Um dia desses ouvi um roqueiro
moderno dizendo que a alma do rock hoje está no hip-hop e que por isso tem
colaborado em gravações de artistas do gênero e participado de suas apresentações.
Dizer onde é que foi parar a verdadeira energia do rock é uma tarefa complicada,
porém, embora não seja mainstream no Brasil a música eletrônica, funk, rap,
hip-hop, sei-lá-mais-o-quê – não me pergunte como são divididas e diferenciadas
– estão dominando a cena e isso é muito perceptível nos filmes para adolescentes
gringos mais recentes ou nas compilações de vídeos e tutoriais do youtube.
O Project X – Uma Festa
Fora de Controle, foi lançado em março, mas não lembro de tê-lo visto em cartaz
na Grande Vitória. É aquela mesma e velha história de meninos doidos pra ganhar
popularidade no high-school, transar e zoar com o carrão do papai; não
necessariamente nessa ordem. Quem tem mais de quarenta já viu esse filme umas
trocentas vezes, mas não no grau de esculhambação dessa produção. Eu dizia em
um post anterior que a juventude de hoje me parece mais comportada, porém, possuem
meios de comunicação e divulgação de suas baladinhas que nenhuma das gerações
passadas tiveram. Conseguem transformar uma zorra caseira em algo monumental
ou, como diz o título da película (película?), totalmente fora de controle. Mas
a música black eletrônica domina desde o início. Os meninos vão entrando na
casa do aniversariante ouvindo uma canção que diz assim:
- Hey! We want
some pussy!
Não me peçam pra
traduzir, porque a Letra Elektrônica, apesar de ser “esculhambation pride”,
segue uma linha editorial antiquada que ainda mantém o costume de verter Shit! (correção de Machadinho),
por Droga! Quando finalmente rola a festa dos meninos maluquinhos não há de se
ouvir nem uma vezinha só o ronco das guitarras distorcidas. E é aí que
debruçamos no passado. Em 1986 foi lançado um filme que até fez algum sucesso
com o Matthew Broderick no papel de Ferris Bueller e se chamava Curtindo a Vida
Adoidado. A festa fora de controle é como um upgrade desse último, a ponto de
seus atores - no caso do atual um rapaz chamado, acreditem ou não, Thomas Mann (de camiseta branca);
e no de 1986 um ator chamado Alan Ruck (de boné ridículo) - serem muito parecidos, tanto fisicamente
quanto no papel de meninos tímidos que acabam envolvidos em altas encrencas por
um amigo despachado, egoísta e sem noção.
Quase trinta anos separam os dois filmes, mas a semelhança física entre seus atores é incontestável. Freud explica? Eu não... |
Depois de assistir ao
Uma Festa Fora de Controle, por sinal detonado ao extremo pelos críticos do
site Rotten Tomatos e pela crítica em geral, caímos na real do quanto a música popular
mudou, aquele “faça você mesmo” nada tem a ver com bandas de meninos enfurecidos
e sim com roupas coloridas, pick-ups e DJs. O auge do Curtindo A Vida Adoidado
era uma cena de dança ao som de Twist and Shout, que faria corar de vergonha
qualquer adolescente dos dias atuais, pelo menos da gringolândia. Eu gostei do
Project X, de suas piadas engurizadas e das gatinhas peladas dançando aquela
música elektrônica que não sei como definir: mas é um filme para a Geração Y. A
constatação final é que Hollywood não muda o que está rendendo grana, nós é que
mudamos de papel, porque é preciso adequar a calvície à passagem dos anos. Eu “teria
idade” para interpretar o pai dos meninos maluquinhos e se isso acontecesse: Ah!,
mas eu ia encher muito a cabeça deles de cróque!
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