A Letra Elektrônica tem dois anos e meio no ar, aqui já se escreveu sobre muita coisa, mas principalmente cotidiano e cultura, sempre com um viés crítico e humorístico. Curiosamente nunca havia abordado assuntos espirituais e afins. Não costumo criticar religião, porque não me sinto competente para dizer o que, ou qual, seria o melhor para cada um. Fiquei surpreso com a receptividade que recebeu o convite a uma palestra sobre o Livro de Mirdad do libanês Mikhail Naymi, vejo surgir o interesse espiritual de lugares inesperados e de pessoas em busca de um caminho.
Toda vez que leio os clássicos esotéricos ou converso com pessoas experientes na chamada “senda Espiritual” escuto verdades e máximas que não são tão fáceis assim de se colocar em prática. Comparo as sutilezas do auto-conhecimento com as aulas de piano, a busca do toque é cheia de detalhes e percalços: forte, meio-forte, piano, pianíssimo! Toca com o braço, solte o braço, use o pulso, use o peso do corpo inteiro! Meu professor Josué Louzada - que Deus o tenha - repetia sempre as mesmas coisas e eu respondia respondão: “Eu já sei”. E ele, sorridente dizia: “Então por que não faz?”
Acontece o mesmo com o caminho espiritual, a certa altura descobrimos que já sabemos o que temos que saber, só não sabemos como o fazer. Já lemos mais de cem livros, reviramos sebos e livrarias atrás de raridades, obras em inglês, espanhol, sabemos tudo, já lemos e ouvimos de tudo e esse tudo é quase sempre a mesma coisa, mas essa coisa nos escapa como um quadro na parede de um museu: ele está ali pendurado, você já o viu trocentas vezes: e daí?
Outro dia, meio por acaso, esbarrei numa reportagem da Revista Trip sobre o guru Brasileiro, Sri Prem Baba. Seu Ashram, ou retiro espiritual, fica perto de Atibaia em São Paulo, até coloquei o link do seu site aqui nos favoritos da Lektra. Curioso, fui assistir uma de suas palestras - ou Satsang – gravada em vídeo. Foi a mesma velha sensação: estava lá aquele senhor barbudo e sorridente falando intimamente daquelas coisas que tanto já conheço muito bem de vista. Parece que estão dormindo com minha amada antes dela me conhecer, me senti um maior abandonado (saravá Cazuza).
Mas o que me chamou a atenção na entrevista da Trip - feita por Arthur Veríssimo - foi o diálogo que segue:
O planeta está passando por uma grande transformação, parece que está à deriva. Vemos as mudanças climáticas, o aquecimento global, terremotos, vulcões em erupção. Onde iremos parar?
É uma boa pergunta. De fato, esta é a maior mudança da história deste planeta. Sinto que aqueles que estão sintonizados, podendo receber os novos códigos geométricos de luz que estão sendo instalados, vão ficar muito bem. Mas muitos vão ter que se mudar, vão ter que mudar de planeta.
Desencarnar?
Sim.
Temos que preparar o nosso coração pra essa grande mudança?
O que podemos fazer é aprender a lidar com as consequências da mudança. Mas, mudar mesmo, não dá mais tempo.
...
Sentiram o drama, né? Quem aí souber aonde adquirir esses “novos códigos geométricos de luz” pra instalar me mande um email. Pensando bem, do jeito que Vitória é, a Kalyuga – era da destruição – vai detonar tudo por aqui e esses códigos a gente não vai achar nem em camelô pra vender...