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domingo, 13 de julho de 2008

PROMOÇÃO DE DIA DOS NAMORADOS (REPRISE)



Dia dos namorados é dose... Engarrafamento em tudo quanto é lugar, lojas caóticas com vendedores não menos (sistemas fora do ar), indecisão na hora de comprar uma coisa legal e os restaurantes lotados, mas não é que teve um que foi exceção...

Ali na antiga Ilha de Santa Maria, perto do Edifício Paulo VI, lugar que hoje é chamado de Enseada do Suá e que é na prática já faz parte da Praia do Canto, tem uma Pizzaria chamada “Zé da Pizza”, ou algo assim, pois muito bem:

Saímos (eu ranheta e ela determinada, como é de praxe) pra cumprir o tradicional ritual do (obrigatório?) “jantar romântico do dia dos namorados” (embora nunca tenhamos precisado muito de ocasião para comer uma pizza)... Aliás, o dia de São Valentim é em fevereiro. No Brasil é que se comemora o dia dos namorados em junho, única e exclusivamente por questões comerciais, portanto, nem um pouco românticas.

Um de nossos amigos tinha indicado o tal “Zé da Pizza”, dizendo que a massa lá era muito boa, acima da média da nossa cidade, não tão pródiga e famosa pelas pizzarias... E olha que tem é descendente de italiano por aqui...

A única coisa que esse nosso amigo falou de ruim do restaurante é que lá não aceita a entrada de crianças, coisa que ele achou antipático, o que pra gente não era problema, casal sem filhos, é até melhor que o clima romântico (e a tranquilidade) fica mais garantido.

Logo na entrada passamos rápido por um cartazinho de papel A4 colado na porta de vidro que dizia algo sobre uma “PROMOÇÃO DE DIA DOS NAMORADOS” cujo consumo mínimo deveria ser de cinqüenta reais. Bom, sair pra jantar num dia especial tem desses inconvenientes e, afinal, cada tem direito de um pedir o que quiser pelo serviço que oferece... Quem achar o preço justo que pague.

Diferente de todos os outros lugares da cidade, lá dentro não tinha ninguém, cheguei a pensar que a pizzaria não estivesse funcionando. Mas logo fomos abordados por um senhor de barba grisalha, que, aliás, me lembrou Bebeto Guimarães e que nos abordou sem muitos rodeis da seguinte maneira:

- O cartaz lá fora ficou claro pra vocês? – Ficamos sem graça com aquela investida quase truculenta, daí respondi:

- Ficou sim. O consumo mínimo é de cinqüenta reais né? - Dificilmente gastamos mais de quarenta em outras pizzarias da cidade, mas, enfim, era dia de se fazer um sacrifício: tudo em nome do amor...

- Não, não... – Fui interrompido por ele e por ela – O consumo mínimo de cinqüenta reais é por pessoa. Minha namorada já tinha entendido o esquema e eu ali dando de trouxa retruquei...

- Caramba amigo... Cem reais é um bocado de pizza hein?

- Ah! não, mas tem que tomar um vinhozinho também... – Ele já queria nos ditar o que beber, enfim, dar um jeito de gastar os tais cem contos. Só de vingança retruquei:

- Nós não bebemos não amigo... - no meu caso, eu entorno, mas não comumente e a patroa não gosta, o que não é da conta de ninguém, muito menos de um completo desconhecido que estava sendo deselegante conosco, afinal, sua abordagem dava a entender que nós não tínhamos condição - ou claramente intenção - de gastar cem reais numa noitada.

Obviamente resolvemos ir embora dali mesmo... Muito mais pela atitude do sujeito, espanador de clientes, do que por conta dos tais cem reaizinhos, daí entendi porque é que a casa estava vazia. Coisa de doido. Será que ele queria espantar a freguesia pra poder sair com a namorada? Hahahaha! Vai ver...

Conseguimos a última mesa vaga na “nossa” velha (e ótima) pizzaria Napolitana e jantamos muito bem. Lá tinha promoção de dia dos namorados também, eram umas velinhas enfeitadas em cima da mesa. Nem me lembro quanto gastamos. Que diferença isso faz? Aliás, lembrei agora daquela música do velho compositor Zé Coisado “Quem nasce Zé não morre Johnny”. E me arrependi de, antes de ir embora, não ter dito praquele barbudo pizzaiolo da capitalistolândia:

- Rapaz... Você é um “Zé” mesmo hein?

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