O pai de um amigo meu era um cara muito ranzinza e reclamão, sentava para conversar com as visitas perto da televisão e o tempo inteiro ficava esculachando tudo o que passava dizendo: eu odeio isso, eu odeio aquilo. Uma vez tava ele lá falando mal de uma cantora aparecida, quando falei: pôxa seu Fudilson, qual é então a cantora que o senhor gosta? A pergunta pareceu o surpreender.
- Ora... Eu gosto de várias cantoras... – Parando pra pensar: - Eu gosto da Fafá de Belém... – não conseguindo lembrar de mais nenhuma retomou seu hobby predileto - Agora a Elba Ramalho eu odeio! A Amelinha eu odeio! O Sidney Magal eu odeio!... E seguiu por aí odiando. Tecnicamente falando o Magal não seria uma cantora, mas achei melhor não contrariar.
A pergunta que não quer calar é: por que é que as pessoas são assim? Eu sei lá. A crítica é certamente uma forma de auto-afirmação, quem detona parece mais poderoso, reafirma suas crenças. As pessoas ditas “de opinião” são respeitadas e até mais facilmente ouvidas em nossa sociedade do que as conciliadoras. Vai ver essa coisa faça parte de nossa própria natureza, basta lembrar que o homem descobriu o fogo através do atrito e que crescemos através da perturbação da ordem. Você acha que não? Então explique a frase: quem não chora não mama?
A crítica sempre vem em primeiro lugar, à coisa de uma semana atrás o governo lançou o projeto do “Cais das Artes”, que propõe finalmente a construção de um Teatro decente para nossa cidade, com mais uma série de equipamentos culturais embutidos: museu, biblioteca, sei-lá-mais-o-quê. Li a notícia no Gazeta Online e não consegui evitar a tentação de postar um comentário lembrando a nossa defasagem em espaços para apresentações, afinal o Theatro Carlos Gomes é obra de 1927 (!). E nem venha me falar daquele auditório da UFES que muitos teimam em classificar como teatro.
Então enquanto eu filosofava sobre a importância desse espaço numa cidade de mais de um milhão de habitantes – falo da Grande Vitória – os demais críticos de plantão aproveitavam para reclamar dos alagamentos (deveriam escrever para São Pedro, ora) e da poluição com pó de minério, da qual eu já nem me lembrava. Este último comentário, aliás, postado por um amigo, fazia brincadeira com o fato do Cais ser branco e dizia da futura dificuldade de mantê-lo limpinho às custas do dinheiro público, visto o mesmo estar na rota do pó (digo de minério).
Mas “é que se agora pra fazer sucesso, pra vender disco de protesto, todo mundo tem que reclamar”, resolvi unir forças à uma campanha diferente: “Só quero saber do que pode dar certo!” Mesmo porque, na semana passada tive outro bom motivo para isso. Fui assistir à estréia do espetáculo “La Serva Padrona”, um intermezzo cômico de Pergolesi comandado pela soprano Katya Oliveira tendo como par o barítono João Marcos Charpinel. Aliás, não tem nada a ver, mas essa coisa de “serva patroa” pega hein? Basta recordar o sucesso da peça “Por Favor Matem Minha Empregada”.
O que muda tudo é a música como fio condutor de uma pequena ópera cômica, com acompanhamento de dois músicos profissionais, mas também pelos meninos: Denise Justino (Vilino II), Júlio Cezar (Viola) e Josué Dias nascimento (Violoncelo) segurando a onda o tempo inteiro, eu fiquei de queixo caído. Completa esse time o violinista Eliézer Batista Isidoro e tecladista Regina Nava, com quem até estudei um pouco de piano em priscas eras.
La Serva Padrona é uma ópera leve, cantada em português - o que facilita em muito a compreensão da trama – perfeita para aqueles que nunca assistiram nada do gênero por medo de boiar e morrer de tédio. É, pelo contrário, muito divertida, simplesmente imperdível. O elenco é completado pelo ator Daniel Boone, um careteiro de primeira, foragido de algum circo, sua presença confere um toque cômico inigualável à peça.
Uma obra de arte é boa mesmo quando confere a impressão de te tornar mais inteligente, mais culto e esse espetáculo é uma dessas raras ocasiões. Faz o seguinte: pega seus filhos ou as pessoas de seu relacionamento que você acha bacana entreter e leva pra assistir essa ópera. Ainda tem mais quatro apresentações, sempre com entrada franca. Uma é hoje (2 de dezembro) no auditório do Marista, às seis e meia da noite. Depois, dia sete no Teatro de Viana – cinco da tarde; Cachoeiro e Rio Novo do Sul. Não percam!
- Ora... Eu gosto de várias cantoras... – Parando pra pensar: - Eu gosto da Fafá de Belém... – não conseguindo lembrar de mais nenhuma retomou seu hobby predileto - Agora a Elba Ramalho eu odeio! A Amelinha eu odeio! O Sidney Magal eu odeio!... E seguiu por aí odiando. Tecnicamente falando o Magal não seria uma cantora, mas achei melhor não contrariar.
