Páginas

terça-feira, 19 de abril de 2011

CORAL ARCELORMITTAL PARTICIPA DO STABAT MATER


Algumas datas importantes neste ano de 2011 marcam vinte e cinco anos da trajetória musical do Coral ArcelorMittal Tubarão, o início dos ensaios, a primeira apresentação, são marcos históricos que precisam ser comemorados. Foi no dia 05 de março de 1986 que o grupo se reuniu pela primeira vez para ensaiar em espaço cedido pela então Escola de Música do Espírito Santo e no dia 11 de junho do mesmo ano realizava sua primeira apresentação em um evento interno de sua patrocinadora.

O Coral ArcelorMittal Tubarão surgiu naquela onda gerencial chamada de “qualidade total”, que era novidade nos anos oitenta. Começou com o milagre econômico japonês que saiu de uma nação arrasada no pós-guerra para ser uma das maiores economias do mundo.  No sistema de qualidade total palavras como integração do grupo e competitividade começaram a ser casadas e uma das formas de se buscar “harmonia” em um grupo de pessoas é fazer com que “interajam”, se conheçam melhor, derrubem as barreiras do estranhamento. Essa socialização, dentro de grandes empresas, tornou-se um desafio...

... Até que muitas delas descobriram que a solução era: cantar!

 
Hoje a noite – dia 19 de abril de 2011, 19:30, ou após a missa – a Orquestra Filarmônica do Espírito Santo – OFES vai apresentar na Catedral metropolitana o Stabat Mater, uma obra sacra do compositor italiano Gioachino Rossini (1792-1868). Autor de 39 óperas - entre elas O Barbeiro de Sevilha e La Cenerentola ou Cinderela – Rossini era admirado até por Beethoven e deixou uma obra vasta que incluiu obras sacras, música de câmara e peças para diversos instrumentos. Sua capacidade de compor melodias inesquecíveis lhe valeria o apelido de “Mozart Italiano”.

O Stabat Mater de Rossini é uma obra para Orquestra Sinfônica, Coro e Solistas. Participam desta representação a Orquestra Filarmônica do Espírito Santo, regida pelo maestro – agora convidado – Modesto Flávio, o Coral ArcelorMittal Tubarão – regente Adolfo Alves, o Coro da Faculdade de Música do Espírito Santo – regente Sanny Souza e terá como solistas as sopranos Natércia Lopes e Meire Norma, o tenor Giovanni Tristacci e o barítono Alessandro Santana.

Rossini levou dez anos para completar seu Stabat Mater (composto entre 1831 e 1841) que teria grande sucesso em sua estréia em 1842 no Teatro Italiano em Paris. O Stabat Mater é um hino à Maria do século XXIII e fala do sofrimento da virgem durante a crucificação de Jesus. Foi musicado por diversos compositores ao longo da história, Dvorak, Scarlati, Palestrina, Schubert, são apenas alguns destes. A apresentação faz parte da temporada de concertos da Orquestra Filarmônica do Espírito Santo e dá um início muito musical a essa semana de Páscoa e de meditação pela paz no mundo.

NÃO PERCA
OFES apresenta o Stabat Mater de Rossini
Dia: 19/04/2011
Horário: 19:30, após a celebração do dia.
Local Catedral Metropolitana de Vitória
Cidade Alta Centro
ENTRADA FRANCA

domingo, 17 de abril de 2011

CRÔNICA DE DOMINGO


Vínhamos atravessando a rua, era de noite, naquele pedaço movimentado onde agora tem um novo Habib’s. quando estávamos quase do outro lado um Santanão veio acelerando em nossa direção. Apressamos o passo, mas não corremos, o carro passou raspando e o motorista latiu ou relinchou em nossa direção: “aqui não tem faixa não!”

Ele não estava se justificando por querer nos atropelar, a intenção era dar uma lição de trânsito e civilidade. Muita gente anda pelo mundo com essas boas intenções. Falam, muito alterados que se a pessoa não teve educação em casa vai ter na rua. Por educação eles entendem isso: violência gratuita, ministrada aos berros pela rua. Educação e agressão viram a mesma coisa.

