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sexta-feira, 22 de junho de 2012

NOSSAS PERDAS E AS SUAS MEMÓRIAS

Soube hoje do falecimento de Alaor Moreira, pai do ícone heavy Fabio “Boi”, mas também do Leandro “Led” e da Gisele. Escrevi pro Fabio dizendo que nessas horas de perda parece que qualquer coisa que a gente diga é besteira ou lugar comum. É difícil demais. Estendo meus sentimentos também às sobrinhas de seu Alaor: as irmãs Ingrid e Mitze e Nenete e Geanine.

Num curioso sentido musical, há exatamente um ano também nos deixou o Marcão Lima, esta grande figura que foi responsável, junto com a Vera, por nos legar os irmãos Amaro, Gabi e Alexandre. O primeiro postou no Facebook uma foto muito engraçada da gente em alguma fuzarca dos anos oitenta. Amaro é o pequeno que olha para mim e eu o cara de lixeira na cabeça.

 
O “Day after”, 23 de junho, é triste pra minha família também. Porque Maria Nilce Magalhães, não tivera sido assassinada do jeito que foi, estaria completando 71 anos. Aí você fala: caramba Juca, mas só isso? Ela ainda seria considerada uma pessoa jovem pelos atuais padrões da sociedade. Pois é. Enquanto muitos de seus assassinos estão por aí fazendo hora extra Maria saiu de cena bem antes do que se esperava.

Da Esquerda para direita: Marideia Bitti, Stela Pavan, Maria Nilce, Maria Glayd e Vania Sarlo.
Na quarta passada houve um “debate-papo” na Biblioteca Estadual com o escritor, gramático e lingüista José Augusto Carvalho. O mediador foi o também escritor e membro da Academia Espírito-Santense de Letras Marcos Tavares. Quem não foi perdeu uma brilhante aula de português, essa língua danada que muitas vezes julgamos conhecer o suficiente. A platéia, como geralmente é na Biblioteca, se resumia a algumas das mais tradicionais cabeças pensantes capixabas, todos divertidos e humildemente propondo suas questões.

Nessa noite na Biblioteca finalmente encontrei o amigo Elpídio Ferreira, um dos poucos fãs confessos de Maria Nilce que conheci após sua morte. Elpídio ainda guarda alguns livros autografados da colunista que abalou a ilha de Vitória até o final dos anos oitenta e até um bilhete manuscrito no cartão da antiga loja Artes Del Peru.

O escritor Marcos Tavares, Epídio Ferreira e Juca Magalhães
Para encerrar o assunto: no próximo dia 10 de julho terá início o julgamento dos dois últimos acusados no crime que vitimou Maria Nilce em 05 de julho de 1989. É uma boa ocasião para manifestarmos nossa indignação contra a prática do crime de mando que ainda existe no Espírito Santo, ou a violência contra a mulher, a supressão à liberdade de imprensa et cetera. Nomeie você uma razão, nesse caso são muitas e eu fico contra todas. Agradecemos já de antemão todo apoio. E que a justiça seja feita.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

CRÔNICA DE DOMINGO - RADICAIS LIVRES


Uma das minhas máximas prediletas vem do escritor Gore Vidal: “Nunca perca uma oportunidade de fazer sexo e aparecer na televisão”. Infelizmente por esses dias, pela primeira vez, descobri na pele porque é que toda regra tem exceção...

Não sei por que a gente desenvolve certas implicâncias e antipatias como é essa que eu tenho com o cantor Roberto Carlos, pintou no início da adolescência e perdura até hoje. - A implicância e não a adolescência - Não gosto da voz, da cara de Mané bem sucedido, do fato dele ter defendido a censura na época da ditadura enquanto cantava Amada Amante, os lençóis da cama e os botões da blusa... E qualquer um que conhece um pouquinho de Rock Brasil sabe que a maioria dos adeptos meio-radicais, mezzo-calabreza pensa como eu.

Rolavam os preparativos para o lançamento do livro Rockrise – A História de Uma Cheração que Fumou Bagulho no Espírito Santo, do Zé Roberto, quando toca o telefone. Era uma produtora do Alive 2, quero dizer, de um TeleJornal que passa na hora do almoço perguntando se eu poderia participar de uma matéria sobre o lançamento e que haveria uma homenagem a Roberto Carlos. (?) Sim, eu também não entendi nada. Não fazia a menor idéia que estávamos no dia do aniversário do “Rei” e, por ser Dia do Índio também, resolveram configurar, digamos assim, um programa silvícola completo.

A moça falava empolgada sobre a idéia, explicava que o imitador oficial do Rei já estava sei-lá-onde para a festa – ou seja: eu estava sendo convidado para substituir um cover do cara, o que soava pior ainda. Comecei a escorregar do jeito mais educado que consegui, disse que já tinha compromisso no horário, mas a moça continuou insistindo: argumentou que Alexandre Lima participaria, tinha topado se vestir de branco (olha que legal!) e até indicado a mim e ao Fabio Boi também (!)

Nada contra meu grande amigo Alexandre vestido de branco, de rosa bebê ou até de Carmem Miranda, eu é que na ia pagar o mico! Parecia coisa do Balanço Geral. (Falando nisso, depois Alexandre me contou que a parada ia acontecer na Praça Costa Pereira e acabou rolando no Shopping Vitória por causa da chuva) Pra encurtar, resolvi abrir o jogo: falei que não gostava de Roberto Carlos e não conhecia nada dele. Nunca que ia rolar de eu ficar “dando uma de que” e ainda por cima homenagear! Nem se fosse rolar muita grana debaixo dos caracóis dos meus pentelhos!

Antes de desligar desanimada com minha desfeita teimosa, a moça pediu e eu indiquei a participação de outro amigo, o Marcelo Ribeiro, músico bem mais competente, antenado e eclético do que eu. Dei um último conselho como fora o Zé Bunitinho: Garota, você pode até ligar para o Fabio (Boi), mas eu vou logo te avisando de que com ele o buraco é mais embaixo. De madrugada, gravando entrevista na sede da Gazeta contei a história para o Zé Roberto que falou incrédulo: “Eu hein Juca? Isso só pode ser pegadinha”.

Na hora do almoço lembrei da reportagem – embora preferisse esquecer – e corri pra Tv. Lá estavam Alexandre Lima e Marcelo Ribeiro “homenageando” o Rei, ambos com aquela expressão solidária de “tô na roubada, mas tô com diniguidade”. A produção organizou uma fila de “populares” para soltar a voz nas canções do Roberto; acaba que não achei ruim, só ficou tosco e engraçado, especialmente pra mim que tinha conseguido driblar o mico. Peguei o celular e mandei um torpedo pro “Dagoberto”.

– Ah lá Zé! Liga a Tv agora pra ver a tua pegadinha no ar...