A pergunta que não quer calar é: por que é que as pessoas são assim? Eu sei lá. A crítica é certamente uma forma de auto-afirmação, quem detona parece mais poderoso, reafirma suas crenças. As pessoas ditas “de opinião” são respeitadas e até mais facilmente ouvidas em nossa sociedade do que as conciliadoras. Vai ver essa coisa faça parte de nossa própria natureza, basta lembrar que o homem descobriu o fogo através do atrito e que crescemos através da perturbação da ordem. Você acha que não? Então explique a frase: quem não chora não mama?
A crítica sempre vem em primeiro lugar, à coisa de uma semana atrás o governo lançou o projeto do “Cais das Artes”, que propõe finalmente a construção de um Teatro decente para nossa cidade, com mais uma série de equipamentos culturais embutidos: museu, biblioteca, sei-lá-mais-o-quê. Li a notícia no Gazeta Online e não consegui evitar a tentação de postar um comentário lembrando a nossa defasagem em espaços para apresentações, afinal o Theatro Carlos Gomes é obra de 1927 (!). E nem venha me falar daquele auditório da UFES que muitos teimam em classificar como teatro.
Então enquanto eu filosofava sobre a importância desse espaço numa cidade de mais de um milhão de habitantes – falo da Grande Vitória – os demais críticos de plantão aproveitavam para reclamar dos alagamentos (deveriam escrever para São Pedro, ora) e da poluição com pó de minério, da qual eu já nem me lembrava. Este último comentário, aliás, postado por um amigo, fazia brincadeira com o fato do Cais ser branco e dizia da futura dificuldade de mantê-lo limpinho às custas do dinheiro público, visto o mesmo estar na rota do pó (digo de minério).
Mas “é que se agora pra fazer sucesso, pra vender disco de protesto, todo mundo tem que reclamar”, resolvi unir forças à uma campanha diferente: “Só quero saber do que pode dar certo!” Mesmo porque, na semana passada tive outro bom motivo para isso. Fui assistir à estréia do espetáculo “La Serva Padrona”, um intermezzo cômico de Pergolesi comandado pela soprano Katya Oliveira tendo como par o barítono João Marcos Charpinel. Aliás, não tem nada a ver, mas essa coisa de “serva patroa” pega hein? Basta recordar o sucesso da peça “Por Favor Matem Minha Empregada”.
O que muda tudo é a música como fio condutor de uma pequena ópera cômica, com acompanhamento de dois músicos profissionais, mas também pelos meninos: Denise Justino (Vilino II), Júlio Cezar (Viola) e Josué Dias nascimento (Violoncelo) segurando a onda o tempo inteiro, eu fiquei de queixo caído. Completa esse time o violinista Eliézer Batista Isidoro e tecladista Regina Nava, com quem até estudei um pouco de piano em priscas eras.
La Serva Padrona é uma ópera leve, cantada em português - o que facilita em muito a compreensão da trama – perfeita para aqueles que nunca assistiram nada do gênero por medo de boiar e morrer de tédio. É, pelo contrário, muito divertida, simplesmente imperdível. O elenco é completado pelo ator Daniel Boone, um careteiro de primeira, foragido de algum circo, sua presença confere um toque cômico inigualável à peça.
Uma obra de arte é boa mesmo quando confere a impressão de te tornar mais inteligente, mais culto e esse espetáculo é uma dessas raras ocasiões. Faz o seguinte: pega seus filhos ou as pessoas de seu relacionamento que você acha bacana entreter e leva pra assistir essa ópera. Ainda tem mais quatro apresentações, sempre com entrada franca. Uma é hoje (2 de dezembro) no auditório do Marista, às seis e meia da noite. Depois, dia sete no Teatro de Viana – cinco da tarde; Cachoeiro e Rio Novo do Sul. Não percam!
2 comentários:
CERTO , O NOME É MEIO ESTRANHO PORÉM VEM EMBOA HORA E ATÉ QUE NÃO SERIA MÁ IDÉIA FAZER UM ANCORADOUROEU PODERIA TOMAR TODAS E VOLTAR DE CAIQUE PARA A VILA VELHANÃO TERIA BLITZ NEM ENGARRAFAMENTOS NEM POLUIÇÃO ENFIM,UMA BOA SERIA NAVEGAR NAS ONDAS DO MAR DEPOIS DE CURTIRNO CAIS DAS ARTES SE O CAIAQUE FOR PEQUENO UM BOTE COMMOTOR SERIA MAIS ADEQUADO NÉ UMA GATA E MAIS NADA , JÁEM VILA VELHA JOGAVA A BÓIA LEVANTARIA A CAPOTA E TUDO EM PAZ COMO JÁ DIZIA NO PASSADO , PERDIDOS NO MAR.
Ei Juca. Sempre leio seus comentários, mas este, em particular, eu adorei!!!!! Não fomos à opera, até li no jornal... Mas, o certo é que as pessoas reclamonas são mesmo uma peste avassaladora e com a frase do Titãs então ficou o máximo!!!!! Eu também só quero saber do que pode dar certo!!!! Aliás, o Sanny está ensaiando o Coral daqui do TJ com " Epitáfio" ,estamos adorando .. bjs adri
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