Macunaíma - 1969. Existem frases que falo de brincadeira faz tanto tempo que até esqueci que as tirei desse filme, só me dei conta após o rever recentemente. A atuação de Grande Otelo é de justificar o prenome, o mesmo vale para o resto do elenco, sobretudo Paulo José. A bagunça total impera – coisa tão comum ao povo brasileiro – e faz desse filme uma pérola da maluquice tropicalista. Pode até nem ser considerado comédia por alguns, mas para mim estará sempre no topo da lista.
Tempos Modernos – Modern Times. 1936. Talvez seja a comédia mais importante de todos os tempos. Charles Chaplin no auge de seus poderes criativos compõe uma obra prima do humor com direito a corrosivas críticas sociais e sua peculiar expressividade. Obrigatório para qualquer pessoa que se interesse por cinema, aliás, todos do Chaplin são...
A Dança dos Vampiros – The Fearless Vampire Killers. 1967. Uma das poucas investidas de Roman Polansky no gênero da comédia, estrelada pelo impagável Jack MacGowran, pelo próprio diretor ainda bem jovem e com participação de sua belíssima esposa Sharon Tate, que seria assassinada pelo maluco James Mason. Uma grande brincadeira com o universo dos filmes de terror, com direito à provocações homofóbicas e muito humor negro. A fotografia é belíssima e a trilha sonora de um mau gosto hilariante. É um clássico do gênero. Sempre me perguntei que fim teria levado o velho Professor Abrosius do filme e descobri que ele morreria poucos anos depois durante as filmagens de O Exorcista, esse sim um dos mais emblemáticos clássicos do Terror no cinema.
Primavera Para Hitler - The Producers. 1969. Oscar de melhor roteiro para Mel Brooks, num enredo plausível e por isso mesmo hilariante, ajudado por atuações impagáveis de Gene Wilder e Zero Mostel. É uma história que eu queria esquecer para ter o prazer de ver outra vez. Talvez algumas citações não soem tão engraçadas hoje para quem não sabe do que se está falando, como na referência ao movimento “Flower Power” e à banda The Doors, mas o resultado final é imperdível.
Tudo Que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo Mas Tinha Medo de Perguntar - Everything You Always Wanted to Know About Sex (But Were Afraid to Ask). 1972. O título mesmo é já uma piada, mas nesse filme vamos encontrar Woody Allen no auge criativo e anárquico de sua fase humorística, vários quadros trazem uma sucessão de situações absurdas de fetiche sexual, da impotência e muito mais. Sua safra dos anos setenta é toda muito boa, mas esse filme e “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” - que é, por sinal, muito mais celebrado - são obrigatórios.
Monty Python em Busca do Cálice Sagrado – Monty Phyton and The Holly Grail - 1975. Nonsense do início ao fim num filme do grupo humorístico mais popular da Inglaterra. Não dá nem para descrever a quantidade de situações bizarras, cavaleiros cavalgando sem cavalos, diálogos excêntricos e plena gozação da vetusta história da Inglaterra. É uma obra prima da anarquia, uma orgia de alegria.
Apertem os Cintos o Piloto Sumiu – Airplane! 1980. Foi a primeira ou segunda comédia parodiando diretamente filmes que vi, coisa que se tornaria padrão ao longo dos tempos. Nos anos setenta eram comuns as grandes produções de cinema catástrofe na aviação, a chamada série Aeroporto. Nessa comédia aparece Leslie Nielsen e outros canastrões que posariam futuramente de comediantes. Fica muito mais engraçado quando se conhece o que eles estão fazendo brincadeira, mas de qualquer maneira as situações bizarras são de tirar qualquer um do sério.
Os Fantasmas Se Divertem – Betlejuice. 1988. Tim Burton ainda não tinha adotado Johnny Depp quando fez esse filme que traz um elenco fantástico com destaque para Winona Ryder ainda adolescente toda garotinha dark que era moda na época. A boa surpresa do filme é o fantasma do título "Betlejuice" (numa tradução rasteira seria algo como "suco de besouro") interpretado de maneira hilariante por Michael Keaton que rouba todas as cenas em que aparece. A má surpresa para mim é que nem todos gostaram dessa película,quando de seu lançamento dando luz a frases do tipo: “os fantasmas se divertem muito mais do que a gente”. Eu o acho imperdível.
