A violência é
tão fascinante
E nossas
vidas são tão normais (...)
Todo mundo
sabe e ninguém quer mais saber
Afinal, amar
ao próximo é tão démodé.
Legião Urbana
- Baader-Meinhof Blues
Um quebra pau de
proporções grotescas chamou a atenção da mídia local nessa semana. Dois
professores de uma academia de ginástica em Jardim da Penha partiram para o personal fighting no meio da rua. O indivíduo mais velho, um cara de 41 anos
de idade, acabou esfaqueado e está em estado grave no hospital. Relatando o
barraco, o jornalista de A Tribuna (pag. 20 em 25/04/2004), talvez na onda de sacar
um sinônimo, comentou que “a família do jovem
(o esfaqueado) está muito abalada”. Guarda isso...
Quando eu era pequeno,
mamãe sempre dizia que brigar era uma coisa muito feia – porque criança adora
brigar - embora ela mesma fosse uma pessoa adepta de monumentais confusões; de
vez em quando a véia pegava o pau de macarrão e saía correndo pela rua atrás de
alguém. Depois, quando cobrada da diferença entre palavras e atitudes, dizia
soberana: “Façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço”. Aquela “geração
Chacrinha” tinha dessas coisas.
Brigas e ódios mortais
não são coisas bacanas, mas fazem a alegria da galera chegada num barraco e acidente
de carro com vítimas fatais. A violência é tendência, é “up to date”, mas é também antiga como o tempo. Mesmo no livro
sagrado dos cristãos tem várias histórias de guerra e assassinatos. O que seria
da literatura, do cinema e tudo o mais se não fosse a luta de algo bom contra
algo ruim? Eu particularmente nunca gostei de novela (exceto Estúpido Cuspido),
nem curti ódiozinho mortal por alguém e olha que algumas pessoas gostam de
mexer com quem tá quieto.
Lá na adolescência
tinha um sujeito que me odiava apaixonadamente, não vou dizer que era um
inimigo, eu nem sabia quem era o cara até descobrir de sua fixação em minha
pessoa. Durante um tempo me perguntei o que deveria fazer, considerei até a
hipótese de dar uns bofetes na anta pra não estimular a tara, mas fui
dissuadido. Perigava o efeito ser contrário, aquela coisa do bate e apaixona. Por
falar nisso, já tem gente maldosa especulando no Facebook que foi algo assim
que aconteceu entre os dois marmanjos vacinados da academia Coisa Fitness.
Pois não é que outro
dia numa festa encontrei a tal figura que não gostava de mim? E o infeliz,
depois de uns trinta anos, não me olhou meio atravessado outra vez? Que perigo
meus amigos... Eu já tinha entornado uns birináites e estava rolando roquenrou,
situação que faz a gente esquecer as décadas. Porém, novamente, deixei pra lá,
fiz que não era comigo. Agora, pensando melhor, talvez fosse uma boa ter
partido pra cima (no mau sentido) do valentão. Quem sabe os jornais não se
refeririam à minha vetusta pessoa como um jovem também?