Vocês vão pensar que eu tô ficando doidão, mas uma das maiores diversões que tenho ultimamente é ler o Gazetaonline, muito por conta dos comentários hilários do povão. Ainda que a maioria fique na onda do preconceito e de dar lição de moral, tem até alguma coisa sensata sendo dita ali. O foco dos debates mais acalorados ultimamente tem permeado as problemáticas do trânsito na grande Vitória, seja pela Lei seca, pela indústria da multa (radares eletrônicos), ou por simples acidentes banais que geram toda uma série de comentários inflamados de correligionários da oposição tentando queimar o filme da administração responsável pela situação.
Mas comecei a falar desses comentários porque escrevi um texto semanas atrás, sobre esse movimento careta e repressor de nossa sociedade que sempre quer vender o peixe da segurança da coletividade restringindo a nossa liberdade e um amigo escreveu lembrando que eu não tinha falado das abomináveis bisnaguinhas (Sachet? O trem quando é ruim até o nome é complicado) de ketchup, maionese e mostarda nas lanchonetes e pizzarias... E essa é uma coisa que me deixou fulo da vida durante um bom tempo, depois, como todo o resto, tive mesmo que aceitar.
O Agatê – nem vem dizer que o nome do meu amigo é esquisito não, pior é Zé Bob, Didú e Dódi - me falou do Kapo’s, mas eu freqüentava mais o Dionicão, que na época ficava ali onde já há uns dez, quinze anos, está o Macdonalds. Quantas vezes não paramos ali com amigos, voltando do cinema no centro da cidade pra lanchar antes de ir pra casa dormir? Eu pedia um gigantesco Bradenburger e, na larica, ainda achava pouco. Comíamos sentados no carro mesmo, ouvindo rádio e batendo papo. Os sandubas eram fartos e o ketchup e a maionese também.
Como costuma acontecer, esse negócio da pavorosa bisnaguinha surgiu com o discurso de que é mais higiênico e seguro pro consumidor. Os responsáveis pela vigilância sanitária, ou algo que o valha, começaram a investigar os estabelecimentos comerciais depois de alguns casos de intoxicação por maionese caseira e outras coisas piores. A pá de cal veio quando surgiram denúncias de que tinha gente se masturbando e jogando o resultado de sua sacanagem dentro dos tubos de ketchup, maionese, etc.
Reportagens na época davam conta de que testes teriam comprovado a contaminação desses tubos por esperma, coliformes fecais, asa de barata, pelo de rato, língua de lagartixa, uma lista tenebrosa que parecia receita de macumba do caldeirão da Madame Min, ou então banquete de filme do Zé do Caixão. Como resultado, passamos a ter que ficar passando raiva pra comer usando aquela bisnaguinha idiota que quando empemba nem o capeta abre, daí você fica puto e resolve rasgar a parada no dente, o que também acaba não sendo nada higiênico!
Mas colegas, pensemos bem: e se essa coisa toda for apenas invenção dos fabricantes dessas bisnaguinhas que, macomunados com os agentes públicos, simplesmente resolveram impor novas regras de consumo pra faturar nas costas dos comerciantes? Seria como dizer que inventaram a AIDS pra vender preservativos? Um exagero talvez. Mas outro dia recebi um email afirmando que os bafômetros usados pela Polícia teriam custado mais de R$6.000,00 cada e que na internet o mesmo equipamento era vendido por menos de duzentos dólares americanos.
Muitas outras decisões tomadas em prol de uma suposta, invisível e presumível coletividade me parecem assim: elas tiram o prazer que temos das coisas simples da vida. Não quero, obviamente, afirmar com isso que dirigir bebum seja um prazer, pra mim é realmente uma dificuldade (hehehehe). O problema é que vamos nos adaptando aos novos tempos, reclamando, mas aceitando. O meu medo é acabar um dia vivendo como naqueles filmes futuristas, nos alimentando de pílulas desidratadas ao invés de comida de verdade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário