sobre livros de harmonia, talvez tenha pensado que eu também não fizesse idéia de que catzo fosse. E eu que uma vez comecei a traduzir o tratado de Rameau? Parei por falta de tempo e porque o Bohumil Med disse que tinha que ser direto do original em francês senão pagava royalties, que nem a Petrobrás...
Meu professor de harmonia, o Frederico, era um cara totalmente diferente do restante da humanidade que eu conhecia: tinha uns trinta anos, só que postura de cento e cinquenta e atitude de nove para certas coisas do mundo. Deu pra entender? Tem muita gente assim. Usava óculos e uma sonora barba, fazia o estilo intelectual do século dezenove. Até na hora de rir ele era professoral, parecia um Papai Noel: hou, hou, hou! Às vezes eu falava sobre música popular e me admirava porque ele afirmava não conhecer absolutamente nada.
- Mestre, você nunca foi a uma discoteca? Não teve adolescência não? - Cofiando a barba e sorrindo como um velho sábio retrucava com uma pontinha de orgulho:
- Minha adolescência eu passei debruçado sobre as sinfonias de Beethoven. - Gostava de contar da vez, quando tinha dez anos, em que conheceu o maestro Guerra Peixe e sapecou pra cima deste: - Beethoven foi o maior sinfonista de todos os tempos! - Depois explicava que esse compositor hoje tão esquecido fora educado e lhe falara das sinfonias de Mahler, Brahms, Bruckner, entre outros. Beethoven era imenso, mas não era o único. Nos anos futuros a paixão de meu mestre na música seria Edgard Varése, não por acaso, o mais inescrutável entre os incompreensíveis.
Frederico morria de rir com os termos que eu usava em meus escritos, ditos escrotos, uma vez teimou comigo que o termo “patropi” não existia e queria saber se era um neologismo que eu tinha inventado. Falava sério... Ora, a palavra não constava mesmo do Aurélio e o mestre não se sentia nem um pouco obrigado a conhecer Jorge Ben e muito menos Wilson Simonal.
Uma vez era sábado a tarde e estávamos estudando na sala, se não me engano, a partitura de Ein Heldenleben de Strauss e rolava lá no morro Jesus de Nazaré uma puta batucada, funk, pagode, algo assim bem “popular”. Sem conseguir me concentrar, lá pelas tantas falei que “aquela música” estava enchendo o saco e imediatamente fui repreendido pelo professor:
- Não, não, não diga isso... - Pensei que ele fosse começar um dos seus discursos sobre a importância da diversidade cultural e a liberdade das manifestações populares que influenciaram a criação dos grandes gênios e a definição da estética no raio que os parta. Daí perguntei:
- Não o quê mestre?
- Não chama isso de música não maluco!
domingo, 19 de setembro de 2010
"OXIGÊNIO" - A GENEALOGIA DOS BABACAS
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
PAUL RECEBE O CANTO EM TODOS OS CANTOS
Dentro da programação do Coral ArcelorMittal Tubarão no FIC estão previstas três participações individuais:
· 24 de setembro: Teatro Municipal de Sabará, 20horas
25 de setembro: Feira de Alimentação Tom Jobim, a tarde.
· 26 de setembro: Basílica de Lourdes, 10:30 da manhã.
No próximo domingo tem mais uma edição do projeto Canto em Todos os Cantos que estreou com sucesso na Igreja do Rosário no último dia 12 de setembro (foto acima). Desta vez o concerto do Coral ArcelorMittal Tubarão segue para a Paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus em Paul, Vila Velha. A apresentação será dia 19 de setembro (domingo que vem) e terá início antes da celebração, às 18 horas e 30 minutos com entrada franca.
O repertório vai do sacro ao popular com peças de Schubert, Smetana e até sambas e congos numa roupagem muito característica que o público poucas vezes tem a oportunidade de escutar. Um dos atrativos dessa apresentação é que os templos religiosos são acusticamente apropriados para as apresentações corais que, por sinal, tiveram início no seio da própria igreja. O canto nestes templos tem uma reverberação muito especial e grandiosa inimitável e, portanto, imperdível.
Em outubro o projeto Canto em Todos os Cantos, segue para o município de Serra onde já tem agendados dois concertos do Coral ArcelorMittal Tubarão. Segue a programação:
· 17 de outubro: Projeto “Canto em Todos os Cantos” na Igreja São Francisco de Assis, Laranjeiras, Serra. 20 horas.
· 24 de outubro: Projeto “Canto em Todos os Cantos” na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, na Serra. 20 horas.
terça-feira, 14 de setembro de 2010
DUAS ESTRÉIAS IMPERDÍVEIS!
Felizmente, desde a recente ploriferação dos incentivos culturais as encenações do gênero são cada vez mais frequentes na cidade. Tivemos A Viúva Alegre no ano passado e um pouco antes La Serva Padrona, não lembro bem quando, sei que fui ver e adorei. O público certamente também vai se deliciar, serão três representações com ingressos a preços mais que populares, clique no banner abaixo para ler as informações:
Faz pouto tempo vimos com tristeza a demolição do Teatro Edith Bulhões, também conhecido como SCAV. Houve protestos e reclamações da classe mas não teve jeito, hoje no local restam apenas os escombros do passado. Minha sugestão positiva é, como na arte, imitarmos a vida e aceitarmos sua transitoriedade, afinal todos vamos partir um dia. Precisamos lembrar de cuidar com carinho das coisas novas que surgem para que vinguem e que nos tragam o futuro que nossa cultura merece.