Tudo bem que naquele pedaço idiota de rua, tão próximo de onde a pobre Araceli foi morta, não tem faixa de pedestres, mas será que só por isso ficou instituido o atropelamento? Ou, ainda que não tenha nos atropelado e que esse não fosse a intenção, qual a mensagem aquele motorista queria passar? Será que por estarmos teoricamente “errados” isso dá direito de uma pessoa nos jogar o carro e soltar os bichos em cima de quem nem se conhece?

Essa é a nossa educação. Essa é a civilização que construímos para as gerações futuras. Um mundo competitivo, que valoriza as regras e não as pessoas. No mundo não existem demônios, há apenas aqueles que os dão ouvidos, os fracos de espírito.

Numa hora dessas em que somos confrontados com a violência gratuita e não reagimos, a não ser com perplexidade, uma vozinha começa a buzinar por dentro da cabeça: "você devia ter sentado o pé no carro daquele babaca!" Confesso que realmente ouvi essa sugestão bizarra, como um pensamento meu, porque me sentia realmente aviltado por dentro.

Um fraco de espírito daria ouvido àquela vozinha, existem inúmeras destas que se divertem em semear confusão, e dor, e violência. Já vi pessoas rindo perante o sofrimento alheio, abrem o jornal na página policial e ficam comentando e rindo. Para isso aprenderam a ler? Outro dia achei um trecho de Salomão que me lembrou essa ocasião:

“dos que deixam as veredas da retidão, para andarem pelos caminhos das trevas; que se alegram de fazer o mal, folgam com a perversidade dos maus, seguem veredas tortuosas e se desviam de seus caminhos;”                           Provérbios 2, 13-15.


A educação não começa em casa, começa no coração. O que será que há de bom dentro dele? Do meu, do seu e do resto do mundo?

terça-feira, 12 de abril de 2011

ENQUETE QUE CIRCULA PELA INTERNET

Enquete: 
Quanto tempo você acha que a "boate" Playman “Striptease total” vai levar para adotar o novo slogan "Você gosta, a gente mostra" da TV Gazeta?
 

sábado, 9 de abril de 2011

NOSSO ADEUS A JOSÉ OSVALDO BERGI


Faleceu na manhã de hoje (09/04/2011) o advogado tributarista José Osvaldo Bergi, vítima de um câncer contra o qual lutava fazia algum tempo. Incentivador da cultura e das causas humanitárias, Doutor Bergi, como era conhecido, foi, entre outras coisas, sócio fundador da Bergi Advocacia, membro do Conselho Estadual de Recursos Fiscais do Estado do Espírito Santo (1973/76), do CRC-ES (1972/75 e 2004/07), do Grupo Executivo para Recuperação Econômica do Estado do Espírito Santo - GERES (1983/86), do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente - CONCAV (2008/10).

Bergi foi especialmente fundador e Presidente do Instituto João XXIII, uma organização sem fins econômicos que desde 1999 promove diversos projetos sócio/culturais e agora esportivos contemplando as regiões de Itararé, Consolação e bairros adjacentes, na capital do Espírito Santo. O trabalho do instituto começou com um pequeno coral, vingou e cresceu na pequena sede de Itararé, até inaugurar no final do ano passado um verdadeiro centro cultural, no bairro de Consolação.

O legado de José Osvaldo Bergi vai continuar através do trabalho realizado pelo Instituto João XXIII, mas, sobretudo e muito especialmente, na profunda mudança positiva que conferiu à vida de inúmeras crianças até então sem a menor possibilidade de complementar seus estudos com uma introdução às artes. Aquelas crianças, muitas hoje saindo da adolescência, têm hoje um futuro muito melhor, têm uma escolha que antes não tinham e que muitas ainda não têm.

Que a vida de José Osvaldo Bergi, sua dedicação ao próximo, seu altruísmo, sirva de modelo, de exemplo e de inspiração para outras pessoas de bem de nossa sociedade, que não se contentam em apreciar a vida confortável que o sucesso profissional proporcionou, mas procuram uma maneira de retribuir a boa fortuna que Deus lhes deu. Se todos os grandes advogados, empresários e políticos fizessem um terço do que o Bergi fez, viveríamos em um mundo muito melhor, talvez aquele mundo fraterno que todos sonhamos em viver.