Os Visitantes – Les Visiteurs. 1993. Nem sei por onde começar. É uma história tão inusitada, criativa e engraçada que fica até difícil descrever com palavras. Acreditem ou não mas esse é um filme francês sem Gerad Depardieu, nesse temos o impagável Christian Clavier em uma interpretação de dois papéis diferentes tão bem elaborados que em certos momentos não dá pra dizer que se trata do mesmo ator, aliás, tem muito coleguinha brasileiro estrelando novela da Globo atualmente que precisava beber dessa água. O contraste entre os costumes dos cidadãos brutos da idade média e dos atuais é o elemento chave para inúmeras situações engraçadas.
O Quinto Elemento. The Fith Element. 1997. Não sei se a intenção do diretor Luc Besson era realmente fazer comédia, afinal os efeitos especiais da abertura são de fazer inveja a qualquer George Lucas. Ao longo da história plenamente amalucada são revelados alguns personagens caricatos, inclusive Bruce Willis numa impagável auto-paródia de seus heróis do passado. Quem rouba a cena é o comediante Chris Tucker interpretando um radialista amalucadamente escandaloso como fosse um protótipo do que se conhece como "bicha louca". O personagem de Willis é Dallas Corben, pra variar, é um militar invencível aposentado que dirige um taxi e acaba salvando o mundo. O clima de esculhambação fica explícito quando um dos atores o chama de "Sr. Willis" e ele, fazendo seu sorriso sarcástico número dois corrige: Dallas. Se até isso passou na edição final, imagine o resto...
Medo e Delírio – Fear And Loathing in Las Vegas. 1998. A história se baseia em um livro do jornalista Hunter S. Thompson, também conhecido como Dr Gonzo, uma figura de proporções mitológicas na América dos anos setenta. Se o adjetivo “porra louca realmente assumido mesmo" pode ser usado para designar uma pessoa, esse seria o cara. As interpretações de Johnny Depp e Benício Del Toro - totalmente irreconhecíveis - são de matar de rir, os personagens abusam de todo o tipo de drogas o tempo todo e a criatividade cinematográfica do diretor Terry Gilliam proporciona o acabamento adequado. Veja, morra de rir e acorde de ressaca. Thompson morreu faz pouco tempo (2005) e um de seus desejos póstumos era espalhar suas cinzas usando um pequeno foguete, como faltou grana o ator Johnny Depp bancou a homenagem.
Quero Ser John Malkovich – Being John Malkovich. 1999. Foi quando caiu a ficha do mundo para o talento do roteirista Charlie Kaufman que faria o insondável e genial Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças. Os diálogos são pérolas do nonsense, provocando o riso pelo estranhamento, coisa rara e não tão fácil de se conseguir. O elenco é estelar e quase sempre irreconhecível, vide a bela Cameron Diaz que passa o filme inteiro completamente desgrenhada e meio pateta. Outra coisa que faz esse filme ser tão especial são os detalhes inusitados do roteiro, aquele improvável andar sete e meio onde todos andam curvados, simplesmente ridículo. Reparem como Malkovich altera a própria voz quando possuído como se realmente se transformasse em outra pessoa. É uma fábula soturna sobre marionetes e a possibilidade de manipular pessoas. É comédia sim, ma non troppo, é preciso, antes de mais nada, entender o espírito da coisa.
Terça Insana. 2004. Logo na abertura o mestre de cerimônias avisa que estava ligado o "ventilador de alegria". Não vi os outros DVDs do grupo, mas acho muito difícil alguma coisa na área de comédia suplantar o que se vê aqui. São quadros gozadíssimos com um grupo de comediantes que acabariam se consolidando no telão e na telinha, comandados pela nariguda Grace Gianoukas, especialmente o impagável Luís Miranda hoje ator de cinema sério em filmes como Meu Nome Não é Johnny e Jean Charles. Os personagens se sucedem vertiginosamente: Betina Botox, o protótipo da "bichinha", Seu Merda, Irmã Selma, enfim: é de rachar o bico.
Borat – O Segundo Melhor Repórter do Glorioso Cazaquistão Viaja À América. Borat: Cultural Learnings of America for Make Benefit Glorious Nation of Kazakhstan. 2006. É filme no melhor estilo ame ou odeie. O ator Sacha Baron Cohen aparece em pegadinhas infames muito bem elaboradas expondo situações ridículas do americano típico, seu preconceito, suas babaquices. Tive que parar várias vezes o filme no DVD para limpar os olhos com medo de perder minhas lentes de contato de tanto que chorei de rir ao ver Borat pela primeira vez. Sacha é a melhor surpresa do humor nos últimos tempos.