A atual versão desta tragédia de Sófocles foi feita por Alvarito Mendes Filho e Renato Saudino, - também diretor da peça - tendo por base a tradução inglesa de Sir. Richard Jebb e algumas adaptações e/ou traduções brasileiras e portuguesas. A peça ÉDIPO REI estreia na próxima sexta-feira, às 20 horas, na Av Brasil, 215, Jardim América, Cariacica. Próximo ao estádio da Desportiva. Os ingressos custam R$20,00 (inteira) e R$10,00 (meia e antecipado). Segue abaixo a foto do elenco:
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
QUERIA TER ACEITADO AS PESSOAS COMO ELAS SÃO...
Todo mundo reclama do mau atendimento em Vitória, isso é coisa tão antiga que já virou característica de nossa cultura como a panela de barro e a moqueca. Bons funcionários custam caro, com os impostos até os maus custam, e os empresários não querem ou preferem não investir nesses detalhes. Um dia desses vi um grupo de pessoas no Facebook falando mal do Cinemark, cujo atendimento já até valeu post inteiro na Lektra: para evitar aborrecimentos como filas e defeitos constantes raramente vou lá, apesar de adorar cinema e este ser o mais próximo de minha casa.
Minha referência de bom atendimento era São Paulo capital, sempre que ia lá ficava impressionado com o nível cultural dos atendentes, a polidez, a presteza, tudo muito bacana e diferente daqui. Passei a acalentar o sonho de um dia ver Vitória chegar naquele padrão de excelência e para minha decepção, na última vez em que estive na “terra da garoa” pude constatar que é bem mais comum importar deficiência do que exportar qualidade. Depois de tantos textos sobre essa característica capixaba (Zé da Pizza, O caso das bisnagas etc.) tenho uma nova história pra contar aos amigos...
Ontem apresentei a colação de grau de uma turma que dei aula no semestre passado, os formandos em Biblioteconomia 2006/1. No final da cerimônia estava previsto a aluna Ester cantar a música Epitáfio e ela me pediu para a acompanhar, levei meu violão e mais algumas tralhas na manga porque sei que na maioria dos lugares não têm extensão, cabos e outros equipamentos lógicos de se ter já que o evento estava acontecendo no “Teatro” da UFES. Chegando lá foi batata, procurei o pessoal do som do teatro e no palco encontrei um rapaz, literalmente, olhando pro teto.
- Ôpa amigo, tudo beleza? Você cuida do som aqui do teatro? – Sem retribuir minha saudação ele confirmou me olhando de menesgueio: era como se eu fosse mais um pentelho dos que teimam em aborrecer sua gloriosa existência. Daí emendei: - Eu trouxe um violão para usar e queria... – Ele nem me deixou terminar a frase.
- Você trouxe cabo? – Claro que eu trouxera, mas a maneira como ele falou me deixou grilado. Não conhecia o cara, nem me lembro de ter elogiado sua mãe. Tava sendo grosseiro por causa de quê? Além do mais havia uma espécie de expectativa baixo astral em sua fala, me deu a impressão, que agora é certeza, de que se eu não tivesse levado o cabo de alguma maneira isso ia lhe ter feito um bem danado.
Enquanto escrevo toca o celular, tive que parar, era da Vivo oferecendo cartão de crédito. Cara: detesto quando me ligam sem eu saber quem é me chamando de seu Djalma. Tem vezes que esqueço meu nome de batismo e quase não respondo por pirraça ou preguiça. Falei que não queria cartão coisa nenhuma e o cara desembestou a argumentar que nem uma metralhadora – se é que isso argumenta -, o jeito foi bater o telefone na cara do infeliz. Lembrei que no início da conversa ele falou que a ligação estava sendo gravada... Não sei pra quê.
Aliás, não tinha saído uma Lei que proibia esse negócio de telemarketing? É como essa coisa das propagandas políticas e a poluição sonora: não tinha sido proibido? Parece que as Leis só pegam quando visam restringir nossa liberdade auto-destrutiva ou encarecer e dificultar a vida, como esta última da cadeirinha para crianças que custa uma nota... Deste susto eu não morro, mas voltando ao Teatro da UFES:
Mostrei o cabo pro rapaz do som e ele, sem se mexer de onde estava, apontou para uma caixa lá na parede da coxia com umas trinta entradas.
- Não tem mais perto do palco não? Meu cabo não vai chegar tão longe.
- Não. – Pensei em perguntar então se no Teatro não teria um cabo maior pra emprestar, mas do jeito que a coisa ia achei melhor fiquei quieto.
- Então em qual entrada eu ligo?
- 20 e 21.
- Tem certeza? Meu cabo é banana e não estou vendo nenhuma entrada assim ali. – Estava escuro na coxia, o simpático repetiu entre os dentes o que já dissera e foi saindo de perto antes que eu, o que seria lógico, pedisse para ele me ajudar.
Fui olhar a caixa de perto e achei as entradas, pluguei minha viola na 21 e me preparei para a apresentação que foi um sucesso, mas não graças à equipe do Teatro colocada à disposição dos formandos. Sabe qual é o detalhe? O aluguel daquele espaço não é barato e, sim, aquela má vontade toda era remunerada capitão! O que, aliás, não pode fazer diferença, porque no final das contas todo serviço é remunerado. A gratidão mesmo é uma forma de pagamento que me apraz, assim como costumo retribuir grosserias com textos pela Internet. Além de ser divertido dá um resultado...
Bom, vou parar de novo porque agora apareceu um rapaz do IBGE, hoje pareço estar condenado a dar atenção às pessoas que não conheço. Fico mal humorado como o cara do teatro, a diferença é que não estou prestando serviço, nem pedi que me procurassem. Encontro na portaria um garoto usando um grande colete azul empunhando um breguéti eletrônico da mesma cor, que quando me viu disparou à queima roupa: - O Senhor se considera pardo ou branco? - Pensei em responder que me considerava amarelo, mas para quê estragar meu happy hour?