O sepultamento acontecerá hoje (09/04/2011) no cemitério Jardim da Paz em Laranjeiras, às 16:30. Vamos prestar a nossa última homenagem a esse amigo sincero, esse íntegro e valoroso integrante da comunidade capixaba.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

MASSACRES DE MONTREAL E REALENGO: TRISTES SEMELHANÇAS

Logo que me deparei com a notícia dessa tragédia em Realengo lembrei de um filme muito contundente que vi no ano passado. O nome é “Polytechnique” do cineasta canadense Denis Villeneuve, o mesmo que concorreu esse ano ao Oscar de melhor filme estrangeiro com a obra “Incêndios”. A tendência da mídia tem sido comparar a tragédia do Rio com casos similares nos Estados Unidos, porém, o triste episódio que ficaria conhecido como “O Massacre de Montreal”, tem uma mórbida semelhança com o de Realengo: a misoginia.

A misoginia é um movimento de aversão ao feminino e dez das doze vítimas de Realengo eram meninas, o que dificilmente pode se tratar de uma coincidência. Talvez porque esse é um momento de não se falar besteiras, a grande mídia até agora não mencionou o assunto, não que eu visse. Já o caso de Montreal foi tratado pela imprensa internacional como “Gendercide” ou um assassinato em massa selecionado a partir do gênero sexual. Apesar de ter feito duas ou mais vítimas do sexo masculino é bem provável que o assassino de Realengo tivesse motivações misóginas. As histórias são, infelizmente, muito semelhantes:

“Em 6 de dezembro de 1989, Marc Lepine, de 25 anos de idade, invadiu a Escola Politécnica de Montreal, atirou em 28 pessoas e depois cometeu suicídio. O incidente resultou na morte de 14 mulheres. Em sua carta, Marc justificou motivos políticos e culpou as feministas por arruinarem sua vida. Grupos femininos caracterizaram o ataque como anti-feminista, outros dizem que Marc foi vítima de abuso infantil e o ataque foi apenas ato de um homem enlouquecido, sem uma razão social. Outros culpam a violência na mídia e o aumento da pobreza no país.”
Retirado do site Oi Toronto.

Villeneuve é um cineasta que parece ter predileção por estórias contundentes, a trama de “Incêndios” poderia facilmente ter ido parar num programa pastelão/sensacionalista como o do Ratinho, embora enquanto narrativa esteja mais próximo da tragédia grega de um Sófocles e não descambe em nenhum momento para o piegas. O problema é que acontecimentos tão incrivelmente cruéis são muito difíceis de racionalizar, não tem explicação, parece humor negro de alguma divindade furiosa.

Seguem algumas curiosidades sobre o filme Polytecnique feitas por Bianca e Fred e retiradas do site Legendas TV:

- Uma das condições impostas pelas famílias para a realização do filme foi o nome do autor da chacina não ser mencionado em momento algum, disseram que não tolerariam qualquer tipo de publicidade a seu favor.

- Foi filmado em preto e branco, a fim de evitar a presença de sangue na tela.

- Polytecnique foi exibido aos familiares das vítimas, antes de ser comercialmente distribuído. O filme foi lançado com suas bênçãos.

- O diretor Dennis Villeneuve é sobrinho do falecido piloto de Formula 1, Gilles Villeneuve e, na época do Massacre de Montreal, foi enviado para cobrir o evento pelo jornal de Quebec onde ainda era estagiário de jornalismo.

- O filme teve financiamento de diversas entidades de direitos humanos e ONGs feministas do Canadá, para que o massacre fosse lembrado no seu aniversário de 20 anos.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

FILOSOFIA PARA UMA TARDE CHUVOSA

Enquanto isso estamos nós por aqui a ver navios, elaborando textos e cuidadosamente os embutindo em pequenas garrafas que naquela língua, hoje cada vez menos estranha, convencionaram chamar de blog. Depois lançamos nossas impressões, pequenos traços do que acreditamos ser e eles saem flutuando mansamente pelos mares cibernéticos.

Dizem que com toda essa tecnologia de hoje o planeta Terra ficou pequeno, a Via Láctea numa “casaca” de noz. Enquanto a navegação pela Internet é vasta, incomensurável, dela “nem dez ladrão dá conta”. O universo ao alcance dos dedos: nada é mais falso, nada é mais verdadeiro.

De vez em quando alguns navegantes encontram aquelas mensagens lançadas, marujos de naus à deriva, passageiros que temporariamente fazem baldeação na estação dos sonhos. Alguns lêem, poucos comentam alguma coisa e todos seguimos nosso rumo certo, ora incerto....

Eu sei que moro em uma ilha, mas não é só por isso que por alguns momentos - longos e semibreves - me sinto ilhado, megabytes por segundo, gigabytes ululantes. Muito mais do que ser estacionário de uma situação, me sinto a beira desse gigantesco oceano...

... E suspeito que ele mesmo: não existe.

Somos o que somos, mas tem gente que diz que não somos o que pensamos ser, que sempre nos enganamos e construímos uma realidade falcatrua à nossa volta. Porém, quando uma pessoa morre, dependendo das circunstâncias, é comum ouvir dizer: “essa pessoa procurou o fim que teve”.

Foi e não foi assim. É e não é. E se é, não deveria ser. Não desse jeito, não dessa maneira.

Onde foi que ouvi aquela expressão: “no mundo matam pela paz”? Que é uma variante da de Rita Lee: “pra pedir silêncio eu berro”. Eu não sei. São os paradoxos. Eu admito que não sei. Não sei nem o que perguntar e isso talvez seja até mais difícil do que encontrar respostas. Cartola dizia: o mundo é um moinho. E por isso Don Quixote sentou-lhe a lança! Não naquele que disse, mas no que pensava ser...

O mundo, a realidade, esmaga e tritura os sonhos; para outros é puro labirinto.

Procuramos o fim que teremos, mas, segundo dizem, os meios é que são mais importantes. Então, confesso que não entendo mais nada. Quero formular o meu momento “só sei que nada sei”, mesmo com o Google, apesar da Internet... E de nossa melancólica filosofia para uma tarde chuvosa.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

MOMENTO DE SANSÃO – SAMSON FEELINGS



"Saber que entraremos pelo cano satisfaz"
Gilberto Gil - Punk da Periferia

Tenho em mim uma certa herança “geração hippie”, tropicália, anos setenta, que de vez em quando me faz sentir vontade de deixar a barba crescer, esquecer de escovar os dentes ou não ter mais vontade de cortar os cabelos. Um dos problemas é que os anos passam e os cabelos começam a ir pros lados, muito mais do que pra cima.

Protelei o meu “momento de Sansão” o mais que pude, no fundo me divertia com a expressão curiosa de algumas pessoas que discretamente pareciam dizer para si “o Juca precisa cortar esse cabelo”. Mas como ninguém falou diretamente nada - guardaram a crítica, a estética, engoliram o sapo - segui no meu passo calveludo.

Esses cuidados com o que é aparente me são muito desinteressantes: comprar roupas, sapatos e outros apetrechos é coisa também que me aborrece. Mas como cortar o cabelo sem ir ao - hoje praticamente extinto - “barbeiro”, ou ao cabeleireiro? Denominação, por sinal, escrota. Mesmo porque, muita gente engole esse primeiro “i”, eu mesmo levei um tempão para assimilar oficialmente a sua existência. 

Desde o fim da adolescência que parei de me importar com quem ia cortar meu cabelo, coisa que era antes meio crucial numa certa idéia de “visual” ou construção de personagem. Portanto, como a pessoa que o vai cortar geralmente o faz pela primeira vez, é natural perguntar: “como o senhor vai querer o corte?” Como disse: é uma pergunta legítima, mas não sei por que ela me incomoda. Então respondi com outra pergunta:

- Qual é a sugestão da casa? – Dando voltas à minha volta, colocando um pano azul sobre meu corpo ela respondeu o que já era óbvio... Para ela.

- O senhor corta social? – Quase respondi: - qualquer coisa menos “de serviço” - mas continuei na implicância:

- Não sendo “social” querida, tem mais o quê? – Ela respondeu de bate pronto, já empunhando tesouras:

- Tem corte de surfista! – O engraçado é que em salão de beleza a mulherada se mete em tudo quanto é conversa, uma do lado logo emendou mal (contrário de bem) criada: - É, tem de moicano também. – A fim de apaziguar os ânimos resolvi optar pelo social mesmo, aliás, tudo pelo social.

Resolvida a questão principal, a moça pegou um tufão de cabelo em minha cabeça e constatou o óbvio ululante do porque de eu estar ali: - Seu cabelo tá grande hein moço? – Sorri sem dizer nada, aliás, dizer o quê? Daí ela emendou: - É como o outro diz - citando “o outro” - cabeleireiro tem que comer também!